Prestes a desembarcar em São Paulo para a edição de 2025 do Monsters of Rock, Scorpions, Judas Priest e Europe fizeram uma rápida “escala” em Brasília e se apresentaram no Arena of Rock na noite de quarta-feira (16).
O trio contou com a companhia do Kisser Clan, de Andreas Kisser (Sepultura), que abriu os trabalhos na Arena BRB Mané Garrincha.
O festival na capital federal serviu como uma espécie de aperitivo do que está por vir Monsters, sábado (19), no Allianz Parque. Veja como foi:
Kisser Clan
Ainda com um Mané Garrincha vazio, o Kisser Clan subiu ao palco às 18h e prestou seu tributo a grandes nomes do hard rock e do heavy metal mundial.
Neste projeto quase em família, Andreas divide as guitarras e os vocais com seu filho, Yohan Kisser. Eles são acompanhados por Gustavo Giglio (baixo), Amilcar Christófaro (bateria, Torture Squad) e Renato Zanuto (teclados).
Começaram com “Am I Evil?”, do Diamond Head, uma das preciosidades da NWOBHM, e passearam por clássicos de Metallica, Slayer, AC/DC, Motörhead, Twisted Sister e Black Sabbath, dentre outros, em exatos 45 minutos de show.
Apesar da boa intenção e da execução correta das músicas, no fim dos contas é uma apresentação que não agrega tanto. O espaço, tão concorrido em festivais desse porte, poderia ser destinado a alguma banda autoral brasileira. Bons nomes não faltam.
Repertório – Kisser Clan:
- Am I Evil? (Diamond Head)
- For Whom the Bell Tolls (Metallica)
- Mandatory Suicide (Slayer)
- Rock ’n’ Roll Damnation (AC/DC)
- Stay Clean (Motörhead)
- Might Just Take Your Life (Deep Purple)
- We Will Rock You (Queen)
- We’re Not Gonna Take It (Twisted Sister)
- Paranoid (Black Sabbath)
Europe
O Europe veio na sequência com hard rock oitentista e uma apresentação bastante competente. Comandados pelo vocalista Joey Tempest, os suecos conseguiram provar que, ao contrário do senso comum, não são banda de uma música só.
Para além do conhecidíssimo hit “The Final Countdown”, eles emplacaram ótimos momentos com “Rock the Night”, “Scream of Anger”, “Stormwind” e “Superstitous”. Uma pena não ter rolado “Open Your Heart”.
Mais que um ótimo vocalista, Tempest é um excelente frontman. À vontade e incansável, ele cantou, correu, pulou, fez acrobacias com o pedestal, tirou selfie com o público do próprio celular e dominou o palco com conhecimento de causa.
O guitarrista John Norum também merece ser ressaltado. Munido de sua Stratocaster, ofereceu riffs e solos afiadíssimos. É um deleite poder vê-lo tocar.
Outro fato louvável no Europe – e raro de se ver hoje em dia nesse nicho musical – é que a banda ainda conta com os integrantes da formação clássica. Além de Tempest e Norum, John Levén (baixo), Mic Michaeli (teclados) e Ian Haugland (bateria) estão nela desde os anos 1980. Algo valioso e que confere maior credibilidade ao ótimo show dos suecos. Quem não chegou a tempo ou subestimou o grupo, perdeu.
Repertório – Europe:
- On Broken Wings
- Rock the Night
- Walk the Earth
- Scream of Anger
- Sign of the Times
- Hold Your Head Up
- Carrie
- Last Look at Eden
- Stormwind
- Ready or Not
- Superstitious
- Cherokee
- The Final Countdown
Judas Priest
Pontualmente às 20h45, o Judas Priest subiu ao palco após “War Pigs”, do Black Sabbath, servir como introdução para a aula de metal que estava por vir.
Logo de cara, chama a atenção o palco imponente, com diversos adereços, incluindo o símbolo da banda no teto. Em “Invincible Shield” (2024), faixa-título do último álbum de estúdio, ele “desce” num dos vários momentos grandiosos do show.
Após abrir com a nova “Panic Attack”, o Judas desfilou clássicos como “You’ve Got Another Thing Comin'”, “Breaking the Law”, “Riding on the Wind” e “Love Bites”, obtendo recepção calorosa desde o início.
“Screaming for Vengeance” (1982), com quatro músicas, foi o disco mais contemplado, mas todos da fase áurea da banda estiveram representados no setlist, até mesmo o por vezes criticado “Turbo” (1986), com “Turbo Lover”.
