O vocalista do Cradle of Filth, Dani Filth, publicou um longo comunicado apresentando sua versão sobre as saídas de dois integrantes da banda. Na última semana, a tecladista Zoë Marie Federoff e o guitarrista Marek “Ashok” Smerda — que são casados — romperam com o grupo em meio a uma turnê pela América Latina, acusando o empresariamento e o cantor de pagarem salários baixos, oferecerem um ambiente tóxico de trabalho, entre outros pontos. Relembre as acusações clicando aqui.
Em resumo, Filth explica que os rompimentos ocorreram após um início tumultuado de excursão, marcado por brigas, consumo excessivo de álcool e episódios de comportamento abusivo entre os dois, o que gerou um ambiente insustentável para o restante da banda e equipe. Ele esclarece que o contrato controverso enviado foi apenas um rascunho inicial mal comunicado, não uma tentativa de imposição. Também elogia sua equipe de empresários, justifica a decisão de seguir a turnê sem os membros que partiram e se compromete a melhorar a estrutura contratual interna. Além disso, questiona a forma como Zoë aproveitou a situação para, em suas palavras, difamar o grupo.
Leia, abaixo, o texto de Dani. Na publicação, ele também inclui capturas de tela descontextualizadas de conversas de WhatsApp.
“Saudações a todos,
Acho que chegou a hora de revelar o meu lado da história, agora que tantas acusações foram dirigidas à banda, à nossa equipe de gestão e a mim pessoalmente. Peço desculpas pela leve demora desta declaração; foi importante abordar isso de maneira ponderada, após reflexão. O timing também foi difícil, pois a banda está atualmente em turnê pela América do Sul, com dias de viagem árduos, voos longos e shows.
Eu não acredito em retaliação nem em difamação, mas quero esclarecer os pontos a seguir:
- Em primeiro lugar, o contrato em questão:
Este não é um contrato que se esperava que fosse assinado tal como está, mas sim a estrutura inicial a partir da qual se construiria. Vou expandir isso mais adiante, mas vejo que uma das principais razões pelas quais estamos tendo esta situação é a má comunicação quanto à natureza do contrato e ao que se esperava das partes que o receberam. - Ninguém na banda está proibido de trabalhar com outros grupos e complementar sua renda. Atualmente programamos turnês para cerca de 40% do ano, deixando o restante do ano disponível para outros compromissos. Muitos dos meus companheiros de banda têm outros projetos, como pode ser visto em suas próprias páginas de redes sociais. NÃO PROIBIMOS nossos músicos de assumirem compromissos de trabalho com outras bandas; apenas pedimos que planejem com antecedência suficiente, entrelaçando as agendas o quanto antes a situação permitir.
- Lamento ver que Zoe escolhe fatos para se ajustar a uma agenda, mas estou disposto a compartilhar a história completa, incluindo a descrição dos eventos dos primeiros três dias da turnê sul-americana, para mostrar um quadro mais equilibrado e para que as pessoas possam fazer seus julgamentos com base no contexto mais amplo.
Durante esses primeiros dias, consumo excessivo de álcool, discussões cada vez maiores e repetidos conflitos públicos criaram uma atmosfera muito perturbadora para todos os envolvidos. Pessoalmente, testemunhei intercâmbios acalorados entre Zoe e Ashok que incluíram abusos verbais e físicos, culminando em uma exibição pública em frente ao hotel e na frente de fãs que se reuniram para autógrafos de última hora em São Paulo. Isso não foi um incidente isolado, mas parte de um padrão de comportamento abusivo que tensionou toda a equipe.
Embora eu entenda que estar em turnê é estressante e exaustivo, não posso desculpar o efeito que isso teve sobre o resto de nós. A decisão de continuar a turnê sem eles não foi tomada levianamente, mas foi necessária pela saúde da banda e da equipe.
Além disso, ninguém sabia de nada sobre a possível gravidez dela e, se ela estivesse grávida, por que estava bebendo? Ela até contatou a gestão em várias ocasiões pedindo ajuda para parar de beber, com longas mensagens de texto provando isso. - É importante para mim que os artistas ao meu redor sintam que suas contribuições são vistas e valorizadas. Acho que, na maior parte, este é o caso, pois alguns dos membros remanescentes estão comigo há mais de 10 anos. Estamos, no entanto, sempre buscando melhorar, então vou aproveitar o que está acontecendo agora como uma oportunidade para ter um diálogo melhor na banda, elaborando um contrato mais detalhado que deixe todos à vontade e protegidos no futuro.
