Em meio a todo o caos que o Cradle of Filth viveu nos últimos dias, a tecladista Zoë Marie Federoff — que saiu do grupo pouco antes de seu marido, o guitarrista Marek “Ashok” Smerda — divulgou nas redes sociais um contrato que teria sido proposto pelo frontman Dani Filth e os empresários da banda aos músicos contratados. O documento revela as condições de trabalho e até mesmo os valores recebidos em cada show, dia de gravação e atividade relacionado ao grupo.
O casal acusou Dani Filth de pagar salários baixos e criar um clima tóxico dentro da banda. Federoff foi além e apontou como o cantor permite que empresários roubem dinheiro do grupo.
Em meio ao manifesto, publicado no Instagram de Zoë, a íntegra do contrato proposto foi divulgada. Quanto aos valores, o Cradle of Filth remunera seus músicos contratados da seguinte forma:
- 200 libras (cerca de R$ 1,4 mil) por dia de trabalho com a banda (estúdio, show, ensaio ou qualquer outra atividade);
- 150 libras (cerca de R$ 1 mil) por dia de viagem;
- 25 libras (R$ 183) de diária fixa pela exclusividade;
- 1.000 libras (R$ 7,3 mil) anuais por direito de imagem.
Os valores foram convertidos para reais apenas de modo ilustrativo. Os músicos residem em Tucson, cidade nos Estados Unidos onde o salário mínimo é de US$ 15 (11 libras ou R$ 81) por hora. Os custos de vida podem variar conforme o país.
Federoff afirma ter havido apenas um aumento nos últimos 7 anos e que o dinheiro mal cobre o custo de vida do casal. Fora isso, o ambiente tóxico, com ameaças de demissão e comportamento abusivo em geral, fez com que a tecladista perdesse uma gravidez em meio à turnê. Esses foram os motivos que levaram os músicos a deixar o Cradle of Filth em plena excursão pela América Latina.
Desfalques no Cradle of Filth
Inicialmente, apenas Zoë Marie Federoff havia confirmado sua saída, ainda sem grandes explicações, logo após um show do Cradle of Filth em São Paulo no sábado (23). No dia do anúncio (domingo, 24), a banda se apresentou em Buenos Aires, na Argentina, já com Kelsey Peters na vaga.
Em seguida, Zoë declarou que o marido, Ashok, também deixaria o grupo ao final da turnê. O guitarrista confirmou a informação e fez críticas à banda. Em seu Instagram, o músico afirmou:
“Queridos fãs e amigos, peço a vocês que, por favor, respeitem minha esposa e eu nesse período de transição. Estou, de fato, deixando o Cradle of Filth no final da turnê atual, e as razões por trás disso são conclusões às quais minha esposa e eu chegamos juntos muito antes desta semana. Nós simplesmente não sentimos que o Cradle pode garantir nosso futuro e, na verdade, o atrapalha. Entre outras razões, é muito trabalho por um pagamento relativamente baixo, o stress é muito alto e não temos sentido há algum tempo que essa banda realmente prioriza/se importa com os membros. Têm sido anos de comportamento não profissional de pessoas acima de nós que levaram à nossa decisão.”
O guitarrista declara ainda que retirou suas composições do próximo álbum do Cradle of Filth, o que inclui a aguardada colaboração com Ed Sheeran – canção que desagrada o guitarrista. O músico continua:
“Eu também pedi para que todas as minhas composições sejam removidas dos futuros lançamentos, incluindo a colaboração com Ed Sheeran. Essa música parece uma palhaçada idiota para mim a esta altura, de qualquer forma – primeiro era um single para caridade para crianças, depois um single para lucrar, então sairia no próximo álbum, e agora quem sabe, e eu apenas não quero mais estar envolvido, sem desrespeito a Ed Sheeran.”
Por fim, diz:
“E vou terminar essa turnê forte! Para os fãs, para os meus amigos nessa banda e a equipe! É minha última viagem com o Cradle e tenho orgulho em dar o meu melhor. Estou triste por não dividir o palco com minha esposa nessas últimas vezes, mas respeito o porquê de sua saída e estou feliz que nossa amiga Kelsey Peters tenha recebido a oportunidade de brilhar.”
Dani Filth acelera as coisas
Em um primeiro momento, o Cradle of Filth apenas comunicou a saída de Zoë Marie Federoff e a entrada de Kelsey Peters em seu lugar. No entanto, após os pronunciamentos do casal onde o contrato dos músicos foi exposto, Dani Filth resolveu antecipar a saída de Ashok — que, ao contrário do informado anteriormente, não vai terminar a turnê “The Screaming of Americas”.
Em nota, o vocalista aproveitou para se defender das acusações:
“É com pesar que o Cradle of Filth anuncia oficialmente a demissão do guitarrista Marek ‘Ashok’ Smerda da banda, com efeito imediato.
Apesar de todas as tentativas de difamar e inviabilizar ilegalmente a banda, o Cradle of Filth NÃO cancelará nenhum de nossos shows na América do Sul, embora os fãs tenham que suportar o fato de sermos uma banda com apenas um guitarrista [Donny Burbage] ao vivo – isso, é claro, até que o substituto temporário de Ashok chegue para se juntar à turnê em alguns dias.
Agradecemos a compreensão de todos neste terrível caso. Estamos todos em estado de choque com os procedimentos e compartilharemos nossa versão desses infelizes eventos no devido tempo. Por favor, respeitem nossa decisão de nos separar de Ashok agora, e não no final da turnê, e evitem especulações, pois mais esclarecimentos sobre a situação serão fornecidos.
O restante da banda está tranquilo, ainda que surpreso, e as acusações contra o empresariamento, que trabalha muito próximo a mim e à banda, são completamente injustas e infundadas. Paciência é uma virtude e a verdade sempre virá à tona.
Obrigado mais uma vez, companheiros Filthlings, e estamos ansiosos pelo resto da turnê ‘The Screaming of the Américas’ aqui no Uruguai e além. Seu amigo, Dani.”
O Cradle of Filth permanece na América Latina até o final de setembro e ainda passará pelo Uruguai, Chile, Peru, Colômbia, Panamá, Costa Rica, El Salvador, Guatemala e México, país onde tem 13 shows marcados. Em novembro, a banda embarca para a Europa, onde fica até o início do mês seguinte.
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