Enquanto Jimmy Page e John Paul Jones demonstraram querer a volta do Led Zeppelin após o show em Londres no ano de 2007, Robert Plant refutou a possibilidade. O vocalista, ao longo dos anos, se mostrou como o integrante que menos demonstrava ter saudade dos tempos de banda.
Nem sempre foi assim. Plant foi muito impactado pelo fim do Zeppelin em 1980, pois este foi causado pela morte do baterista John Bonham. Era o membro do grupo mais próximo de Robert — ambos tocavam juntos desde antes, na Band of Joy.
Além disso, enquanto Page e Jones já eram profissionais da música consolidados antes do Led, Plant poderia ser classificado como um “novato”. Projetos anteriores à parte, sua carreira na música só havia existido de fato com o Zeppelin. Com o fim da banda, o que fazer da vida?
Em entrevista de 2023 à Vulture, ele relembrou tais dilemas ao definir, ainda que indiretamente, seu trabalho na década de 1980 como sua “era mais questionável no âmbito musical”. Ele só se reencontrou por intermédio da amizade com outro lendário baterista: Phil Collins, eterno integrante do Genesis a quem definiu como “força motriz” no período.
“Depois que John faleceu e o Led Zeppelin acabou, tinha que haver um caminho a percorrer. Tive problemas com isso, porque até meus 32 anos, eu estava em algum tipo de aventura selvagem e absurda… Phil Collins foi especialmente uma força motriz e trouxe energia positiva ao meu primeiro disco, ‘Pictures at Eleven’ (1982).”
De acordo com Plant, a colaboração de Collins se deu não somente de forma musical. O baterista também contribuiu ao oferecer apoio ao amigo, até porque anos antes ele passou por uma situação similar com alguns integrantes deixando o Genesis, como o vocalista Peter Gabriel e o guitarrista Steve Hackett.
“Não era difícil me reunir com outras pessoas, só era difícil saber se conseguiríamos ou não fazer algo adequado. Phil não era tanto de dar conselhos, mas sim encorajar, oferecer consideração. Ele era muito determinado. Tinha apenas um curto período de tempo para vir ao estúdio no País de Gales e fazer rolar. Daí saímos em turnê e ele falou: ‘Robert, o cara que sentiu atrás de você por todos esses anos foi o meu herói. Qualquer coisa que eu possa fazer para te ajudar a voltar à forma novamente, estou aqui’.”
Robert Plant e Phil Collins
A dedicação de Phil Collins ao ajudar Robert Plant é ainda mais impressionante se considerarmos a fase que sua própria carreira vivia naquele momento. O baterista estava no auge comercial do Genesis e emplacava uma carreira solo também de enorme êxito.
Com a saída de Peter Gabriel, o Genesis passou a ter Phil Collins nos vocais principais e investiu em uma sonoridade mais pop. Como resultado, todos os discos lançados pela banda na década de 1980 atingiram o topo das paradas britânicas e venderam milhões de cópias também nos Estados Unidos — com destaque ao homônimo “Genesis” (1983) e “Invisible Touch” (1986), cada um ultrapassando a marca de 4 milhões de unidades comercializadas no país.
Ao mesmo tempo, a carreira solo de Collins decolava. Seus primeiros álbuns sozinho, “Face Value” (1981) e “Hello, I Must Be Going!” (1982), venderam juntos mais de 9 milhões de cópias — número que o trabalho seguinte, “No Jacket Recquired” (1985), superaria sozinho com suas 12 milhões de unidades comercializadas somente nos Estados Unidos.
Definitivamente, Phil Collins não precisaria de outra ocupação para ganhar dinheiro ou algo do tipo. Ainda assim, participou de oito músicas do primeiro álbum solo de Robert Plant, o já mencionado “Pictures at Eleven”, e gravou outras seis do segundo disco, “The Principle of Moments” (1983). Além disso, saiu em turnê com o amigo e também ocupou a vaga de John Bonham na desastrada reunião do Led Zeppelin no Live Aid, em 1985.
Tudo isso é citado e reconhecido por Robert na entrevista à Vulture. Ele pontua:
“Isso foi na época em que ‘In the Air Tonight’ foi lançada. Ainda assim, ele estava mixando e trabalhando comigo enquanto iniciava um período particularmente impressionante e bem-sucedido para si mesmo. Ele tem um grande espírito, é um grande homem.”
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