- Sobre a gestão:
Dez e Anahstasia, da The Oracle Management, têm sido nada menos que maravilhosos. Cuidadosos e compreensivos, abrindo mão de comissões para fazer as turnês funcionarem e trabalhando de perto com a banda para nos proporcionar algumas oportunidades incríveis, pensando além e fora da caixa proverbial.
Tendo falhado em se encaixar na banda, Zoe agora está tentando difamar e mentir o máximo possível para angariar antipatia contra mim e nossa gestão. Não é fácil acusar sem provas nos dias de hoje, quando todo mundo é um crítico online tão bem-versado? Só posso começar a imaginar do que mais serei acusado enquanto ela busca destruir esta banda e este negócio.
Dez é muito honesto, transparente e veraz e não recebe pagamento até que eu permita que o contador o pague.
Isto significa que tudo passa pelo meu contador e então referido contador peneira todos os números financeiros para ver o que pode e o que não pode ser pago. Dez nunca lida com nenhum dos valores que entram.
Dez pediu a demissão de Zoe, ao que Ashok se manifestou em defesa dela e partiu para atacar a família real do heavy metal e não vamos tolerar ninguém falando assim sobre a esposa do Ozzy.
Agora, para elaborar mais, conforme prometido.
Primeiro, o contrato em questão.
Sim, era um contrato de merda, mas um que foi apresentado para ajudar a abrir o diálogo com dois membros que vinham causando muito drama nos bastidores. Começou com um e-mail inofensivo e bem fundamentado de Zoe pedindo um aumento de pagamento para a banda, que foi aprovado em dias sem qualquer resistência; a comunicação de Zoe continuou a ficar mais rude e a escalar para um tom mais ameaçador, aparentemente sem motivo, especialmente considerando que seu pedido original foi aprovado desde o início.
As tensões vinham crescendo e, no momento de enviar aquele contrato, já tínhamos recebido as demissões de Ashok e de Zoe, então decidimos não gastar orçamento em um contrato feito sob medida, o que, em retrospectiva, foi um erro, pois escalou ainda mais a situação. Infelizmente, enviamos um contrato antigo, mas nunca antes usado, que era demasiado brusco, não tão elaborado quanto merecia ser e que não capta a imagem completa da realidade de estar nesta banda. Não foi feito com intenção maliciosa, mas foi destinado a ser um início de negociação, sem que nenhum de nós percebesse que ele estava numa pasta, mas não usado por um motivo. Eu o encaminhei impetuosamente pedindo à banda que assinasse.
No momento do envio, todos nós (gestão, eu e nosso advogado) mal tivemos tempo para olhar o contrato que estava saindo, dando-lhe apenas uma olhada superficial e o enviamos para a banda. Eu não havia tido uma conversa completa com o advogado ou com Dez sobre qual era a intenção inicial do contrato (negociar ou apenas assinar e seguir). Isso foi uma falha minha e foi esclarecido posteriormente.
Claro que Zoe mostraria a pior versão e entristece-me que o contexto do que eu pensava ser nosso diálogo tenha sido distorcido para se ajustar a uma agenda e tornada pública.
Estou conversando internamente com o restante da banda agora para redigir um contrato que melhor sirva a todos eles e ao negócio.
E sim, infelizmente uma banda é um negócio, e quando testemunhamos uma pessoa fomentando problemas, bebendo muito, não escrevendo, ameaçando processar a banda pelo uso de sua imagem, então algo obviamente precisava ser feito.
Zoe e Ashok já haviam apresentado suas demissões apesar de eu ter concordado com um aumento salarial em meio a proteção financeira adicional, então eu não tinha absolutamente pressa em gastar dinheiro com nosso advogado redigindo um contrato que já estava destinado a ser desfeito de qualquer maneira.
Dizer que eles ganham apenas ‘X’ por ano certamente levantará algumas sobrancelhas; no entanto, além de seus salários, eles também têm direito a publicação (eles acabaram de receber um adiantamento, sobre o qual a gestão abriu mão das comissões e eu na verdade coloquei dinheiro da minha parte), royalties de publicação, PRS ou o equivalente em cada país, bônus por turnê se tivermos um bom desempenho, patrocínios e sem mencionar alimentação diária e beliches/quartos duplos de hotel quando disponíveis na estrada.
No terceiro dia da turnê de vinte e seis datas, após a saída de Zoe — e tendo ela já prometido a mim e à gestão que cumpririam a turnê de forma profissional — Zoe e Ashok passaram a beber e a discutir entre si nos primeiros três dias.
