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Fabio Lione celebra seus lendários contos musicais em Curitiba

Penúltima data da primeira turnê solo do cantor no Brasil relembrou sua trajetória com fraquíssima qualidade de som, a ponto de prejudicar experiência dos fãs

Chegando à reta final de sua primeira turnê solo no Brasil, Fabio Lione apresentou-se no CWB Hall, em Curitiba, no último sábado (1º), com seu espetáculo “Epic Tales”. O cantor italiano revisita em especial o Rhapsody (of Fire), sem deixar de lado outras bandas de sua trajetória: Angra — ainda que com faixas do período com Edu Falaschi —, Vision Divine e Kamelot, esta última em breve passagem. Projetos paralelos como o Athena, junto do qual gravou o pouco lembrado “A New Religion?” (1998), não entram nesta conta.

Foto: Clovis Roman @clovis_roman

A noite só não foi melhor pois a qualidade sonora da casa deixou muito a desejar, o que motivou, inclusive, reclamações do público e dos artistas. O som para o público oscilava, fazendo com que determinados instrumentos sumissem e voltassem do nada. No palco, o retorno falhava constantemente.

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Todos os envolvidos relevaram na medida do possível. Entretanto, a deficiência estrutural tirou pontos valiosos de uma noite que poderia ter sido ainda mais memorável.

Aberturas

Para a abertura, a carioca Innocence Lost — que já dividiu palco com Lacuna Coil e o já citado Kamelot — trouxe seu metal sinfônico pesado e técnico, divulgando o disco de estreia “Oblivion”, lançado em março do último ano. Com os vocais afiados e agradáveis de Mari Torres unidos à complexidade dos arranjos, o grupo poderia ter deixado uma marca ainda maior caso houvesse mais público naquele momento.

O trabalho é convincente: mescla a grandiosidade do metal sinfônico com o progressivo. Trechos mais pesados transitam por passagens marcantes com uma fluência muito natural. Com as credenciais apresentadas, o quinteto completo por Thiago Alves (bateria), Aloysio Ventura (teclados), Ricardo Haquin (baixo) e Gui DeLucchi (guitarra) têm força para galgar passos ainda maiores.

Na sequência, a paulistana Enorion trouxe o power metal ao protagonismo. A presença deles no cast é a sequência de uma conexão com o cantor italiano. Em 2022, lançaram “Vis Divina”, single e videoclipe com a participação de Lione — sem contar que faixas do Rhapsody fazem parte do repertório ao vivo da banda composta por Felippe Castello (vocal), Cristoffer Lopes e Gabriel Oliveira (guitarras), Pablo Guillarducci (baixo), Thiago Caeiro (bateria) e Rafael Braz (teclados).

Após quase três anos, se tornaram a banda de apoio do vocalista nesta turnê, tendo espaço para apresentar seu material autoral antes da estrela da noite. Junto às suas canções autorais, mexeram com a nostalgia ao tocar músicas de desenhos infantis que, sabe-se lá o motivo, emocionam muitos marmanjos por aí.

Glória perpétua

A glória de Fabio Lione parece, de fato, eterna. Percebe-se isso com o seu novo show “Epic Tales”, cujo repertório é dividido em duas partes: inicialmente, abrange alguns dos pontos altos ao lado do Rhapsody; depois, há espaço para outros projetos e versões.

Foto: Clovis Roman @clovis_roman

Abrir com as furiosas “Dawn of Victory” (faixa-título do álbum de 2000) e “Land of Immortals” (do debut “Legendary Tales”, 1997), além da tocante “Wings of Destiny” (“Symphony of the Enchanted Lands”, 1998) foi um golpe certeiro. O seleto público presente agitou como fossem as últimas canções da noite, tamanha a empolgação, que seguiu no talo com “Holy Thunderforce”, uma coqueluche no Brasil pelo seu clipe icônico, e o maior hit, “Emerald Sword”.

Ainda tivemos bons momentos com as igualmente marcantes “Wisdom of the Kings” e “Unholy Warcry”, além do encerramento dessa primeira parte com a divertida mescla de metal sinfônico e folk de “The Village of Dwarves”, que levou casais e amigos a dançarem como se não houvesse amanhã.

A variada segunda parte

Após uma breve pausa, Lione e seus músicos retornam para entoar um dos maiores hits do Angra, “Rebirth”, que contou com a participação especial da cantora curitibana Vanessa Rafaelly. Ao lado do italiano, apresentaram uma versão repleta de vocais operísticos, com aclamação ruidosa do público.

