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Com “música nova”, Paul McCartney retorna a SP com a intensidade de sempre

“Now and Then” foi única novidade do Beatle ao emocionar público que esgotou ingressos de show que inicia retorno ao país em menos de um ano

Depois de um giro de oito datas pelo Brasil no fim de 2023, não deixa de ser inusitado que o retorno de Paul McCartney ao país em menos de um ano tenha sido marcado pela execução inédita de uma música “nova” dos Beatles.

“Now and Then”, lançada em novembro do ano passado, teve sua estreia na atual turnê sul-americana. A reação emocionada do público paulistano no Allianz Parque, na última terça-feira (15), também veio graças ao auxílio das imagens nostálgicas no telão, uma constante nas apresentações recentes do eterno Beatle, com direito até a um “dueto” com John Lennon, já no bis, em “I’ve Got a Feeling”.

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Exceto pela “última canção dos Beatles”, não houve nada de muito diferente em relação aos três shows do ano passado no estádio onde McCartney chegará à sua décima apresentação na quarta-feira (16).

Foto: Marcos Hermes @marcoshermes via Bonus Track

Cá entre nós, não é muito digno de atenção quem reclame de presenciar mais uma noite o histórico senhor de oitenta e dois anos tocando, cantando e se divertindo por duas horas e meia praticamente ininterruptas um repertório majoritariamente de clássicos dos Beatles.

Claro, entre quem esgotou os ingressos da primeira de três datas no Brasil neste ano, havia aqueles para os quais tudo ainda foi novidade, inclusive crianças talvez estreando num show de rock — que sorte a delas.

O perfil do público na terça à noite, porém, era majoritariamente de casais de meia idade, num ambiente menos “família” do que nos shows em 2023. E menos abarrotado, também, a julgar pela facilidade de circulação na pista premium e o menor tumulto nas ruas ao sair do estádio localizado na zona oeste paulistana.

Roteiro idêntico e 100% ao vivo

O roteiro foi idêntico ao do ano passado. “A Hard Day’s Night” foi o apropriado início para um show num dia útil, iniciado precisamente às 20h30. Antes, o público se aqueceu na amena noite paulistana com o sistema de som do estádio executando por meia hora músicas variadas, inclusive do catálogo dos Beatles. Neste período, o telão trazia um edifício em que se sobrepunham imagens históricas da carreira de McCartney, até terminar com seu lendário baixo Höfner.

O dono da festa apareceu de barba por fazer e um terno que parecia encobrir uma camisa jeans. Depois, descobriríamos ser só um estilo do paletó, quando McCartney, já devidamente aquecido, fez sua graça ao tirá-lo, deixando visíveis umas pulseirinhas no braço parecidas com aquelas trocadas entre fãs de Taylor Swift.

Foto: Marcos Hermes @marcoshermes via Bonus Track

Em relação ao ano passado, McCartney pareceu um pouco enferrujado no português e se atrapalhou um pouco ao ler as gírias quando fazia suas gracinhas ao se comunicar com público. Por volta de meia hora após o início do show, deu uma escorregada no riff de introdução de “Getting Better”, dos Beatles.

O show pode ter sido meticulosamente preparado e ensaiado, mas sempre foi uma apresentação ao vivo, com músicos tocando com seus monitores de retorno plantados no chão. Era Paul no palco ali se esgoelando durante a baladaça “Maybe I’m Amazed”, com sua voz falhando e sendo encoberta pelo instrumental, executado na hora, sem apoio de faixas pré-gravadas engessando a apresentação.

Ao lado do Beatle, os mesmos músicos que o acompanham nos últimos vinte anos: o baterista Abe Laboriel Jr, o guitarrista Rusty Anderson, o tecladista Paul Wickens, além de Brian Ray, revezando-se entre a guitarra e baixo, conforme o instrumento escolhido pelo patrão a cada faixa executada.

O trio de metais Hot City Horns, formado por Mike Davis no trompete, Kenji Fenton no saxofone e Paul Burton no trombone, deu seu tempero extra ao iniciar o show em frente à cadeira inferior lateral durante “Letting Go”, a segunda de duas faixas do Wings tocada na reta inicial.