Já tendo discutido a tarde inteira na frente de todos nos bastidores, Ashok quis ficar e tomar alguns drinques depois do show, discutindo com Zoe em sentido contrário. Mais tarde, ele estava com fãs e membros de nossa equipe, quando Zoe desceu correndo no hotel para arrastá-lo de volta ao quarto, dizendo para as pessoas “foda-se” ao longo do caminho e causando uma cena. Há muitas testemunhas disso, incluindo dela atirar coisas nele.
Em defesa de Zoe, atribuo seu surto ao fato de termos tido mal onze horas de sono em quatro dias, mas novamente não acho isso uma desculpa válida. Ninguém mais se comportou dessa maneira. Estávamos cansados, para começar!
Na manhã seguinte, que foi uma chamada de lobby muito cedo, Ashok estava claramente ainda bêbado e, novamente, os dois discutiram intensamente no aeroporto, resultando em Zoe decidindo deixar a turnê e comprar um voo de volta para o Arizona, citando o alcoolismo e as festas de Ashok por mensagem de texto. Ashok permaneceu por cortesia à banda e, conforme testemunhado por várias pessoas, declarou que seu casamento não estava funcionando. Isso, no entanto, não é da minha alçada.
O que é da minha alçada, entretanto, é manter a turnê em andamento e, com essa sequência custando quase $200.000 apenas em despesas e salários, a ideia de voar novas pessoas e reservar vistos, hotéis e voos obviamente foi um pouco esmagadora. Egoisticamente pensei que, sem o drama constante que testemunhávamos diariamente, Ashok cederia e desfrutaria o resto da turnê conosco.
No entanto, esse não foi o caso, pois num minuto ele estava chorando no ombro das pessoas, na manhã seguinte emitindo um comunicado sobre sua saída da banda com outras revelações, tendo falado com sua esposa ao telefone. Naturalmente, devido a essas novas informações, ele foi demitido na hora.
O que me leva ao ‘fat shaming’.
Isso nunca aconteceu.
Dez nunca disse nada sobre pessoas estarem gordas ou muito pesadas. Tudo o que ele disse a Anabelle (nossa tecladista anterior) foi ‘por favor, cuide da sua saúde, você tem turnê e vídeos pela frente’, ao que ela enviou uma foto de si mesma comendo uma seleção de pães (o que achei engraçado na época!).
Claro que qualquer gerente diria algo assim.
Dez nunca falou com Sarah Jezebel Deva sobre nada dentro da banda. Ela não fazia parte da banda, no entanto ele falou com ela quando ela foi para a internet falar mal de mim e isso é exatamente o que um bom gerente faz.
Eu espero que meu gerente proteja o artista o tempo todo.
*Por falar nisso, Sarah na verdade me enviou um e-mail dizendo como foi bom encontrá-la no show em Torquay algumas semanas atrás e perguntando se eu ainda teria interesse em gravar uma versão de uma música pop dos anos 80 que nós dois adorávamos.
Fazer turnês hoje em dia é um negócio muito caro, mas isso é algo que você pode ler em qualquer lugar online.
Eu, como muitos dos meus colegas da indústria musical, fui praticamente alcoólatra por definição em uma ou duas fases da minha carreira e é por isso que consigo observar seus padrões erráticos de comportamento e também é por isso que estou abstêmio de álcool há quase três anos.
Enfim, eu poderia tagarelar para sempre, só queria esclarecer algumas coisas e depois sair do seu caminho.
Obrigado a todas as muitas bandas, fãs e colegas músicos que ofereceram seu apoio nesta questão. Vocês são muito apreciados, de fato!
Avante e sempre para cima, como dizem!
Vejo vocês na estrada!”
Desfalques no Cradle of Filth
Inicialmente, apenas Zoë Marie Federoff havia confirmado sua saída, ainda sem grandes explicações, logo após um show do Cradle of Filth em São Paulo no sábado (23). No dia do anúncio (domingo, 24), a banda se apresentou em Buenos Aires, na Argentina, já com Kelsey Peters na vaga.
