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A banda de abertura que engolia as atrações principais, segundo Paul Stanley

Vocalista e guitarrista do Kiss abordou impacto da estreia de grupo que chegou a excursionar com Black Sabbath e Journey nos anos 1970

Na década de 1970, uma banda explosiva revolucionou o cenário do rock. Combinando o carisma hipnotizante de David Lee Roth e as técnicas de guitarra inovadoras de Eddie Van Halen, o Van Halen conquistava fãs por onde passava — incluindo aqueles que já eram fiéis a outros grupos.

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Em 1978, quando caíram na estrada para turnê de estreia que promovia seu álbum homônimo de estreia, o quarteto completo por Alex Van Halen (bateria) e Michael Anthony (baixo) realizou uma série de shows de abertura para Journey e Black Sabbath. Na ocasião, os novatos chegaram com tudo e impactaram os veteranos.

Paul Stanley, vocalista e guitarrista do Kiss, relembrou o período em entrevista de 2021 a Jeremy White (via VHND). Ele disse:

“O Van Halen soava incrível no rádio. ‘Runnin’ with the Devil’ soava ridiculamente boa… quando aquele álbum foi lançado, foi um divisor de águas. Todas as bandas com as quais eles tocavam sofreram as consequências de tê-los abrindo, porque eles eram uma força a ser reconhecida.”

O Starchild apontou que as atrações principais sofriam para manter a energia deixada pelo Van Halen. Ele afirma:

“Você não queria entrar depois aquilo. Ozzy (Osbourne, vocalista) diz o mesmo sobre os shows que o Van Halen fez com o Sabbath. Dave era o cara, simplesmente fenomenal no palco, e toda a banda era como uma locomotiva. Havia Edward, havia Randy (Rhoads, guitarrista de Ozzy Osbourne) e mais algumas pessoas, e então havia muitas pessoas imitando.”

Black Sabbath e Journey impactados

Tanto Black Sabbath quanto Journey sofreram quando trouxeram o Van Halen para abrir seus shows. No caso da banda pioneira do heavy metal, eles eram colegas de gravadora do VH — e a empresa, Warner Music, teria utilizado os veteranos para promover os então novatos.

No livro “Eruption: The Eddie Van Halen Story”, de Paul Brannigan, Ozzy Osbourne comenta:

“Lembro de estar em um hotel em San Diego com Geezer (Butler, baixista) e um dos representantes da gravadora chegou. Tomamos alguns drinks e um de nós falou para o cara: ‘seja sincero, você está apenas nos usando nessa turnê para promover o Van Halen, não é?’. E ele disse: ‘você está correto’. E se você está em uma gravadora que não te dá apoio…”

Já o baixista do Van Halen, Michael Anthony, relembrou ao The Eddie Trunk Podcast queo Journey chegou a pedir que sua banda fosse retirada de uma tour no mesmo período.

“Estávamos em chamas naquele período. Toda semana o Journey tentava nos tirar da turnê. Mas nossa presença fazia com que mais ingressos fossem vendidos. Assim, a gravadora sempre os respondia que não dava para fazer aquilo.”

Em entrevista de 1996 à Guitar WorldEddie Van Halen relembrou a mesma turnê. As memórias apresentaram semelhanças às de Mike. A lenda da guitarra contou, enfatizando que buscava dar o troco junto a seus colegas:

“Costumávamos deixar as pessoas loucas. Por exemplo, bem no início, estávamos em uma turnê de divulgação do Journey. Eles nunca nos davam passagem de som e nos tratavam como m*rda em geral, então gostávamos de aprontar com eles de qualquer maneira que pudéssemos.”

Kiss e Eddie Van Halen

O Van Halen teve um laço forte com Gene Simmons antes mesmo da fama. O vocalista e baixista do Kiss ficou a cargo de gravar a primeira demo do grupo, hoje chamada “Zero”. Seria ele o responsável por produzí-los e empresariá-los, mas os compromissos de sua própria banda não permitiam. Então, ele indicou os novatos para a Warner.

O vínculo rendeu histórias de um possível crossover. Em 2014, Simmons declarou à Guitar World que Eddie Van Halen pediu para entrar no Kiss em meio a conflitos com David Lee Roth no início da década de 1980.

“Ele estava muito sério. Ele estava extremamente infeliz com a forma como ele e Roth se davam – ou não se davam. Ele não o suportava. E as drogas eram abundantes. Então ele me levou para almoçar, em uma lanchonete bem em frente ao Record Plant. Vinnie Vincent, que ainda não estava no Kiss, também foi junto. Cara astuto. E Eddie disse: ‘Eu quero entrar no Kiss. Não quero mais brigar com Roth. Estou cansado disso’.”

O baixista disse ter convencido Eddie a desistir da ideia, aconselhando que ele não teria o devido destaque na banda mascarada.

“Mas eu disse a ele: ‘Eddie, não há espaço suficiente. Você precisa estar em uma banda onde possa dirigir a música. Você não vai ser feliz no Kiss’. Eu o convenci a não fazer isso. Não se encaixava.”

Já Paul Stanley afirmou não ter conhecimento do interesse de Eddie em se juntar ao Kiss. Todavia, reconheceu que o clima no Van Halen não era dos melhores.

“Quanto a Edward se juntar a nós ou algo assim, eu tenho que dizer: eu nunca ouvi isso. Eu falava no telefone com ele naquela época. Ele me ligava, acho que havia tensão na banda dele e ele estava me perguntando, por exemplo, por que fizemos álbuns solo (em 1978), por que tivemos que fazer isso. Acho que ele sentia essa fratura dentro da banda dele. Mas no que diz respeito a qualquer coisa além disso, querer se juntar a nós ou algo assim, eu não posso dizer ‘não’ e não diria ‘não’. Eu não sei. Deixo essa história para o Gene.”

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Tairine Martins
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Tairine Martins é estudante de jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Administra o canal do YouTube Rock N' Roll TV desde abril de 2021. Instagram: @tairine.m

1 COMENTÁRIO

  1. A história que o Sobolewski contou é completamente diferente do ponto de vista do EVH (RIP). O Journey não deixava o Mighty Van Halen passar o som. O VH queria sair desse esquema de abrir para o Journey nessas condições. Só que os ingressos vendiam com rapidez, algo que não acontecia antes para o Schon e cia. E, com isso, eles chegaram a ceder nesse pedido de soundcheck. No entanto, o VH não demorou muito e saiu da cola do Journey.

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