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O relato de Fernanda Lira a revista inglesa sobre abandonar o álcool

Vocalista e baixista da Crypta, que parou de beber em 2018, relembrou à Metal Hammer: "virei instantaneamente a ‘amiga chata’ e perdi muitos amigos"

Fernanda Lira parou de consumir álcool em 2018. À época, aos 28 anos, a vocalista e baixista da Crypta tomou a decisão por “um motivo mais social, moral e ético” do que necessariamente pela saúde — apesar de também ter percebido benefícios nesse sentido. 

Frequentemente, a artista aborda a experiência, seja em entrevistas ou nas redes sociais. No último mês de abril, ao completar sete anos sem beber, fez uma postagem destacando todos os aspectos de sua vida que melhoraram, desde os problemas estomacais até a ansiedade. 

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Agora, ela compartilhou um relato a respeito do tema com a revista inglesa Metal Hammer. As declarações entraram numa matéria chamada “Why heavy metal is turning its back on booze” (em português, “Por que o heavy metal está dando as costas ao álcool”).

Segundo Fernanda, a vontade de suspender o álcool surgiu quando estava em turnê com a Nervosa, sua antiga banda, no México. Ao ver uma cena agressiva de pessoas bêbadas do lado de fora do hotel em que dormia, a cantora teve lembranças de situações parecidas envolvendo a própria família:

“Estávamos no México e eu estava dormindo sozinha em um quarto. Às 4 da manhã, ouvi barulhos de pancadas e pessoas gritando. Olhei pela janela e havia um grupo de amigos – eles estavam se chamando pelo nome – se espancando violentamente! Havia sangue por toda parte, foi horrível, dava pra ver que estavam muito, muito bêbados. Foi simplesmente assustador ver aquilo. Meu avô espancava minha avó e também minha mãe. Perdi um tio por causa do álcool e outro tio, uma vez no Natal, tentou nos matar. Sempre que bebia, ele dizia que estava possuído pelo Diabo e saía correndo atrás das pessoas com facas.”

Além disso, como uma grande fã da saudosa Amy Winehouse, Lira sentia-se “frustrada” por ter perdido a ídola para uma intoxicação alcoólica. Aassim, quis distanciar-se ao máximo do álcool.

“Já perdemos gente incrível e inspiradora demais para o álcool e as drogas. Fico tão frustrada por nunca poder ver a Amy. E tão frustrada por ela estar com um problema tão sério e quase ninguém estar ajudando. Acho que não precisamos de mais essas tragédias.”

Fernanda Lira perdeu amigos ao parar de beber

Ela confessa, porém, que nem todo mundo entendeu a sua posição. Ao abrir mão do álcool, a musicista, por consequência, também abriu mão de várias amizades que não compreendiam o seu lado: 

“Quando parei de beber, virei instantaneamente a ‘amiga chata’. Perdi muitos amigos, porque eram, tipo, amigos de bar. De repente, ninguém mais me convidava para nada. Fiquei muito chateada porque, ao parar de beber, eu na verdade me sentia com mais energia. Se eu quiser, ainda consigo chamar atenção numa festa, cantar, fazer piada e festejar.”

“Foi mais difícil me tornar abstêmia do que vegana”

Ao Ibagenscast em 2022, Lira refletiu sobre o papel do álcool na sociedade. E, conforme transcrição do Whiplash, admitiu que o processo acabou sendo mais difícil do que o de virar vegana há pouco mais de nove anos: 

“Pra mim foi 10 bilhões de vezes mais difícil me tornar abstêmia do que vegana […]. O álcool é uma questão social. Você bebe por uma questão social. Tem gente que bebe porque gosta, mas de uma maneira geral, é por uma questão social. Tem gente que não consegue se soltar com a galera se não beber álcool, tem gente que não consegue se divertir se não tiver álcool e por muito tempo eu senti isso.”

Vale destacar que, nos últimos anos, outros artistas do rock e metal brasileiro também cessaram o consumo de álcool. É o caso de Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura, e João Gordo, vocalista do Ratos de Porão.

Crypta em turnê pelo Brasil

A Crypta anunciou recentemente uma nova turnê pelo Brasil. Chamada de “In the Other Side Tour”, a extensa série de shows contará com mais de 20 datas no itinerário e acontecerá entre os próximos meses de julho e agosto. 

Será a primeira excursão da banda em território nacional desde a saída da guitarrista Jéssica di Falchi, que rompeu com o grupo em março. Até então, a última passagem da banda pelo país havia ocorrido com a “Shades of Sorrow Tour” em dezembro de 2024. 

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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