Em seguida, Zoë declarou que o marido, Ashok, também deixaria o grupo ao final da turnê. O guitarrista confirmou a informação e fez críticas à banda. Em seu Instagram, o músico afirmou:
“Queridos fãs e amigos, peço a vocês que, por favor, respeitem minha esposa e eu nesse período de transição. Estou, de fato, deixando o Cradle of Filth no final da turnê atual, e as razões por trás disso são conclusões às quais minha esposa e eu chegamos juntos muito antes desta semana. Nós simplesmente não sentimos que o Cradle pode garantir nosso futuro e, na verdade, o atrapalha. Entre outras razões, é muito trabalho por um pagamento relativamente baixo, o stress é muito alto e não temos sentido há algum tempo que essa banda realmente prioriza/se importa com os membros. Têm sido anos de comportamento não profissional de pessoas acima de nós que levaram à nossa decisão.”
O guitarrista declara ainda que retirou suas composições do próximo álbum do Cradle of Filth, o que inclui a aguardada colaboração com Ed Sheeran – canção que desagrada o guitarrista. O músico continua:
“Eu também pedi para que todas as minhas composições sejam removidas dos futuros lançamentos, incluindo a colaboração com Ed Sheeran. Essa música parece uma palhaçada idiota para mim a esta altura, de qualquer forma – primeiro era um single para caridade para crianças, depois um single para lucrar, então sairia no próximo álbum, e agora quem sabe, e eu apenas não quero mais estar envolvido, sem desrespeito a Ed Sheeran.”
Por fim, diz:
“E vou terminar essa turnê forte! Para os fãs, para os meus amigos nessa banda e a equipe! É minha última viagem com o Cradle e tenho orgulho em dar o meu melhor. Estou triste por não dividir o palco com minha esposa nessas últimas vezes, mas respeito o porquê de sua saída e estou feliz que nossa amiga Kelsey Peters tenha recebido a oportunidade de brilhar.”
Dani Filth acelera as coisas
Em um primeiro momento, o Cradle of Filth apenas comunicou a saída de Zoë Marie Federoff e a entrada de Kelsey Peters em seu lugar. No entanto, após os pronunciamentos do casal onde o contrato dos músicos foi exposto, Dani Filth resolveu antecipar a saída de Ashok — que, ao contrário do informado anteriormente, não vai terminar a turnê “The Screaming of Americas”.
Em nota, o vocalista aproveitou para se defender das acusações:
“É com pesar que o Cradle of Filth anuncia oficialmente a demissão do guitarrista Marek ‘Ashok’ Smerda da banda, com efeito imediato.
Apesar de todas as tentativas de difamar e inviabilizar ilegalmente a banda, o Cradle of Filth NÃO cancelará nenhum de nossos shows na América do Sul, embora os fãs tenham que suportar o fato de sermos uma banda com apenas um guitarrista [Donny Burbage] ao vivo – isso, é claro, até que o substituto temporário de Ashok chegue para se juntar à turnê em alguns dias.
Agradecemos a compreensão de todos neste terrível caso. Estamos todos em estado de choque com os procedimentos e compartilharemos nossa versão desses infelizes eventos no devido tempo. Por favor, respeitem nossa decisão de nos separar de Ashok agora, e não no final da turnê, e evitem especulações, pois mais esclarecimentos sobre a situação serão fornecidos.
O restante da banda está tranquilo, ainda que surpreso, e as acusações contra o empresariamento, que trabalha muito próximo a mim e à banda, são completamente injustas e infundadas. Paciência é uma virtude e a verdade sempre virá à tona.
Obrigado mais uma vez, companheiros Filthlings, e estamos ansiosos pelo resto da turnê ‘The Screaming of the Américas’ aqui no Uruguai e além. Seu amigo, Dani.”
O Cradle of Filth permanece na América Latina até o final de setembro e ainda passará pelo Uruguai, Chile, Peru, Colômbia, Panamá, Costa Rica, El Salvador, Guatemala e México, país onde tem 13 shows marcados. Em novembro, a banda embarca para a Europa, onde fica até o início do mês seguinte.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.

Com tudo isso dito, as conclusões que eu cheguei são:
*o contrato realmente deve ter sido um contrato de m&rd@ pros músicos, esse papinho de “rascunho inicial” é conversa pra boi dormir!
*Acredito que ter um casal dentro de uma banda tb deve ser BEM ruim, pq qualquer problema conjugal, toda a banda acaba presenciando e isso de fato é péssimo pra uma boa convivência coletiva!
***gostaria de ver algum relato sobre essas discussões que o Dani alega que o casal teve numa tarde de autógrafos em SP, isso corroboraria ou não a sua história…
Mas o Cradle é uma banda que teve diversas trocas de formações durante os anos, então eu particularmente acredito mais na história do casal sobre os contratos abusivos do que o contrario, enfim…