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Banda brasileira diz ter sido expulsa do próprio camarim pelo Cradle of Filth

Episódio aconteceu no último dia 23 de agosto, no Carioca Club, em São Paulo, quando Tellus Terror abriu apresentação de Dani Filth e companhia

Depois que a tecladista e cantora Zoë Marie Federoff e o guitarrista Marek “Ashok” Smerda deixaram o Cradle of Filth no fim de agosto por supostos abusos da gestão, baixos salários e um ambiente “tóxico e ameaçador”, o episódio ganhou repercussão e gerou debates. Agora, outros casos semelhantes estão vindo à tona.

Primeiro, a ex-tecladista Lindsay Schoolcraft chamou o grupo de “antiético” e revelou em pronunciamento que chegou muito perto de perder a própria vida durante o período em que esteve na formação. Já o Tellus Terror, banda brasileira responsável pela abertura do Cradle of Filth no Carioca Club, em São Paulo, no dia 23 de agosto, contou ter sido expulsa do próprio camarim a mando do líder Dani Filth e sua equipe.

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De acordo com texto publicado nas redes sociais (via Roadie Crew), o time do frontman deu a ordem expressa de que os brasileiros retirassem as mochilas e malas do local e saíssem, sem apresentar qualquer justificativa plausível. Devido ao ocorrido, os integrantes do grupo, que utilizam corpse paint no palco, tiveram que improvistar e preparar-se para o show nos banheiros de uso público. 

Diz o relato na íntegra:

“No último sábado, o Tellus Terror teve a honra de dividir o palco com o Cradle of Filth em São Paulo. Antes de qualquer coisa, nosso agradecimento eterno vai em primeiro lugar a vocês, público. Sem vocês, nada faria sentido. Em segundo lugar, nosso obrigado à Sob Controle Produções, que tornou este evento possível.

E em terceiro, nossa gratidão a toda a nossa equipe que está por trás do Tellus Terror: técnico de áudio, iluminador, roadies, drum tech e nosso motorista – todos guerreiros que, junto conosco, acordaram a 1h da manhã para carregar a van às 3h, seguir viagem, descarregar e pré-montar tudo fora do palco.

Nem tudo são flores.  Infelizmente, houve um episódio lamentável. O Cradle of Filth, através de Dani Filth e sua equipe, ordenou que fôssemos expulsos de nosso próprio camarim, sem qualquer motivo.

Isso nos tirou a chance de descansar, nos arrumar e nos preparar adequadamente para o show. Tivemos que improvisar: banho de copinho descartável nos banheiros de uso comum do público, maquiagem feita ali mesmo, vestindo nossos figurinos espalhados pelo chão de banheiros de uso comum, pois não havia o que fazer.

Foi uma atitude de extrema falta de respeito e deselegância por ordem do Cradle of Filth com uma banda pequena e humilde que estava ali apenas para fazer o seu melhor.

Fomos avisados sobre essa ordem do Cradle of Filth pela produção local de forma repentina, nos deixando extremamente tristes mesmo naquele momento. Com a ordem expressa de tirarmos nossas mochilas e malas do camarim às pressas, tipo ratos sendo expulsos de uma cozinha.

Saímos tristes, mas não quebrados. Nada abalou a nossa vontade de subir no palco e entregar tudo de nós ao público. E assim fizemos: cansados, exaustos, sem um minuto de descanso, mas com o coração em chamas, para oferecer um show intenso, verdadeiro e honesto.

Porque no fim das contas, banda ditadora pode até mandar que fiquemos até mesmo na rua, mas não consegue mandar na nossa vontade de fazer o nosso trabalho e show ao público. Nossa eterna gratidão ao público que estava lá presente! Esperamos vê-los de novo em breve.”

Sobre o Tellus Terror

O Tellus Terror está em atividade desde 2012. Formada no Rio de Janeiro, a banda de black metal sinfônico tem dois discos de estúdio lançados até o momento. “DEATHinitive Love AtmosFEAR” (2024) é o mais recente.

Sobre a performance na capital paulista como atração convidada do compromisso do Cradle of Filth, a quem já mencionaram como referência, o repórter Daniel Agapito destacou em cobertura para o site IgorMiranda.com.br:

“Banda de abertura inaugural da noite, a fluminense Tellus Terror assumiu o palco diante de uma pista ainda relativamente vazia, já que muitas pessoas ainda ocupavam os bares nos arredores da casa. Demonstraram logo de cara a influência do Cradle of Filth no visual e som, calcado em um black metal sinfônico com pitadas death.

