Journey cancelará show no Rock in Rio? Veja o que diz a banda

Rumores ganharam força após banda suspender turnê no Reino Unido e Irlanda; músicos brigam na Justiça, mas seguem excursionando pelos EUA

A situação do Journey é praticamente inédita no rock. Desde o início da década, a banda está envolta em disputas judiciais, incluindo entre músicos que seguem parte da formação. Até aí, sem novidade. Mesmo assim, as turnês acontecem, com os dois líderes — o guitarrista Neal Schon e o tecladista Jonathan Cain — dividindo o palco enquanto brigam no tribunal.

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Curiosamente, os fãs não haviam sido afetados por esses problemas. Até agora. Porém, por razões que ainda não foram esclarecidas, o grupo anunciou na última terça-feira (6) o cancelamento de toda a sua turnê pelo Reino Unido e Irlanda, que aconteceria entre outubro e novembro e teria o Cheap Trick na abertura.

Ainda que os demais compromissos sigam agendados, fãs do Brasil ficaram preocupados com um possível cancelamento da apresentação no Rock in Rio, marcada para 15 de setembro. A confusão aumentou pelo fato de o show no festival carioca não aparecer na agenda oficial, presente no site do grupo.

Porém, na última sexta-feira (9), as páginas do grupo nas redes sociais fizeram uma publicação que afasta os boatos. Sem citar o cancelamento recente no Reino Unido e Irlanda, o Journey afirmou, em inglês e espanhol:

“Amigos da América do Sul! Estamos ansiosos e animados para vê-los novamente muito em breve! Vejo vocês em setembro no Rock in Rio Brasil e em Santiago do Chile (17/09) com nossos irmãos do Deep Purple! Vocês já têm seus ingressos?”

A mensagem foi compartilhada por Neal Schon em seu perfil pessoal. Confira a seguir.

Processos no Journey

Na última semana, em meio à já mencionada turnê pela América do Norte, foi noticiado que dois integrantes do Journey voltarão a se enfrentar na Justiça — algo que já havia ocorrido em anos recentes, mas não representou qualquer impedimento para a sequência das atividades da banda. Após uma trégua publicamente declarada, Jonathan Cain acionou Neal Schon nos tribunais o acusando de estourar o limite de uma conta conjunta American Express de US$ 1 milhão.

Ao mesmo tempo, Schon teria excedido o teto de uma taxa diária de hotel de US$ 1,5 mil. O processo alega que o guitarrista “gastava até US$ 10 mil por noite”.

O guitarrista Neal Schon e o tecladista Jonathan Cain, do Journey
O guitarrista Neal Schon e o tecladista Jonathan Cain, do Journey (foto de divulgação, autoria não informada)

A ação remete a uma da mesma natureza perpetrada em 2022 – detalhada aqui. Na ocasião, o tecladista alegou que Neal usou o cartão corporativo do grupo visando abater despesas pessoais.

De sua parte, o acusado contra-atacou com uma ação alegando ter sido impedido de acessar as prestações de contas.

O novo processo também diz que os pagamentos de débito foram temporariamente bloqueados. Em um ponto, as finanças do Journey estavam supostamente em tal desordem que a equipe e a produtora não puderam ser pagas durante sua atual turnê por estádios, tendo o Def Leppard como coheadliner.

De acordo com repercussão do Ultimate Classic Rock, os advogados de Cain na Fox Rothschild LLP argumentam:

“Essas tensões imprevistas no fluxo de caixa representam uma grave ameaça de dano à empresa e à história de grandeza musical do Journey. A banda está sofrendo com lealdades divididas, deserções de equipe e tensão geral.”

Em outra parte, os representantes lamentam o que se tornou “uma batalha muito pública entre o requerente e o réu”. Porém, deixam claro:

“A situação agora está impactando a reputação da banda em toda a indústria musical. A performance no palco é, no momento, um dos únicos aspectos do negócio que não sofreu abalo.”

A conclusão indica que o impasse só poderia ser solucionado com a reestruturação da Freedom 2020 Inc. A companhia foi cofundada por Cain e Schon para supervisionar as operações do grupo.

O negócio supostamente tem apenas um conselho de dois assentos, ocupado por ambos. A nova petição demanda um custodiante ordenado pelo tribunal como terceiro membro para desempatar votos.

