O longo texto de Dinho Ouro Preto em homenagem a Pit Passarell

Baixista e cantor do Viper trabalhou com o Capital Inicial, grupo do qual seu irmão, o guitarrista Yves Passarell, se tornou guitarrista

Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, publicou um longo texto em homenagem a Pit Passarell. O baixista e cantor do Viper, que também colaborou com a banda de Dinho, morreu na última sexta-feira (27) aos 56 anos.

Em sua reflexão postada nas redes sociais, Ouro Preto relembra não apenas as parcerias, como também a amizade com Passarell. Revela, inclusive, que planejava trabalhar em novas canções ao lado do agora saudoso amigo.

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Leia a seguir:

“Acabo de saber do falecimento do meu amigo Pit Passarell, irmão do Yves Passarell do Capital. Hoje é um dia de tristeza e luto. Conheço o Pit há várias décadas e ele era uma das pessoas mais geniais, gentis e generosas que eu tive o prazer de conhecer. Ao longo dos anos passamos várias noites rindo e falando sobre música.

A turma dele virou a nossa turma. Seus amigos são meus amigos. Seu irmão, o Yves, veio tocar no Capital. Todas as vezes em que nos encontramos ele estava de bom humor, de olho no futuro e fazendo planos. Aliás, no nosso último encontro falamos em nos reunir pra escrever mais música. O Capital gravou inúmeras canções dele. Acho que foram umas cinco ou seis — todas excelentes.

Ele, além das suas virtudes pessoais, era um músico e compositor único. Daqueles que conseguem colocar em palavras aquilo que todos nós sentimos, mas não sabemos verbalizar. Ele era um dos grandes compositores do rock brasileiro — sublime e inspirado. Suas letras me comovem todas as vezes que as ouço. E como se não bastasse, ele também era uma pessoa gentil e engraçada. Daquelas que você podia passar a noite jogando conversa fora sem ver o tempo passar.

E hoje, infelizmente, ele se foi. Acordei hoje com essa terrível notícia. Ele vai deixar um vazio imenso na vida de todas as pessoas que o conheceram. Hoje é um dia de tristeza — mas também é um dia de celebrar sua grandeza. É um dia de pensar nele como a pessoa e como o artista que ele foi. É preciso ouvir a sua música no volume máximo. Acredito que é o que ele gostaria que nós fizéssemos. O Pit pode ter partido, mas ele e suas músicas vão ser lembrados pra sempre.”

Pit contribuiu com as faixas “O Mundo” (presente no álbum “Atrás dos Olhos”, de 1998), “Algum Dia” (no disco “Rosas e Vinho Tinto”, 2002), “Seus Olhos”, “Instinto Selvagem” (ambas de “Gigante”, 2004) e “Depois da Meia-Noite” (de “Das Kapital”, 2010). Todas essas canções foram regravadas pelo músico em seu álbum solo “Praticamente Nada”, de 2020.

A morte de Pit Passarell

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A informação sobre a morte de Pit Passarell foi confirmada por seu irmão, o guitarrista Yves Passarell, em publicação nas redes sociais.

O músico estava internado desde 31 de agosto, após ter passado mal durante show em São Paulo. Seus colegas de banda confirmaram, na última quinta-feira (26), que Pit estava havia sido diagnosticado com câncer no pâncreas.

Em comunicado, Yves afirma:

“É com profunda tristeza que comunico o falecimento do nosso amado irmão Pit Passarell. Cercado pela família e amigos de toda uma vida. Uma vida cheia de luz, amor, alegria, musicalidade e coragem. Sentiremos sua falta e muita saudade.
Te amamos, meu irmão!”

Sobre o músico

Pedro Sérgio Murad Passarell nasceu em 11 de abril de 1968, em Buenos Aires, capital da Argentina. Mudou-se para o Brasil na infância e já na adolescência fundou o Viper ao lado do irmão, o guitarrista Yves Passarell, e dos amigos Andre Matos (voz), Felipe Machado (guitarra) e Marcos Kleine (bateria).

A vaga de baterista passou por vários músicos, incluindo Cássio Audi e Sergio Facci, nos anos em que os demais gravaram seus dois primeiros álbuns: “Soldiers of Sunrise” (1987) e “Theatre of Fate” (1989). Hoje considerados clássicos do heavy metal brasileiro, os discos obtiveram boa repercussão especialmente no Japão.

No início dos anos 1990, Matos decidiu sair do Viper, formando o Angra na sequência. Pit assumiu os vocais nesta nova fase, que trouxe ainda Renato Graccia na bateria. O período gerou os discos “Evolution” (1992), “Coma Rage” (1994) e “Tem Pra Todo Mundo” (1996), este último com letras em português e inclinado ao pop rock.

O grupo entrou em hiato ainda em 1996 e retornou em 2005, com Pit Passarell de volta somente ao baixo e Ricardo Bocci nos vocais, além de Guilherme Martin e Val Santos, membros rapidamente nos anos 1980, retornando à bateria e guitarra, respectivamente. Um novo hiato se deu após o álbum “All My Life” (2007) até uma reunião com Andre Matos entre 2012 e 2013. A partir de 2017, Leandro Caçoilo assume os vocais, em uma formação que gravou o disco “Timeless” (2023).

Paralelamente, Pit desenvolveu uma carreira solo que rendeu os álbuns “Pit Passarell and The Lucratives” (2008) e “Praticamente Nada” (2020). Também compôs músicas para o Capital Inicial, grupo do qual seu irmão, Yves, se tornou guitarrista a partir de 2001. Contribuiu com as faixas “O Mundo”, “Seus Olhos”, “Depois da Meia-Noite”, “Algum Dia” e “Instinto Selvagem”.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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