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Satyricon em Brasília: show categórico e digno da 1ª prateleira do black metal

Com banda de apoio afiada e som impecável, Satyr e Frost honram a tradição norueguesa, mas também mostram que souberam renovar seu público

Apesar de ter tido origem e desenvolvimento no epicentro do black metal produzido na Noruega nos anos 1990, o Satyricon nunca esteve na linha de frente do movimento. Satyr (voz/guitarra) e Frost (bateria) podem esmurrar a porta, mas não entram numa hipotética sala onde estão os principais arquitetos do, abre aspas, “verdadeiro black metal norueguês”: Mayhem, Darkthrone e Emperor.

Isso, porém, não os impede de honrar com louvor os cânones do estilo. Ao vivo, principalmente, a banda ainda tem atributos suficientes para carregar a tocha acesa por seus conterrâneos há pouco mais de três décadas e até ir além.

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Com um setlist bastante variado e abrangente, incluindo músicas relativamente recentes que conversam diretamente com um público mais jovem, o duo mostra que soube renovar sua audiência e entrega vitalidade rara de se encontrar entre expoentes mais antigos de um gênero, por vezes, cansado.

Foto: Lucas Bolzan @olucasbolzan

Foi o que se viu na noite de quinta-feira (14) na Toinha, em Brasília, na segunda de duas apresentações da banda no Brasil – no dia anterior (13), tocaram em São Paulo. Um show categórico, digno da primeira prateleira do black metal.

Noite fria, show quente

Choveu bastante entre o fim de tarde e início da noite na capital federal. Mesmo assim, o público não se afugentou e compareceu em bom número, aproveitando um pequeno atraso de 20 minutos para se acomodar na casa, cada vez mais consolidada como o reduto dos eventos de metal a médio porte na cidade.

Foto: Lucas Bolzan @olucasbolzan

Não houve banda de abertura. Desde o início, já era possível ver toda a parafernália dos noruegueses no palco – com destaque para a bateria de Frost, posicionada um pouco mais à frente que o habitual para a configuração de um sexteto.

Às 21h20, a intro de “To Your Brethren in the Dark” deu a largada. Logo de cara, duas coisas ficaram evidentes nessa estreia deles em Brasília: a qualidade de som estava impecável (e permaneceria assim até o fim), bem como a iluminação, que se provaria um elemento decisivo para o impacto visual da apresentação.

Foto: Lucas Bolzan @olucasbolzan

A despeito de o black metal norueguês se notabilizar por riffs gélidos e cortantes, como em “Forhekset” e “Du Som Hater Gud”, do clássico “Nemesis Divina” (1996), o Satyricon faz um contraponto com as “quentes” “Black Crow on a Tombstone” e “Now, Diabolical”, sendo essa a primeira a levantar o público com veemência.

Foto: Lucas Bolzan @olucasbolzan

Banda afiadíssima

O entrosamento da banda de apoio é de se reverenciar. Nem parece que houve um hiato de cinco anos (2019-2024) sem turnês. Os guitarristas Steinar “Azarak” Gundersen e Ben Ash reproduzem com fidelidade os timbres e detalhes mais sutis, seja na intrincada “Black Wings and Withering Gloom” ou na épica e climática “Hvite Krists død”, resgatada do álbum “The Shadowthrone” (1994).

Foto: Lucas Bolzan @olucasbolzan

Em relação ao repertório de São Paulo, saíram “Nemesis Divina”, “Walk the Path of Sorrow” e “Filthgrinder” para a entrada das já citadas “Forhekset” e “Du Som Hater Gud”, além de “Commando” e “The Wolfpack”, que foi extremamente bem recebida. É a típica canção que levanta o tal público rejuvenescido.

Do meio para o final do show, Satyr faz uso de uma Flying V branca, aumentando para três o número de guitarras em determinadas músicas. É o caso de “The Pentagram Burns”, que encaminha a reta final da apresentação.

O clímax se dá com a dobradinha “Mother North”, que praticamente define a tradição norueguesa e seus estilemas, e a roqueira “K.I.N.G.”, principal “hit” da banda. Na prática, é o encontro entre o velho e o atual Satyricon, que pode até não agradar a todos, mas transita como poucos por diferentes alas do black metal.

*Errata: Diferentemente do que foi publicado inicialmente, o guitarrista que acompanhou Steinar “Azarak” Gundersen não era Attila Voros, mas Ben Ash, que esteve envolvido com a turnê latino-americana em geral.

Foto: Lucas Bolzan @olucasbolzan

Satyricon – ao vivo em Brasília

  • Local: Toinha
  • Data: 14 de novembro de 2024
  • Turnê: Latin America Tour 2024

Repertório:

  1. To Your Brethren in the Dark
  2. Forhekset
  3. Now, Diabolical
  4. Black Crow on a Tombstone
  5. Deep Calleth Upon Deep
  6. Our World, It Rumbles Tonight
  7. Repined Bastard Nation
  8. Black Wings and Withering Gloom
  9. Hvite Krists død
  10. Du Som Hater Gud
  11. Die by My Hand
  12. The Wolfpack
  13. Commando
  14. To the Mountains
  15. The Pentagram Burns
  16. Fuel For Hatred
  17. Mother North
  18. K.I.N.G.
Foto: Lucas Bolzan @olucasbolzan

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Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves é jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG). É repórter do Globo Esporte e atua no jornalismo esportivo desde 2008. Colecionador de discos e melômano, também escreve sobre música e já colaborou para veículos como Collectors Room e Rock Brigade. Revisa livros das editoras Belas Letras e Estética Torta e edita o Morbus Zine, dedicado ao death metal e grindcore.

2 COMENTÁRIOS

  1. Me pergunto se dá para levar a sério uma resenha na qual nem a identidade dos integrantes está certa. Era o Ben Ash na guitarra, não o Attila Vörös. Imagine se não tivesse o setlist.fm para você ter a cola dos títulos das músicas… Um abraço.

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