A trinca logo assumiu seu lugar no fundo do palco, à direita de McCartney, e teve novamente destaque na animada “Got to Get You Into My Life”, faixa dos Beatles que, assim como a antecessora “Drive My Car”, manteve o público animado, mas sem despertar reações das mais acaloradas durante a etapa inicial da apresentação.

McCartney deixou seu Höfner de lado pela primeira vez para executar o blues pesado de “Let Me Roll It”, mais uma dos Wings, empunhando sua guitarra Les Paul “Crowd Goes Wild”. A referência à pintura das pessoas de braços erguidos no corpo do instrumento também serviu para a reação do público quando o Beatle solou no trecho de “Foxy Lady”, da Jimi Hendrix Experience, que veio emendado.

McCartney contou sobre quando conheceu o revolucionário guitarrista americano, em um show que, como não teria motivos para ser diferente, teve por nostalgia a sua tônica. E o clima saudosista aumentou quando se reproduziu no palco o ambiente de um barzinho de Liverpool para executar “In Spite of All the Danger”, primeira gravação da carreira do músico, ainda com os Quarrymen. Na sequência, “Love Me Do”, primeiro single registrado pelos Beatles, concluiu a primeira metade do repertório da noite.

A segunda etapa

Apesar de a já clássica dancinha de Abe Laboriel Jr em “Dance Tonight” ter iniciado a metade final da primeira parte da noite com uma faixa relativamente recente do álbum “Memory Almost Full” (2007), a única mudança foi o volume das cantorias pelo público nos clássicos que se seguiriam. A começar pelo hino “Blackbird”, com Paul tocando seu violão sobre uma plataforma, projetado quase ao teto do palco, onde ficou para executar “Here Today”, dedicada a John Lennon.

De volta ao chão do palco, a “nova” “Now and Then” foi executada e o telão começou a disputar a atenção do público com Paul McCartney. As bugigangas de inteligência artificial de Peter Jackson o transformaram quase num novo George Martin.

O cineasta não apenas conseguiu recuperar a gravação caseira que permitiu a conclusão da faixa abandonada durante as tentativas de registro de canções inéditas para a coletânea “Anthology” nos anos 1990, agora reproduzida ao vivo pela primeira vez no Brasil. Graças ao seu engenho, também foi possível isolar com qualidade elementos essenciais para permitir que o “dueto” de Paul e John Lennon, durante “I’ve Got a Feeling”, mais tarde no bis, parecesse quase real. E as imagens restauradas bem sincronizadas no telão enquanto eram executados clássicos do porte de “Something”, com coros estrondosos, e “Get Back”, levaram muitos ali às lágrimas.

Após brincar com as cantorias do público em “Lady Madonna” e “Ob-La-Di, Ob-La-Da” além dos momentos musicais mais intensos com “Jet” e “Band on the Run”, dos Wings, e até psicodélicos em “Being for the Benefit of Mr. Kite!”, “Let it Be” começou de forma emotiva a tradicional trinca final do repertório convencional.

“Live and Let Die” — “cover do Guns N’ Roses”, dirão alguns incautos — botou fogo e explodiu tudo no palco, literalmente, antes de “Hey Jude” despertar a torrente de lágrimas e coros. Afinal, só os tolos fingiram indiferença nessa hora enquanto “manos” e “minas” cantavam o “na-na-na-na”, antes e depois de Paul McCartney e sua banda saírem brevemente do palco.

Bis e pista esvaziada

Boa parte do público então foi ao banheiro, ou pegar uma bebida, até mesmo embora, mas o fato é que a pista deu uma esvaziada. Apesar da “participação especial” de John Lennon no bis, o clima geral no Allianz Parque foi mais de uma bonus track, pois é praticamente impossível superar a catarse de “Hey Jude”.

A divertida “Birthday” não colaborou muito para manter o público interessado e quando, na reprise de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, McCartney veio pedir desculpas pois era hora de ir embora, a movimentação da pista já era majoritariamente no sentido oposto ao palco. O peso de “Helter Skelter” não foi o suficiente para mudar esse fluxo.

Foto: Marcos Hermes @marcoshermes via Bonus Track

Mas, se antes havia algum outro jeito de voltar para casa, não tem como Paul McCartney encerrar seu show sem a tríade final do álbum “Abbey Road” (1969). Não era tanto o meio de uma celebração, mas quem acompanhou desmoronou ao som das lindas “Golden Slumber” e “Carry that Weight”, com Paul em seu piano, antes de empunhar a guitarra para trocar solos antes da mensagem final de “The End”.

