Quando o Dark Angel, na noite de sábado (3), subiu ao palco do Sun Stage do Bangers Open Air 2025 como um quarteto, infelizmente, a estreia do lendário grupo de thrash metal americano no Brasil não seria aquela esperada há tantos anos por seus fãs. A sensação de “antes tarde do que nunca” se misturou com “mais vale um guitarrista na mão do que dois solando pelos ares”.
Talvez seja melhor não falar em “ares”, já que o motivo alegado para a ausência do guitarrista Eric Meyer, membro histórico do Death Angel, foi o cancelamento de três voos seguidos. Segundo o comunicativo vocalista Ron Rinehart, no jantar dos músicos na véspera do show, já no Brasil, o grupo ainda acreditava em sua chegada no dia da apresentação. Não aconteceu.
Depois de tanta espera para tocar no Brasil, cancelar em cima da hora não era uma opção. O jeito foi Laura Christine, guitarrista que substitui o fundador Jim Durkin, falecido em 2018, assumir sozinha a bronca. E, depois de alguns problemas técnicos no início do set, deu conta do recado razoavelmente bem, apesar da impossibilidade de se reproduzir com apenas um instrumento os arranjos intrincados executados em estúdio pela dupla Durkin/Meyer.
Pelo menos não faltou Gene Hoglan, marido de Christine e baterista de currículo extenso marcado por passagens pelo Death e Testament. O músico é hoje a principal força-motriz do Dark Angel, tanto no palco quanto fora dele. Seu som muito mais orgânico de bateria no Sun Stage, sem recorrer àquele grave artificial eletrônico, conduziu o agressivo thrash metal do grupo em suas longas canções, muitas vezes beirando o metal extremo.
Do repertório escolhido, porém, não tinha como reclamar. “Darkness Descends”, disco de referência do grupo lançado em 1986, teve cinco faixas executadas no Sun Stage, incluindo “Merciless Death”, canção regravada do trabalho de estreia “We Have Arrived”. Sua linha de baixo foi executada pelo aniversariante Mike Gonzalez após ter recebido do público um “parabéns para você” cantando em português mesmo.
Plateia esta que recebeu a apresentação na base da pancadaria, com rodas abertas desde o início do show com “Time Does Not Heal”, faixa-título do álbum de 1991, até o pandemônio final, uma hora depois, com “Darkness Descends” e “Perish in Flames”. Segundo Rinehart, o clássico álbum de 1986 teve sua gravação finalizada naquele exato dia três de maio, mas trinta e nove anos antes.
Rinehart ainda se emocionou ao lembrar do falecido Jim Durkin antes de anunciar a música nova, “Extinction-Level Event”, um thrash metal vigoroso composto pelo guitarrista dez anos antes, lançada como single nas semanas anteriores ao show em São Paulo e responsável por batizar o próximo disco do grupo, ainda sem data de lançamento anunciada.
Que a turnê de divulgação do novo trabalho seja a chance de um retorno do Dark Angel ao país para uma apresentação com formação completa e repertório mais extenso.
Repertório — Dark Angel no Bangers Open Air 2025
- Time Does Not Heal
- Never to Rise Again
- No One Answers
- The Burning of Sodom
- Extinction-Level Event
- Merciless Death
- The Death of Innocence
- Death Is Certain (Life Is Not)
- Darkness Descends
- Perish in Flames
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