Tudo bem que os guitarristas originais Glenn Tipton e K.K. Downing não estão mais presentes. Ainda assim, Richie Faulkner e Andy Sneap honram o legado com maestria.
Afastado devido à doença de Parkinson, Tipton inclusive é homenageado com uma imagem no fundo do palco durante “Victim of Changes”. Trata-se de um dos pontos altos da apresentação, e nela Rob Halford mostra que os agudos estão em dia.
O vocalista, naturalmente, não tem mais o mesmo desempenho de outrora, mas é a personificação da banda e arranca reverências, principalmente em “Painkiller” e “Hell Bent for Leather”, que desta vez, ao contrário da passagem anterior do Judas por Brasília, em 2011, não teve tombo ao descer da moto.
Como de praxe, coube a “Living After Midnight” encerrar os trabalhos no que foi o show mais pesado da noite, com o Judas Priest provando estar em ótima forma, enfileirando clássicos e também gratas surpresas no setlist, que vem sendo executado à risca desde o início da turnê em 2024.
Repertório – Judas Priest:
- Panic Attack
- You’ve Got Another Thing Comin’
- Rapid Fire
- Breaking the Law
- Riding on the Wind
- Love Bites
- Devil´s Child
- Saints in Hell
- Crown of Horns
- Sinner
- Turbo Lover
- Invincible Shield
- Victim of Changes
- The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (cover de Fleetwood Mac)
- Painkiller
Bis:
- Electric Eye
- Hell Bent for Leather
- Living After Midnight
Scorpions
Com espantosos 60 anos de serviços prestados à música, em geral, e ao rock, em particular, o Scorpions tem quase a mesma “idade” de Brasília, fundada em 1960. E celebrando essas seis décadas de história, a banda retornou à cidade pela terceira oportunidade — já havia tocado em 2010 e 2019.
Quando subiram ao palco, os “escorpiões” precisaram de pouco tempo para justificar a condição de headliner, enfileirando clássicos absolutos e que furaram a bolha do estilo, principalmente na primeira metade da década de 1980.
O Scorpions encontrou um público ainda extasiado com o peso do Judas Priest, mas manteve a energia ao economizar nas baladas e optar por um repertório vigoroso. Para se ter uma ideia, a praticamente obrigatória “Still Loving You” não foi tocada. Tampouco “Holiday”, “Always Somewhere” e outras.
As únicas baladas foram “Send Me an Angel” e “Wind of Change”, realidade bem diferente em um setlist que em turnês de outrora já contou com uma porção exclusivamente dedicada a canções acústicas.
Antes, os guitarristas Rudolf Schenker e Matthias Jabs já haviam desfilado riffs eletrificados em hinos como “Coming Home”, “Make It Real”, “The Zoo”, “Coast to Coast” e “Bad Boys Running Wild”, essa última uma das mais bem-recebidas.
Uma tradição não abandonada pelos alemães foi a de fazer medley com músicas antigas e de menor apelo dentre seu vasto catálogo. Em Brasília, as escolhidas foram “Top of the Bill”, “Steamrock Fever”, “Speedy’s Coming” e “Catch Your Train”.
“Loving You Sunday Morning”, do álbum “Lovedrive” (1979), foi uma grata surpresa, tendo sido executada pela primeira vez em quase 10 anos. Um bom resgate do disco que marcou a entrada de Matthias Jabs na banda.
A principal novidade, porém, foi o escorpião inflável que surgiu no palco antes do bis, que contou com “Blackout” e o hino “Rock You Like a Hurricane”.
O vocalista Klaus Meine, do alto de seus 76 anos, apresenta limitações naturais devido à idade avançada, mas não compromete. O baterista Mikkey Dee, por sua vez, já aparenta estar totalmente recuperado da infecção sanguínea que o deixou hospitalizado por três semanas e fez a banda cancelar shows no início do ano.
Repertório – Scorpions:
- Coming Home
- Gas in the Tank
- Make It Real
- The Zoo
- Coast to Coast
- Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy’s Coming / Catch Your Train (medley)
- Bad Boys Running Wild
- Delicate Dance
- Send Me an Angel
- Wind of Change
- Loving You Sunday Morning
- I’m Leaving You
- Solo de baixo e bateria
- Tease Me Please Me
- Big City Nights
Bis:
- Blackout
- Rock You Like a Hurricane
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.