Quando Paul McCartney deixou o palco prometendo voltar, ao final do chuvoso terceiro show em São Paulo em 2023, só um louco seria capaz de apostar as suas fichas no então corrente — e infundado — boato de aposentadoria do Beatle.

Ao repetir a promessa em 2024, com mais oito shows marcados na América Latina após encerrar sua passagem no Brasil e uma miniturnê europeia ainda neste ano, já esperamos para breve seu retorno a um dos quatro países onde o músico mais se apresentou desde 1982. Rumo ao pódio.

Foto: Marcos Hermes @marcoshermes via Bonus Track

Paul McCartney – ao vivo em São Paulo

  • Local: Allianz Parque
  • Data: 15 de outubro de 2024
  • Turnê: Got Back
  • Produção: Bonus Track

Repertório:

  1. A Hard Day’s Night
  2. Junior’s Farm
  3. Letting Go
  4. Drive My Car
  5. Got to Get You Into My Life
  6. Come On to Me
  7. Let Me Roll It / Foxy Lady (trecho de cover da Jimi Hendrix Experience)
  8. Getting Better
  9. Let ‘Em In
  10. My Valentine
  11. Nineteen Hundred and Eighty-Five
  12. Maybe I’m Amazed
  13. I’ve Just Seen a Face
  14. In Spite of All the Danger
  15. Love Me Do
  16. Dance Tonight
  17. Blackbird
  18. Here Today (dedicada a John Lennon)
  19. Now and Then
  20. New
  21. Lady Madonna
  22. Jet
  23. Being for the Benefit of Mr. Kite!
  24. Something
  25. Ob-La-Di, Ob-La-Da
  26. Band on the Run
  27. Get Back
  28. Let It Be
  29. Live and Let Die
  30. Hey Jude

Bis:

  1. I’ve Got a Feeling
  2. Birthday
  3. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Reprise)
  4. Helter Skelter
  5. Golden Slumbers
  6. Carry That Weight
  7. The End

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Thiago Zuma
Thiago Zuma
Formado em Direito na PUC-SP e Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, Thiago Zuma, 43, abandonou a vida de profissional liberal e a faculdade de História na USP para entrar no serviço público, mas nunca largou o heavy metal desde 1991, viajando o mundo para ver suas bandas favoritas, novas ou velhas, e ocasionalmente colaborando com sites de música.

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Depois de um giro de oito datas pelo Brasil no fim de 2023, não deixa de ser inusitado que o retorno de Paul McCartney ao país em menos de um ano tenha sido marcado pela execução inédita de uma música “nova” dos Beatles.

“Now and Then”, lançada em novembro do ano passado, teve sua estreia na atual turnê sul-americana. A reação emocionada do público paulistano no Allianz Parque, na última terça-feira (15), também veio graças ao auxílio das imagens nostálgicas no telão, uma constante nas apresentações recentes do eterno Beatle, com direito até a um “dueto” com John Lennon, já no bis, em “I’ve Got a Feeling”.

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Exceto pela “última canção dos Beatles”, não houve nada de muito diferente em relação aos três shows do ano passado no estádio onde McCartney chegará à sua décima apresentação na quarta-feira (16).

Foto: Marcos Hermes @marcoshermes via Bonus Track

Cá entre nós, não é muito digno de atenção quem reclame de presenciar mais uma noite o histórico senhor de oitenta e dois anos tocando, cantando e se divertindo por duas horas e meia praticamente ininterruptas um repertório majoritariamente de clássicos dos Beatles.

Claro, entre quem esgotou os ingressos da primeira de três datas no Brasil neste ano, havia aqueles para os quais tudo ainda foi novidade, inclusive crianças talvez estreando num show de rock — que sorte a delas.

O perfil do público na terça à noite, porém, era majoritariamente de casais de meia idade, num ambiente menos “família” do que nos shows em 2023. E menos abarrotado, também, a julgar pela facilidade de circulação na pista premium e o menor tumulto nas ruas ao sair do estádio localizado na zona oeste paulistana.

