Todo grande artista se arrepende de alguma música. Existem vários motivos para definir uma canção como cringe – aquela sensação de desconforto e vergonha, alheia ou própria – e isso afeta até Geezer Butler.
Em entrevista ao Lifeminute (via Ultimate Guitar), o baixista e principal letrista do Black Sabbath foi convidado a revelar qual faixa o faz olhar para trás e questionar seu julgamento. O músico não perdeu tempo:
“Uma que eu compus chamada ‘Gypsy’.”
A música em questão faz parte do álbum “Technical Ecstasy” (1976), penúltimo da fase original com o vocalista Ozzy Osbourne e um dos mais polêmicos da carreira do Sabbath. O grupo passava por problemas internos e as gravações foram marcadas por complacência da maioria da banda.
Entretanto, o mencionado contexto de bastidores parece não ter influenciado a decisão de Butler. O músico sofre cringe por algo mais fundamental:
“Talvez porque tenha sido eu quem compus e eu odeio escutar o que compus. Tudo sobre a canção é, sei lá… É estranha.”
Acusações de satanismo contra o Black Sabbath
Ainda na entrevista, Butler abordou as acusações de satanismo jogadas contra o grupo ao longo da carreira. O músico, católico devoto, afirmou que as composições são mais sobre dilemas de fé e seus próprios medos relacionados ao além, nascidos de sua religião.
“Muitas coisas foram mal interpretadas só por causa do nome da banda. A música ‘After Forever’ era puramente a coisa mais cristã que você poderia ouvir. É sobre perder a fé. As pessoas acham que perderam a fé, mas o que elas fazem no leito de morte? Vão recuperar a fé e de repente acreditar na coisa toda de novo ou não? E a música ‘Black Sabbath’… havia um grande movimento de magia negra e satanismo acontecendo na Inglaterra no final dos anos 60, então ela na verdade alerta as pessoas sobre entrar nisso.”
A confusão, segundo ele, aconteceu especialmente nos Estados Unidos. O baixista conclui:
“Ninguém realmente se importava com isso na Europa e na Inglaterra. Quando cheguei nos Estados Unidos, não conseguia acreditar no quão grande o cristianismo ainda era. E todas essas pessoas que estavam tentando transformar letras pró-cristianismo contra nós, e nos interpretaram completamente mal.”
Sobre Geezer Butler
Terence Michael Joseph Butler nasceu em Aston, Inglaterra. Ganhou seu apelido aos oito anos de idade, por se referir a todos os amigos como geezer (velhote). Desde a infância, adotou uma dieta vegetariana, se tornando vegano com o passar da vida. É um ativista pelas causas animais, tendo colaborado com a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) em várias campanhas.
Muito influenciado pelos textos de Aleister Crowley, Butler foi o principal letrista do Black Sabbath nos anos da formação original. Entre idas e vindas, também integrou a banda solo de Ozzy Osbourne duas vezes. Entrou em 1989 para a turnê de “No Rest for the Wicked”, ficou até 1991 e retornou em 1995, quando gravou o álbum “Ozzmosis”.
Teve um projeto solo que variou de nome, começando como Geezer Butler Band e passando por Geezer até chegar em G/Z/R. A sonoridade também se alterou com o passar dos anos, agregando influências contemporâneas. Ainda participou recentemente do supergrupo Deadland Ritual, com membros atuais e antigos do Guns N’ Roses, Scars on Broadway e de Billy Idol.
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