Till Lindemann processa revista sob alegação de falsificar documentos e tentar fraudar julgamento

Alemã Spiegel publicou artigo com acusações de assédio e abuso contra o vocalista do Rammstein

Till Lindemann, vocalista do Rammstein, está processando a revista alemã Spiegel. O motivo é um artigo publicado em 10 de junho de 2023. Intitulada “Crepúsculo dos Deuses” (ou “Sexo, Poder Álcool – O que Dizem as Jovens Mulheres do Marco Zero” na versão online).

A reportagem detalhou supostas alegações contra os músicos e as supostas festas pós-shows da banda no chamado Marco Zero, onde vários delitos sexuais teriam ocorrido.

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De acordo com o site Metal Injection, à época, a equipe jurídica do cantor — representado pelo escritório Schertz Bergmann — impediu que mais reportagens fossem divulgadas pelo veículo. O Tribunal Regional de Hamburgo declarou haver “uma falta de evidência mínima necessária para essa suspeita séria” e que essas publicações levam a uma falsa sensação de que Lindemann já seria culpado. Meses depois, os promotores alemães encerraram investigações.

Nos últimos dias, o grupo publicou uma mensagem onde declara “ainda lidar ativamente com as acusações” — embora também declare que muitas afirmações “sejam infundadas e grosseiramente exageradas”. Também foi ressaltado que todos estão “levando muito a sério” as acusações feitas. O comunicado foi emitido ao final da mais recente turnê.

Agora, a Schertz Bergmann emitiu um novo press release afirmando que Lindemann entrará com uma queixa criminal no Ministério Público de Hamburgo contra executivos da Spiegel por suposta falsificação de documentos. O texto argumenta que dois depoimentos fornecidos pela revista durante procedimentos judiciais recentes “não foram realmente apresentados conforme submetidos”.

Confira abaixo a nota assinada por Simon Bergmann. O conteúdo será reproduzido em sua integralidade por se tratar de um documento oficial e dada a gravidade:

“Sob os títulos ‘Götterdämmerung’ e ‘Sex, Macht, Alkohol — Was die jungen Frauen aus der Row Zero berichten’ em sua edição de 10 de junho de 2023 (impressa e online), a Spiegel informou sobre alegações de várias mulheres contra Till Lindemann.

Com a sentença proferida no processo de apelação em 19 de julho de 2024, o Tribunal Regional Superior Hanseático confirmou a liminar do Tribunal Regional de Hamburgo sobre as principais alegações emitidas em 14 de julho de 2023. Consequentemente, a Spiegel ainda está proibida de levantar a suspeita de que Till Lindemann drogou mulheres em shows do Rammstein para permitir que ele realizasse atos sexuais com elas.

No processo de liminar, a Spiegel apresentou duas declarações juramentadas em sua réplica ao Tribunal Regional de 28 de junho de 2023, de mulheres chamadas ‘Zoe’ e ‘Sophie W.’ no artigo. A declaração juramentada de ‘Zoe’ tinha a peculiaridade de começar na penúltima página com uma frase que não era continuada na página seguinte. Esta página continha apenas a assinatura da testemunha, de modo que era preciso presumir que páginas individuais da declaração juramentada haviam sido removidas ou substituídas.

Embora essa irregularidade já tivesse sido criticada na audiência perante o Tribunal Regional em 25 de agosto de 2023, a Spiegel não respondeu a isso até uma semana antes da audiência no processo de apelação e apresentou duas declarações juramentadas previamente desconhecidas. Com isso, a Spiegel teve que admitir que as declarações juramentadas originalmente apresentadas não eram de ‘Zoe’ e ‘Sophie W.’. Devido a um descuido de seu próprio consultor jurídico e de sua secretaria, versões diferentes foram misturadas durante a apresentação das declarações juramentadas, disse a Spiegel.

As diferentes versões dos depoimentos de ‘Zoe’ diferem significativamente entre si, especialmente no que diz respeito à sua recordação descrita do encontro com nosso cliente. Além disso, nos procedimentos, bem como acompanhando os procedimentos, a Spiegel defendeu repetidamente sua reportagem com o argumento de que os depoimentos têm um alto grau de credibilidade devido à pena criminal envolvida. Em casos de palavra contra palavra, eles devem ser suficientes para justificar a reportagem sobre suspeita.

Na medida em que agora foi estabelecido que duas declarações juramentadas não foram realmente apresentadas conforme apresentadas, esta é uma questão que deve ser esclarecida pelas autoridades de acusação criminal. Nosso cliente, portanto, entrará com uma queixa criminal no Ministério Público de Hamburgo contra os executivos da Spiegel por falsificação de documentos e tentativa de fraude de julgamento.”

O comunicado do Rammstein

Publicado em alemão na última segunda-feira (5), o comunicado do Rammstein diz, de acordo com tradução feita pelo site com ajuda do Google:

“Queremos agradecer muito a todos os nossos fãs e amigos dos nossos shows. Obrigado pelo apoio e carinho nesta turnê de 2024. Pudemos sentir isso em todos os lugares e nos sentimos carregados por uma onda cheia de emoções. Foi uma honra poder tocar para vocês, fazer parte desses momentos felizes e da alegria que compartilhamos. Por causa de vocês, somos uma banda que encontrou sua alegria na música e no palco novamente. Cada show foi um ato de cura para nós. Agradecemos por isso.