Roteiro idêntico e 100% ao vivo

O roteiro foi idêntico ao do ano passado. “A Hard Day’s Night” foi o apropriado início para um show num dia útil, iniciado precisamente às 20h30. Antes, o público se aqueceu na amena noite paulistana com o sistema de som do estádio executando por meia hora músicas variadas, inclusive do catálogo dos Beatles. Neste período, o telão trazia um edifício em que se sobrepunham imagens históricas da carreira de McCartney, até terminar com seu lendário baixo Höfner.

O dono da festa apareceu de barba por fazer e um terno que parecia encobrir uma camisa jeans. Depois, descobriríamos ser só um estilo do paletó, quando McCartney, já devidamente aquecido, fez sua graça ao tirá-lo, deixando visíveis umas pulseirinhas no braço parecidas com aquelas trocadas entre fãs de Taylor Swift.

Foto: Marcos Hermes @marcoshermes via Bonus Track

Em relação ao ano passado, McCartney pareceu um pouco enferrujado no português e se atrapalhou um pouco ao ler as gírias quando fazia suas gracinhas ao se comunicar com público. Por volta de meia hora após o início do show, deu uma escorregada no riff de introdução de “Getting Better”, dos Beatles.

O show pode ter sido meticulosamente preparado e ensaiado, mas sempre foi uma apresentação ao vivo, com músicos tocando com seus monitores de retorno plantados no chão. Era Paul no palco ali se esgoelando durante a baladaça “Maybe I’m Amazed”, com sua voz falhando e sendo encoberta pelo instrumental, executado na hora, sem apoio de faixas pré-gravadas engessando a apresentação.

Ao lado do Beatle, os mesmos músicos que o acompanham nos últimos vinte anos: o baterista Abe Laboriel Jr, o guitarrista Rusty Anderson, o tecladista Paul Wickens, além de Brian Ray, revezando-se entre a guitarra e baixo, conforme o instrumento escolhido pelo patrão a cada faixa executada.

O trio de metais Hot City Horns, formado por Mike Davis no trompete, Kenji Fenton no saxofone e Paul Burton no trombone, deu seu tempero extra ao iniciar o show em frente à cadeira inferior lateral durante “Letting Go”, a segunda de duas faixas do Wings tocada na reta inicial.

A trinca logo assumiu seu lugar no fundo do palco, à direita de McCartney, e teve novamente destaque na animada “Got to Get You Into My Life”, faixa dos Beatles que, assim como a antecessora “Drive My Car”, manteve o público animado, mas sem despertar reações das mais acaloradas durante a etapa inicial da apresentação.

McCartney deixou seu Höfner de lado pela primeira vez para executar o blues pesado de “Let Me Roll It”, mais uma dos Wings, empunhando sua guitarra Les Paul “Crowd Goes Wild”. A referência à pintura das pessoas de braços erguidos no corpo do instrumento também serviu para a reação do público quando o Beatle solou no trecho de “Foxy Lady”, da Jimi Hendrix Experience, que veio emendado.

McCartney contou sobre quando conheceu o revolucionário guitarrista americano, em um show que, como não teria motivos para ser diferente, teve por nostalgia a sua tônica. E o clima saudosista aumentou quando se reproduziu no palco o ambiente de um barzinho de Liverpool para executar “In Spite of All the Danger”, primeira gravação da carreira do músico, ainda com os Quarrymen. Na sequência, “Love Me Do”, primeiro single registrado pelos Beatles, concluiu a primeira metade do repertório da noite.

A segunda etapa

Apesar de a já clássica dancinha de Abe Laboriel Jr em “Dance Tonight” ter iniciado a metade final da primeira parte da noite com uma faixa relativamente recente do álbum “Memory Almost Full” (2007), a única mudança foi o volume das cantorias pelo público nos clássicos que se seguiriam. A começar pelo hino “Blackbird”, com Paul tocando seu violão sobre uma plataforma, projetado quase ao teto do palco, onde ficou para executar “Here Today”, dedicada a John Lennon.

De volta ao chão do palco, a “nova” “Now and Then” foi executada e o telão começou a disputar a atenção do público com Paul McCartney. As bugigangas de inteligência artificial de Peter Jackson o transformaram quase num novo George Martin.

