Michael Jackson lançou seu sexto álbum solo, “Thriller”, no fim de 1982. Um dos maiores hits, “Billie Jean”, é lembrada também por seu videoclipe, onde o cantor exibe seus típicos passos de dança. O problema é que o vídeo também gerou um mal estar com a MTV que só foi resolvido na base da ameaça pelo presidente da gravadora do artista.
A emissora se recusou a exibir o clipe sob a alegação de que a música não se adequava aos padrões mais rock da emissora. Foi aí que entrou em ação Walter Yetnikoff, CEO da CBS (empresa matriz da Epic Records, gravadora de Michael).
Em entrevista de 2005 para o site Blender, o executivo contou como fez uma “leve pressão” na MTV para que o clipe de Michael Jackson foi exibido. Yetnikoff disse:
“Eu falei para a MTV: ‘Eu vou tirar tudo que nós temos da programação de vocês, todos os nossos produtos. Não vou dar mais clipes para vocês. E vou à público e dizer pra todo mundo sobre como vocês não querem exibir música feita por um negro’.”
Surtiu efeito: a emissora levou o clipe de “Billie Jean” ao ar em março de 1983. Foi bom também para a MTV, que se beneficiou do fenômeno pop e se firmou como um ator importante no cenário da indústria musical daquela época. Era praticamente impossível falar em sucesso real sem tempo de tela na emissora.
Representantes da emissora negam, por outro lado, que tenham sido racistas com Jackson. Em 2006, à revista Jet, o ex-diretor de programação musical da MTV, Buzz Brindle, explicou:
“A MTV foi originalmente projetada para ser um canal de música rock. Foi difícil para a MTV encontrar artistas afro-americanos cuja música se encaixasse no formato do canal que pendia para o rock no início.”
Curiosamente, “Billie Jean” não foi o único videoclipe de um artista negro a ser exibido na programação da emissora. “Pass the Dutchie”, do grupo inglês de pop/reggae Musical Youth, ostenta o título.
Michael Jackson e os clipes de “Thriller”
Fato é que Michael Jackson se aproveitou bastante da vitrine que a MTV oferecia. A partir de “Thriller”, o cantor passou a investir pesado em clipes altamente produzidos, feitos para serem rodados à exaustão na emissora.
No caso do disco em questão, foi ainda mais fácil, já que sete de suas nove faixas originais foram lançadas como singles. Era hit atrás de hit.
Além de “Billie Jean”, foram feitos vídeos para “Beat It” e também para a faixa-título, que recebeu um verdadeiro curta-metragem, dirigido por John Landis, e considerado o maior clipe musical já feito. A produção é mostrada em um documentário da mesma época, “Making Michael Jackson’s Thriller”.
O álbum se tornou o mais vendido de todos os tempos também por conta dos vídeos que gerou. Foi a partir desse momento que os clipes musicais passaram a ganhar a atenção de artistas de todos os gêneros.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.