Mais à frente, Vanessa retornou ao palco, desta vez também com Felippe Castelo, vocalista do Enorion, para um trieto com Fabio Lione para “Con te Partirò”, composição de Francesco Sartori e Lucio Quarantotto eternizada por Andrea Bocelli. Ainda no lado erudito, um momento tocante foi a interpretação inesperada de uma obra de G. Donizetti do século 19, chamada “Una furtiva lagrima (L’ Elisir d’ Amore)”, dedicada ao amigo e seu único professor de ópera, Bruce Borrini. Como Lione mesmo disse antes de interpretar a canção, a cappella, foi algo feito poucas vezes nessa turnê — e surgiu no momento.

Foto: Clovis Roman @clovis_roman

O repertório deste segundo bloco varia a cada noite, não tanto nas músicas em si, mas na ordem, abrindo espaços para surpresas como esta peça clássica. Baladas também não faltaram, como “Bleeding Heart”, do Angra; “Still Loving You”, do Scorpions, e “Carrie”, do Europe, assim como as músicas mais pesadas.

“Nova Era” incendiou a galera, assim como a fantástica “Send Me a Sign”, do Vision Divine, cuja composição foi explicada pelo cantor logo após sua execução. A ideia da melodia foi inspirada em uma música do Backstreet Boys (!). O encerramento se deu em clima de festa com “Wasted Years”, do Iron Maiden.

Aos que desejam ter uma nova oportunidade de ver Fabio Lione ao vivo, em maio ele retorna ao Brasil com uma turnê com orquestra, com shows em teatros. Espera-se que a qualidade do som não jogue contra.

Foto: Clovis Roman @clovis_roman

Fabio Lione — ao vivo em Curitiba

  • Local: CWB Hall
  • Data: 1º de fevereiro
  • Turnê: Epic Tales Brasil Tour
  • Produção: Ablaze Productions / Underground Produções

Repertório:

  1. Dawn of Victory (Rhapsody)
  2. Land of Immortals (Rhapsody)
  3. Wings of Destiny (Rhapsody)
  4. Holy Thunderforce (Rhapsody)
  5. Emerald Sword (Rhapsody)
  6. The Magic of the Wizard’s Dream (Rhapsody)
  7. Wisdom of the Kings (Rhapsody)
  8. Unholy Warcry (Rhapsody)
  9. Lamento eroico (Rhapsody)
  10. The Village of Dwarves (Rhapsody)
  11. Rebirth (Angra)
  12. Nova Era (Angra)
  13. Time to Say Goodbye (Con te partirò) (Andrea Bocelli)
  14. Bleeding Heart (Angra)
  15. Still Loving You (Scorpions)
  16. Send Me an Angel (Vision Divine)
  17. Violet Loneliness (Vision Divine)
  18. Forever (Kamelot)
  19. Una furtiva lagrima (L’ Elisir d’ Amore)
  20. Carrie (Europe)
  21. Wasted Years (Iron Maiden)
Foto: Clovis Roman @clovis_roman

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Clovis Roman
Clovis Romanhttps://acessomusic.com.br/
Em 25 anos de carreira, o jornalista Clovis Roman cobriu e fotografou mais de mil shows pelo Brasil e exterior, assim como realizou centenas de entrevistas e resenhas de discos. Atuou na produção de shows e turnês – inclusive do Angra – em seus anos na produtora Top Link Music. Em 2017, fundou o Acesso Music, no qual atua como jornalista e assessor de imprensa. Em 2020, contribuiu na pesquisa e escrita do livro Andre Matos – O Maestro do Heavy Metal; e é autor do livro Andre Matos – A Obra, em parceria com Gustavo Maiato. Traduziu livros de bandas como Accept, Paradise Lost, Mortification e Iron Maiden; e revisou o relançamento de Sepultura – Os Primórdios, de André Barcinski. Escreveu apêndices para os livros O Reino Sangrento do Slayer, Death – A História de Chuck Schuldiner e a HQ Angra: Renascimento. Contribuiu, de maneira regular ou pontual, com veículos como Rolling Stone, 91Rock, Igor Miranda, Whiplash, Roadie Crew, Rock Brigade, Order News, 89 FM – A Rádio Rock, entre outros.

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