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Discordâncias até em questões musicais

Aparentemente, Neal Schon e Jonathan Cain não conseguem chegar a acordo nem mesmo em assuntos que envolvem estritamente a banda, como na escolha de um baterista substituto.

Deen Castronovo deixou de realizar o show do grupo em Toronto, Canadá, no último 2 de agosto. A causa oficial não foi revelada, embora o Setlist.fm aponte para um “incidente familiar”.

Deen Castronovo, baterista do Journey e Revolution Saints
Deen Castronovo, baterista do Journey (foto: Erik Kabik)

Steve Toomey, que trabalha como técnico do instrumento, assumiu a função. De acordo com o Ultimate Classic Rock, ele se manteve no show seguinte, em Boston, com o titular regressando na última quarta-feira (7), em Nova York.

Advogados mencionaram a situação enquanto expunham uma série de desacordos durante audiência inicial em um tribunal de Delaware. Aparentemente, a escolha partiu de Neal e Jonathan não teria sido consultado.

O encontro acontece após o processo mais recente de Cain. O músico quer reestruturar a empresa de gerenciamento de turnês do conjunto, visando ajudar a resolver seus problemas financeiros. Schon chama as alegações de “besteiras”.

De acordo com registros da Bloomberg, o juiz do tribunal, J. Travis Laster, não estava disposto a se aprofundar em questões de cunho pessoal. Embora reconheça as qualidades do grupo, chegou a dizer:

“Não sou qualificado para decidir quem deve ser o baterista.”

A resposta foi de que o problema já teria sido resolvido. Curiosamente, Toomey já havia tocado com o Journey em situações anteriores, como a aparição no especial de ano novo Dick Clark’s New Year’s Rockin’ Eve with Ryan Seacrest, da ABC, em 2022.

De acordo com a Associated Press, Neal Schon também estaria implicando com um detalhe que acontece desde os anos 1980: o fato de Jonathan Cain assumir a guitarra rítmica em partes específicas do show. A música citada no processo foi “Wheel in the Sky”, do álbum “Infinity” (1978). Apesar de o problema ser mencionado, os advogados do membro original deixam claro:

“Mesmo que essa decisão estivesse dentro do escopo dos negócios da Freedom 2020, o que parece altamente duvidoso, questões de arranjos de músicas não são objetivamente um tipo de desacordo que ameace a empresa com danos irreparáveis.”

O próximo encontro para tentar resolver as coisas dentro da lei acontecerá no dia 3 de setembro, novamente em Delaware.

Neal Schon e Jonathan Cain

Apesar de não ter sido membro fundador nem ter participado dos primeiros discos do Journey, Jonathan Cain ganhou poder de decisão na banda após o sucesso alcançado nos anos 1980 – assim como outro integrante que entrou com o grupo já em andamento, o ex-vocalista Steve Perry.

Além do financeiro, ainda houve um foco de conflito no cerne político. Já há alguns anos, o tecladista é uma figura próxima a Donald Trump. Sua esposa, a pastora Paula White, atua como guru espiritual do ex-presidente americano e atual candidato. Não foram poucas as vezes que o músico usou a música do grupo em eventos promocionais políticos, o que desagradou não apenas Neal, como também Perry.

Jonathan Cain, tecladista do Journey
Jonathan Cain, tecladista do Journey (foto de divulgação, autoria não revelada)

No início do ano, o baterista Deen Castronovo chegou a dizer que a situação havia sido consertada. Ele declarou, também ao Ultimate Classic Rock:

“Estão todos se dando bem e trabalhando juntos. É um jato novamente em vez de dois. Eles estão administrando isso como um negócio, que é o que sempre deveria ter sido. Houve muita turbulência em ambos os campos e ninguém falava. Esse era o problema. Agora, estão todos conversando, se comunicando e está funcionando muito bem.”

Journey em turnê

Mesmo com os percalços, o Journey segue em turnê pela América do Norte com o Def Leppard como coheadliner. Cheap Trick e Steve Miller Band também participam da excursão. O Heart cancelou participação por conta de a vocalista Ann Wilson ter sido diagnosticada com câncer.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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