Mesmo para os padrões do black metal, que não vê grandes bate-cabeças — quem dirá rodas —, o público estava especialmente morno. Isso, contudo, não desmerece o nítido apreço técnico do grupo. Vale destacar a performance vocal de Felipe Borges, que desde a primeira música, ‘Amborella’s Child’, soltou gritos impressionantes, que pareciam vir do fundo da alma.”

Desfalques no Cradle of Filth

Inicialmente, apenas Zoë Marie Federoff havia confirmado sua saída, ainda sem grandes explicações, logo após um show do Cradle of Filth em São Paulo no dia 23 de agosto. No dia do anúncio, 24, a banda se apresentou em Buenos Aires, na Argentina, já com a substituta Kelsey Peters na vaga.

Em seguida, Zoë declarou que o marido, Ashok, também deixaria o grupo ao final da turnê. O guitarrista confirmou a informação e fez críticas à banda. Em seu Instagram, o músico afirmou:

“Queridos fãs e amigos, peço a vocês que, por favor, respeitem minha esposa e eu nesse período de transição. Estou, de fato, deixando o Cradle of Filth no final da turnê atual, e as razões por trás disso são conclusões às quais minha esposa e eu chegamos juntos muito antes desta semana. Nós simplesmente não sentimos que o Cradle pode garantir nosso futuro e, na verdade, o atrapalha. Entre outras razões, é muito trabalho por um pagamento relativamente baixo, o stress é muito alto e não temos sentido há algum tempo que essa banda realmente prioriza/se importa com os membros. Têm sido anos de comportamento não profissional de pessoas acima de nós que levaram à nossa decisão.”

O guitarrista declarou ainda que retirou suas composições do próximo álbum do Cradle of Filth, o que inclui a aguardada colaboração com Ed Sheeran. O músico continua:

“Eu também pedi para que todas as minhas composições sejam removidas dos futuros lançamentos, incluindo a colaboração com Ed Sheeran. Essa música parece uma palhaçada idiota para mim a esta altura, de qualquer forma – primeiro era um single para caridade para crianças, depois um single para lucrar, então sairia no próximo álbum, e agora quem sabe, e eu apenas não quero mais estar envolvido, sem desrespeito a Ed Sheeran.”

Em um primeiro momento, o Cradle of Filth apenas comunicou a saída de Zoë e a entrada de Kelsey em seu lugar. No entanto, após os pronunciamentos do casal onde o contrato dos músicos foi exposto, Dani Filth resolveu antecipar a saída de Ashok — que, ao contrário do informado anteriormente, não terminará a turnê “The Screaming of Americas”.

Em nota, o vocalista aproveitou para se defender das acusações:

“É com pesar que o Cradle of Filth anuncia oficialmente a demissão do guitarrista Marek ‘Ashok’ Smerda da banda, com efeito imediato.

Apesar de todas as tentativas de difamar e inviabilizar ilegalmente a banda, o Cradle of Filth NÃO cancelará nenhum de nossos shows na América do Sul, embora os fãs tenham que suportar o fato de sermos uma banda com apenas um guitarrista [Donny Burbage] ao vivo – isso, é claro, até que o substituto temporário de Ashok chegue para se juntar à turnê em alguns dias.

Agradecemos a compreensão de todos neste terrível caso. Estamos todos em estado de choque com os procedimentos e compartilharemos nossa versão desses infelizes eventos no devido tempo. Por favor, respeitem nossa decisão de nos separar de Ashok agora, e não no final da turnê, e evitem especulações, pois mais esclarecimentos sobre a situação serão fornecidos.

O restante da banda está tranquilo, ainda que surpreso, e as acusações contra o empresariamento, que trabalha muito próximo a mim e à banda, são completamente injustas e infundadas. Paciência é uma virtude e a verdade sempre virá à tona.

Obrigado mais uma vez, companheiros Filthlings, e estamos ansiosos pelo resto da turnê ‘The Screaming of the Américas’ aqui no Uruguai e além. Seu amigo, Dani.”

Depois, em outro longo comunicado, o cantor se defendeu de modo mais elaborado. Clique aqui para ler.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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