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Ernie C revela como Sharon Osbourne tentou intimidá-lo quando ele produziu o Black Sabbath

Guitarrista do Body Count trabalhou com a banda no polêmico disco "Forbidden" — e ficou assustado com certa atitude da empresária e esposa de Ozzy

Ernie C trabalhou com o Black Sabbath na década de 1990. O guitarrista do Body Count ficou responsável pela produção do polêmico disco “Forbidden” (1995), o último com Tony Martin nos vocais e Geoff Nicholls no teclado e o penúltimo álbum de estúdio de toda discografia da banda — que, posteriormente, disponibilizou apenas “13” (2013) e o EP “The End” (2016). 

Recentemente, o músico — criticado publicamente pelo resultado do material pelos próprios integrantes — relembrou o período em questão. Ao fazê-lo durante bate-papo com o canal The Metal Voice, contou que Sharon Osbourne tentou intimidá-lo por colaborar com o grupo à época. 

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Como Ozzy Osbourne, marido da empresária e então ex-vocalista do Sabbath, não fazia parte da formação desde 1979 e seguia carreira solo, havia a ideia de que ela queria prejudicar os novos trabalhos da banda. Por isso, enviou uma notificação extrajudicial ao artista, para convencê-lo de não seguir em estúdio com os integrantes. 

Conforme transcrição da BraveWords, ele mencionou a atitude e até mesmo revelou ter ficado assustado com a intimação. Tony Iommi, guitarrista, acabou o tranquilizando ao deixar claro que tal comportamento era comum do lado da empresária.

Disse Ernie: 

“Foi uma boa experiência [fazer o álbum]. Isso fez com que eu dissesse para mim mesmo, ‘ok, eu sou aceito no rock’. [Naquela época] Tony e Ozzy não se davam bem. Tanto que eu disse para ele: ‘você deveria fazer algo com Ozzy’. E depois disso ele tocou no Ozzfest. Enquanto estávamos no estúdio, recebi uma carta judicial de Sharon para desistir do álbum. Tony me disse; ‘não se preocupe com isso, ela faz isso com todo mundo, ela só está tentando te assustar’. Pensei: ‘ela está fazendo um ótimo trabalho’. [Risos].”

Sharon Osbourne e alegada sabotagem ao Black Sabbath

Anteriormente, ex-membros do Black Sabbath citaram supostas sabotagens da empresária. Segundo Tony Martin, Sharon Osbourne marcava propositalmente as apresentações do marido nas mesmas cidades do grupo na década de 1980. 

Devido à baixa venda de ingressos, a turnê que começou nos Estados Unidos em maio de 1989 divulgando o álbum “Headless Cross” (1989), o segundo com sua participação, precisou ser cancelada após oito compromissos. Para a revista Classic Rock em maio, o vocalista afirmou (via Guitar.com):

“Todas as noites, Sharon colocava Ozzy nas mesmas cidades em que estávamos marcados para tocar. Eles queriam dividir os fãs e deu certo. Não posso afirmar com certeza que [a atitude] foi algo calculado, mas eles foram poderosos o suficiente. Eles não gostaram do fato de que estávamos em turnê e sendo meio bem-sucedidos.”

Já em entrevista de 2021 à Rolling Stone, o baixista Neil Murray também resgatou o boato. Apesar de não afirmar com toda a certeza que a empresária realmente fazia algo contra o grupo, deixou no ar a possibilidade ao relembrar do rumor.

“Em nosso campo, havia muita conversa de que Sharon Osbourne estava por trás de sabotar a divulgação de nossos shows. Ouvi falar que ela contratou gente para colocar adesivos de ‘cancelado’ em pôsteres de shows do Black Sabbath quando, na verdade, não estava cancelado. Era esse tipo de coisa.”

Sobre “Forbidden”, do Black Sabbath

“Forbidden” (1995) é quase uma unanimidade na discografia do Black Sabbath, só que de forma negativa: praticamente ninguém gosta. Isso inclui Tony Iommi e praticamente todos os envolvidos no álbum, que, como mencionado, contou com a produção de Ernie C, guitarrista do Body Count, bem como a participação do rapper Ice-T na faixa “The Illusion of Power”.

Em maio último, o disco ganhou uma nova mixagem e foi relançado no box “Anno Domini: 1989-1995”, que reúne outros trabalhos da “era Tony Martin” do Sabbath. Os dois Tonys divulgaram alguns vídeos no YouTube comentando sobre os álbuns e ao abordar “Forbidden”, Iommi contou quais foram os principais problemas.

O guitarrista disse, conforme transcrição do Ultimate Guitar:

“Bem, basicamente, (o problema foi) foi a I.R.S., a gravadora. Apenas não funcionou e ninguém ficou nem um pouco feliz com aquilo. Mas nós aceitamos, porque era uma coisa da gravadora e nós fomos meio que derrotados, na verdade.”

A grande interferência da gravadora em “Forbidden” foi a presença de Ernie C como produtor. No mesmo vídeo, Iommi comentou a produção do guitarrista do Body Count e o que foi feito na remixagem para resolver o máximo possível dos problemas.

“Com a remixagem… nós não gostamos do que Ernie fez. Ernie faz o que faz com Ice-T, o que é ótimo e nós o respeitamos, mas não funcionou conosco. Pegando aquilo e ouvindo, apenas não soa certo. Há partes lá que não estavam realmente no disco… mas você só pode fazer o possível, não dá para regravar a coisa toda. Então, tivemos que manter como era, mas tentar melhorar o som.”

Nem sempre Tony Iommi pegou tão leve assim nas críticas a Ernie C e seu trabalho no disco. Em 2019, falando à Classic Rock, o líder do Sabbath rasgou o verbo e deu mais detalhes do que realmente aconteceu em “Forbidden”.

“Alguém na gravadora sugeriu que trabalhássemos com Ice-T. Minha reação foi: ‘quem diabos é ele?’. Porém, nós o conhecemos e ele era um cara legal, além de fã do Sabbath. Ernie C acabou produzindo, o que foi um erro terrível. Ele tentou fazer Cozy Powell tocar umas linhas de hip hop, o que, com razão, o ofendeu. Não se deve dizer a Cozy Powell como tocar bateria.”

O outro lado

Em entrevista ao podcast do músico Danko Jones, transcrita pelo Blabbermouth, Ernie C também falou sobre “Forbidden”. Ele apontou que Iommi conhecia sim Ice-T e afirmou que o próprio guitarrista lhe convidou para produzir o álbum, não uma imposição da gravadora.

“No primeiro álbum do Ice-T, ele usou samples de ‘War Pigs’. Tony ouviu e disse que gostou. Ele soube que eu produzi os primeiros discos do Body Count e nos ligou. […] Foi uma boa experiência. Posso dizer que fiz um álbum do Black Sabbath. E também me fez notar que eu não queria produzir bandas já consagradas. É melhor produzir pessoas mais jovens, que te ouvem.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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