De abstinência, o fã brasileiro de Kamelot não sofre. A sexta visita ao país da banda americana de power metal, para o Bangers Open Air 2025, marcou um retorno após apenas dois anos de sua última visita. Na ocasião, em 2023, o álbum mais recente, “The Awakening”, ainda estava para ser lançado.
O que deveria ser uma apresentação no dia dedicado ao power metal por excelência, com Powerwolf e Sabaton como headliners no sábado (3), acabou se transformando numa jornada dupla. Com o cancelamento da vinda do I Prevail a duas semanas do festival, um show extra foi confirmado para substituir seus conterrâneos mais jovens, no domingo (4). Embora a data contasse com Blind Guardian (outro substituto) e Avantasia na posição de maior headliner, estava visível a diferença de interesse do público em relação à apresentação no sábado.
A pista premium no primeiro dia ficou entupida de gente em frente ao Ice Stage para ver o Kamelot. Na data seguinte, estava bem esvaziada ao longo do show no fim de tarde no Hot Stage.
Não que tenha sido um problema. O vocalista sueco Tommy Karevik, no grupo desde 2012, mostrou ter tanto o domínio de sua voz serena quanto do público. Utilizando-se mais de gestos simples, puxou gritos, palmas até pulos em “Insomnia”, executada nos dois dias. O resto da linha de frente do Kamelot, formada pelo guitarrista e homem-banda Thomas Youngblood e pelo baixista Sean Tibbetts, também ajudou a manter a plateia engajada.
As vocalistas Adrienne Cowan e Melissa Bonny revezaram-se no palco durante os dois dias como apoio aos momentos mais teatrais de Karevik. No entanto, apenas no domingo elas estiveram no palco juntas para “Sacrimony (Angel of Afterlife)”.
A faixa de “Silverthorn” (2012), disco de estreia de Karevik substituindo o emblemático Roy Khan, foi uma das diferenças de repertório entre o sábado e o domingo, apesar de ter sido presença constante nos shows da turnê atual, assim como “Opus of the Night (Ghost Requiem)”, do álbum mais recente, e “The Human Stain”, de “Ghost Opera” (2007), incluídas no segundo dia.
Prometido como uma apresentação recheada de “deep cuts”, o show no domingo teve mais duas músicas diferentes em relação ao executado no domingo. A abertura, em vez de “Veil of Elysium”, como o normal na turnê de divulgação ao álbum “The Awakening”, do qual faz parte, teve “Phantom Divine (Shadow Empire)”, do disco anterior, “The Shadow Theory” (2018).
A maior diferença entre as datas foi a inclusão no domingo de “Center of the Universe”, power metal clássico de “Epica” (2003), de raras aparições na turnê atual, no lugar de duas músicas de estilo similar executadas no sábado: “Karma”, faixa-título do álbum anterior, lançado em 2001, e a festejada “When the Lights are Down”, do sucessor “The Black Halo” (2005).
Outra de “The Black Halo” executada nas duas apresentações, “March of the Mephisto”, surgiu sob luzes vermelhas fortes e, no sábado, sucedeu um desnecessário solo de bateria de Alex Landenburg — nem uma breve citação a “Tom Sawyer” do Rush, salvou o momento. Felizmente, a exibição do instrumentista foi excluída no domingo, quando a música se posicionou como responsável por encerrar a apresentação.
Sábado, Karevik empunhou a bandeira do Brasil para a sequência final com “One More Flag in the Ground”, faixa do disco mais recente, e “Liar Liar (Wasteland Monarchy)”, do álbum “Haven” (2015). Já no domingo, a homenagem ao país com a cidade que mais os escuta no Spotify ocorreu na clássica “Forever”. Executada nos dois dias, em ambos a faixa do disco “Karma” soou como um desperdício de repertório ao ser alongada por mais de dez minutos e veio precedida de um breve interlúdio solitário do tecladista Oliver Palotai, antes de Youngblood retornar ao palco para introduzir sua melodia na guitarra.
Além de apresentar os músicos no palco, Karevik fez o possível para evitar que o público dispersasse, colocando-o para cantar até mesmo com citação a “We Will Rock You”, do Queen. E ainda teve seu momento de exibicionismo ao soltar a voz no último verso do refrão, estendendo e aumentando os tons enquanto regia a gritaria da plateia com as mãos.
Ao final de duas apresentações de uma hora, foi uma overdose de Kamelot. Mas, para os fãs da banda mais insaciáveis, o ex-vocalista Roy Khan tem agendado uma apresentação em alguns meses celebrando vinte anos de “The Black Halo” acompanhado de uma orquestra. Não há limites para os fãs de power metal no Brasil.
Repertórios — Kamelot no Bangers Open Air 2025
Sábado, 3 de maio de 2025:
- Veil of Elysium
- Rule the World
- Insomnia
- When the Lights Are Down
- New Babylon
- Karma
- Solo de bateria (com trecho de “Tom Sawyer”, do Rush)
- March of Mephisto
- Solo de teclado
- Forever (com trecho de “We Will Rock You”
- One More Flag in the Ground
- Liar Liar (Wasteland Monarchy)
Domingo, 4 de maio de 2025:
- Phantom Divine (Shadow Empire)
- Rule the World
- Opus of the Night (Ghost Requiem)
- Insomnia
- Sacrimony (Angel of Afterlife)
- The Human Stain
- Center of the Universe
- New Babylon
- Solo de teclado
- Forever
- March of Mephisto
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