Temos lidado ativamente com as acusações feitas contra a banda desde o ano passado. Levamos esse debate a sério, mesmo que muito dele seja infundado e grosseiramente exagerado. É um processo interno que nos acompanhará por muito tempo. Cada um de nós faz isso à sua maneira e lida com isso de forma diferente. Neste ponto, gostaríamos de agradecer particularmente às nossas famílias e entes queridos por seu apoio e amor irrestritos; eles também foram duramente atingidos pelas alegações feitas e pela forma como a mídia lidou com isso.

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Agradecemos à nossa equipe, nosso empresariamento, todos os nossos funcionários e todos que nos apoiaram e permaneceram leais ao longo desta jornada. Esta enorme turnê em estádios, com este grande show e este palco extraordinário, chegou ao fim após 135 datas em 5 anos, com 6 milhões de fãs. Não é o Rammstein. Não somos nós. Não é você. O caminho continua. Adeus, adeus, ADEUS!!”

As acusações contra Till Lindemann

Entre maio e junho de 2023, várias mulheres vieram a público relatar supostos comportamentos abusivos de Till Lindemann. O movimento começou após a irlandesa Shelby Lynn alegar ter sido dopada por Till Lindemann e sua equipe, visando uma tentativa de abuso sexual. A situação teria ocorrido durante um show especial para membros do fã-clube da banda em Vilnius, capital da Lituânia, celebrando o início da turnê “Europa Stadion”.

A brasileira Monique Tavares, dona do canal Rock Channel Brasil, relatou em vídeo que viveu uma situação parecida envolvendo Lindemann em 2019, após um show em Roterdão, nos Países Baixos. Ela foi convidada para uma festa pós-show sob o pretexto de conhecer os músicos da banda pessoalmente. Ao consumir um drink suspeito oferecido por um produtor, passou mal e sentiu sonolência fora do comum por horas.

Outras alegadas vítimas compartilharam experiências semelhantes em shows do grupo, não apenas da atual turnê. Há ainda relatos nas redes sociais Reddit e Tumblr apontando para uma suposta seleção de fãs para ficarem bem na frente do palco durante os shows e sendo dopadas em festas posteriores.

Para além dos relatos nas redes sociais de outras mulheres que apontam comportamento similar, duas entrevistadas pelo telejornal “Tagesschau”, também do grupo público alemão ARD, em junho do ano passado, gravaram depoimentos acusando Till Lindemann de crimes relacionados ao espectro do abuso sexual. Elas tiveram o anonimato preservado, mas aceitaram ter suas afirmações gravadas diante de câmera e fizeram suas declarações de forma juramentada, assim como testemunhas.

Tanto elas quanto outras mulheres nas redes sociais dizem que havia um “recrutamento” de jovens mulheres para festas pós-show de Till. O cantor teria a intenção de relacionar-se sexualmente com as moças selecionadas. Algumas delas teriam sido escolhidas pelo Instagram e orientadas a enviar fotos com antecedência, além de comparecer com visual atraente.

As defesas do músico e da banda

Till Lindemann negou ter cometido qualquer delito. Um comunicado redigido à época por seus advogados, Simon Bergmann e Christian Schertz, afirmou: “essas acusações são invariavelmente falsas e tomaremos medidas legais imediatas para todas as alegações do tipo”.

Já pelas redes, a banda declarou:

“As publicações dos últimos dias têm causado irritação e questionamentos no público e principalmente entre os nossos fãs. As alegações nos atingiram muito e as levamos extremamente a sério.

Dizemos aos nossos fãs: é importante para nós que você se sinta confortável e seguro em nossos shows – na frente e atrás do palco.

Condenamos qualquer tipo de transgressão e pedimos a você: não se envolva em preconceito público de qualquer tipo contra aqueles que fizeram denúncias. Você tem direito ao seu ponto de vista.

Mas nós, a banda, também temos o nosso direito – ou seja, de não sermos preconceituosos.”

Christoph Schneider, baterista do Rammstein, também se manifestou separadamente sobre as alegações. Ele negou ter conhecimento de qualquer ato ilícito por parte de Lindemann, mas reconheceu que as festas promovidas pelo cantor – e não pela banda – podem ter ocorrências que ele “não considera ok”. O baterista declarou ainda que o cantor “se distanciou” dos colegas nos últimos anos e “criou sua própria bolha”.

À época, um dos shows do grupo em Berlim, na Alemanha, foi alvo de protestos mesmo após o governo local ter agido para garantir a segurança de mulheres em apresentações da banda no país. Antes, um abaixo-assinado tentou impedir a realização do evento, sem sucesso.

A gravadora Universal Music suspendeu o marketing em torno da banda enquanto as investigações eram feitas. Por sua vez, a editora alemã Kiepenheuer & Witsch rompeu o contrato que tinha com Lindemann — além das recentes alegações de abusos, a empresa descobriu que o vocalista do Rammstein usou o livro “On Quiet Nights” (2013), publicado em parceria, em um vídeo pornográfico onde celebrava violência sexual contra mulheres.

Lindemann no Brasil em 2024

Till Lindemann vem ao Brasil ainda este ano com seu projeto solo. Ele se apresenta na próxima edição local do Knotfest. Seu show acontece no segundo dia do evento, que acontece em 20 de outubro. O local é o Allianz Parque, em São Paulo. Informações completas aqui.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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