Bob Ezrin ganhou fama como produtor musical. Em atividade desde o início da década de 1970, o profissional de estúdio, hoje com 76 anos de idade, colaborou com nomes como Kiss, Alice Cooper e Pink Floyd ao longo da carreira. Apesar do crédito em grandes álbuns, ainda há quem não compreenda exatamente qual é o seu papel em tais trabalhos.
Sendo assim, Ezrin resolveu mostrar de maneira didática a função de um produtor musical. Em entrevista recente à CBC, trouxe o esclarecimento e fez uma analogia, comparando a tarefa com a de um diretor de cinema.
Conforme transcrição da Ultimate Guitar, o canadense afirmou:
“A maioria das pessoas não entende o que eu faço da vida, mas o papel do produtor é muito parecido com o de um diretor de cinema. Você lida com pessoas extremamente talentosas, muitas vezes muito intensas ou complicadas, e tenta extrair delas a melhor performance possível, em todos os níveis: na composição, na execução, no canto, em tudo. Você precisa lidar com elas como seres humanos e como personalidades. Há um componente psicológico nessa tarefa, quase como um confidente, um protetor.”
Quando iniciou a parceria com o Kiss, Ezrin também adotou a postura de um “professor”. Durante a gravação de “Destroyer” (1976), quarto disco de estúdio dos mascarados, o produtor precisou explicar aos integrantes o significado de termos técnicos, como relembrado no livro “Kiss Por Trás da Máscara” (2003).
“O Kiss tocava tudo de uma maneira profissional, só que, quando começamos a ensaiar, eu disse: ‘tudo bem, por que não fazemos isso em meio-tempo?’. Peter Criss [baterista] olhou para mim como se eu estivesse falando grego. Eu perguntei se ele sabia o que era meio-tempo e ele respondeu que não. Falei: ‘tudo bem, é quando estamos tocando em 4/4, você sabe o que é 4/4?’. E ele respondeu: ‘na verdade, não’. Eu disse para deixarmos os instrumentos de lado. Puxei um quadro-negro e comecei a fazer perguntas para descobrir o que eles sabiam. […] Quando chegamos ao ponto de coisas como fórmula de compasso, o pessoal da banda disse: ‘não vamos conseguir aprender isso de jeito nenhum’. Respondi que iriam sim. Chegamos ao trecho em ‘Flaming Youth’, Eu só queria que Peter tocasse em mínimas e os outros rapazes tocassem em 7/4. O fraseado ficou muito bom e não tiveram de fazer muito esforço.”
Elogios ao produtor musical
Paul Stanley reconhece que a experiência de Ezrin foi fundamental para o resultado final do projeto. À Rolling Stone em 2016, o vocalista e guitarrista mencionou a abordagem quase lúdica do profissional no período, destacando:
“Foi realmente uma época gloriosa e empolgante, porque o Bob era como o diretor de um acampamento. Ele usava um apito no pescoço e nos chamava de ‘campistas’. Naquela altura, nós nos víamos totalmente como ‘estrelas do rock’ e não aceitávamos desaforo de ninguém. Mas com o Bob, a gente fechava a boca e escutava. Ele era a voz da experiência e claramente sabia mais do que a gente. Então foi uma espécie de treinamento.”
Sobre Bob Ezrin
Bob Ezrin trabalhou em obras fundamentais de artistas como Kiss, Alice Cooper, Pink Floyd, Lou Reed e Hanoi Rocks. Também deu início a uma frutífera parceria com o Deep Purple, tendo assinado a produção de seus últimos discos – incluindo o mais recente “=1” (2024).
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