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O álbum que libertou os Beatles segundo Paul McCartney

Para disco em questão, músicos adotaram uma nova abordagem e assumiram alter-egos em vez das próprias personalidades

Diante da pressão de estar nos Beatles, Paul McCartney quis que a banda inovasse durante o processo de criação de seu oitavo álbum de estúdio. Para o músico, se os membros deixassem de lado seus papéis no Fab Four e assumissem alter egos, conseguiram entregar um trabalho muito mais ousado e espontâneo. 

Assim, surgiu o conceito para o Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967), um dos discos mais importantes da história da música. Ao abordar os bastidores do material nas notas da versão remasterizada de 2008, Macca atribuiu o projeto como responsável por libertar o grupo. 

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Conforme compartilhado pela American Songwriter, o artista refletiu: 

“Um dia enquanto comíamos, estávamos falando sobre sal e pimenta [salt and pepper], mas acabaram ouvindo o nome Sgt. Pepper. Então tive a ideia para a música ‘Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band’ e pensei que seria interessante para nós fingirmos, durante a produção do álbum, que éramos membros desta banda em vez dos Beatles, para nos dar uma nova abordagem. A ideia para aquele disco era que teríamos alter egos […]. Concluímos que seria legal se cantássemos com outras identidades. Nós nos libertamos e fizemos um disco muito livre por causa disso.”

Para o livro “Paul McCartney: Many Years From Now”, escrito por Barry Miles e publicado em 1997, Paul explicou porque era tão importante para os Beatles que mudassem suas personalidades. Ao seu ver, a banda ainda tinha uma imagem infantilizada, da qual queriam distanciar-se ao máximo – o que foi possível com o “Sgt. Peppers”.

Segundo o site The Paul McCartney Project, ele disse à época:

“Estávamos fartos de ser os Beatles. Nós realmente odiávamos aquela abordagem em que éramos quatro garotinhos. Não éramos garotos, éramos homens. Não queríamos mais aquilo. Além disso, naquela época estávamos viciados em maconha e nos víamos como artistas, em vez de apenas intérpretes. Não só John e eu estávamos compondo, mas George também estava. Tínhamos feito filmes, John tinha escrito livros, então era natural que nos tornássemos artistas.

Então, de repente, no avião, eu tive essa ideia. Pensei: ‘não vamos ser nós mesmos, vamos desenvolver alter egos para projetarmos uma nova imagem’. Seria muito mais livre e realmente interessante assumir novas personas diferentes.Então eu tive essa ideia de dar alter egos aos Beatles, simplesmente para termos uma abordagem diferente. Pensei que poderíamos aplicar essa filosofia em todo o álbum: com essa banda de alter egos, não seríamos nós fazendo todo aquele som, não seriam os Beatles, seria essa outra banda, então poderíamos deixar de lado nossas identidades.”

Beatles e “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”

No dia 26 de maio de 1967, os Beatles lançaram “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, seu 8º disco de estúdio. Em 2011, estimava-se que mais de 32 milhões de cópias do álbum haviam sido vendidas em todo o mundo. A crítica especializada ainda aplaude “Sgt. Pepper’s” e o cita como um dos projetos mais influentes da história da música – se não o mais importante.

Musicalmente, “Sgt. Pepper’s” ofereceu uma espécie de “guia” para trabalhos de rock e pop que viriam na sequência. A pegada teatral e a mistura de diversas influências a uma concepção psicodélica marcam o álbum, que tem pitadas de avant-garde, música clássica, blues, jazz e muito mais.

Boa parte dos experimentos do material está no uso de técnicas distintas de gravação, como o processamento de sinal, registro por meio de unidade DI, controle de diapasão, processamento digital via Ambiophonics e Automatic double tracking (ADT), técnica que realça sons por meio de delays. Alguns desses métodos soam até obsoletos hoje em dia, mas criaram camadas e texturas inéditas para a época.

A concepção visual de “Sgt. Pepper’s” também era ousada. O trabalho gráfico, que começa na capa e atravessa todo o encarte, se tornou icônico. Foi um dos primeiros álbuns conceituais – com uma temática que guia todas as letras – da música.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

2 COMENTÁRIOS

  1. Conspiração do universo, em colocando juntos pessoas que nunca teriam sido escolhidas, ou selecionadas, concursos, para os feitos que se expressaram através da música,mas na realidade vieram modificar todo um comportamento e uma visão do universo que mudaria o mundo em todos os aspectos.
    Nem eles sabem o que fizeram com a humanidade, e não tem mais volta.

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