O cineasta não apenas conseguiu recuperar a gravação caseira que permitiu a conclusão da faixa abandonada durante as tentativas de registro de canções inéditas para a coletânea “Anthology” nos anos 1990, agora reproduzida ao vivo pela primeira vez no Brasil. Graças ao seu engenho, também foi possível isolar com qualidade elementos essenciais para permitir que o “dueto” de Paul e John Lennon, durante “I’ve Got a Feeling”, mais tarde no bis, parecesse quase real. E as imagens restauradas bem sincronizadas no telão enquanto eram executados clássicos do porte de “Something”, com coros estrondosos, e “Get Back”, levaram muitos ali às lágrimas.

Após brincar com as cantorias do público em “Lady Madonna” e “Ob-La-Di, Ob-La-Da” além dos momentos musicais mais intensos com “Jet” e “Band on the Run”, dos Wings, e até psicodélicos em “Being for the Benefit of Mr. Kite!”, “Let it Be” começou de forma emotiva a tradicional trinca final do repertório convencional.

“Live and Let Die” — “cover do Guns N’ Roses”, dirão alguns incautos — botou fogo e explodiu tudo no palco, literalmente, antes de “Hey Jude” despertar a torrente de lágrimas e coros. Afinal, só os tolos fingiram indiferença nessa hora enquanto “manos” e “minas” cantavam o “na-na-na-na”, antes e depois de Paul McCartney e sua banda saírem brevemente do palco.

Bis e pista esvaziada

Boa parte do público então foi ao banheiro, ou pegar uma bebida, até mesmo embora, mas o fato é que a pista deu uma esvaziada. Apesar da “participação especial” de John Lennon no bis, o clima geral no Allianz Parque foi mais de uma bonus track, pois é praticamente impossível superar a catarse de “Hey Jude”.

A divertida “Birthday” não colaborou muito para manter o público interessado e quando, na reprise de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, McCartney veio pedir desculpas pois era hora de ir embora, a movimentação da pista já era majoritariamente no sentido oposto ao palco. O peso de “Helter Skelter” não foi o suficiente para mudar esse fluxo.

Foto: Marcos Hermes @marcoshermes via Bonus Track

Mas, se antes havia algum outro jeito de voltar para casa, não tem como Paul McCartney encerrar seu show sem a tríade final do álbum “Abbey Road” (1969). Não era tanto o meio de uma celebração, mas quem acompanhou desmoronou ao som das lindas “Golden Slumber” e “Carry that Weight”, com Paul em seu piano, antes de empunhar a guitarra para trocar solos antes da mensagem final de “The End”.

Quando Paul McCartney deixou o palco prometendo voltar, ao final do chuvoso terceiro show em São Paulo em 2023, só um louco seria capaz de apostar as suas fichas no então corrente — e infundado — boato de aposentadoria do Beatle.

Ao repetir a promessa em 2024, com mais oito shows marcados na América Latina após encerrar sua passagem no Brasil e uma miniturnê europeia ainda neste ano, já esperamos para breve seu retorno a um dos quatro países onde o músico mais se apresentou desde 1982. Rumo ao pódio.

Foto: Marcos Hermes @marcoshermes via Bonus Track

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  • Local: Allianz Parque
  • Data: 15 de outubro de 2024
  • Turnê: Got Back
  • Produção: Bonus Track

Repertório:

  1. A Hard Day’s Night
  2. Junior’s Farm
  3. Letting Go
  4. Drive My Car
  5. Got to Get You Into My Life
  6. Come On to Me
  7. Let Me Roll It / Foxy Lady (trecho de cover da Jimi Hendrix Experience)
  8. Getting Better
  9. Let ‘Em In
  10. My Valentine
  11. Nineteen Hundred and Eighty-Five
  12. Maybe I’m Amazed
  13. I’ve Just Seen a Face
  14. In Spite of All the Danger
  15. Love Me Do
  16. Dance Tonight
  17. Blackbird
  18. Here Today (dedicada a John Lennon)
  19. Now and Then
  20. New
  21. Lady Madonna
  22. Jet
  23. Being for the Benefit of Mr. Kite!
  24. Something
  25. Ob-La-Di, Ob-La-Da
  26. Band on the Run
  27. Get Back
  28. Let It Be
  29. Live and Let Die
  30. Hey Jude

Bis:

  1. I’ve Got a Feeling
  2. Birthday
  3. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Reprise)
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