O sucesso alcançado pelo Bon Jovi com a dobradinha “Slippery When Wet” (1986) e “New Jersey” (1988) era tudo com o que o líder Jon Bon Jovi sonhava. Ao mesmo tempo, a rotina frenética na estrada, além da descoberta de um mundo de fantasia tomado por ganância e jogo de aparências minou sua confiança.
A solução foi dar um tempo na banda até que as coisas se acalmassem. No meio tempo, já uma estrela consagrada, o cantor e compositor decidiu se aventurar em um projeto diferente, assinando a trilha de um filme. O resultado foi “Blaze of Glory”, que contou com participações de alguns de seus heróis, além de amigos próximos.
Em entrevista à revista Classic Rock, o astro exaltou o período, creditando o período por reconectá-lo ao que realmente amava.
“Pude retomar a alegria de fazer música. Também aproveitei para tentar descobrir por que estávamos confusos, porque… [no Bon Jovi] nunca brigamos, não era sobre dinheiro, não era sobre namoradas, não era sobre drogas. Apenas estávamos exaustos, física e mentalmente. Então eu saio e faço esse trabalho. Foi libertador em várias frentes, porque: a) eu provei que sabia como fazer, e b) eu provei que sabia como fazer de novo – e não apenas de novo, mas sozinho. Também me apresentou à atuação, o que foi extremamente importante para o próximo capítulo do sucesso da banda.”
Fim da banda?
Apesar do prazer confesso, Jon nega ter pensado em encerrar a banda para ficar apenas como um artista solo. Ao ser questionado sobre o tema, ele respondeu:
“Não, eu não queria isso. Realmente gostava de conviver com o grupo. Só estava cansado, afinal de contas, foram entre 6 e 7 anos juntos 24 horas por dia, 7 dias por semana. Eram as mesmas piadas, as mesmas histórias, a mesma refeição, as mesmas férias juntos. Você tinha todo o direito de estar exausto, esgotado e cansado um do outro.”
Sobrou espaço para dar uma alfinetada no ex-empresário e eventual desafeto. Jon disse:
“Doc [McGhee, manager do Bon Jovi na época] não nos fez nenhum favor. Olhando para trás, não o culpo. Ainda assim, ele não nos ajudou quando deveria ser o adulto na sala. Ele deveria ter dito: ‘vocês estão exaustos’. Mas não o fez, nem os agentes coletivos, advogados e empresários.”
Jon Bon Jovi e “Blaze of Glory”
Lançado em 7 de agosto de 1990, “Blaze of Glory” serviu como trilha do filme “Young Guns II” (“Jovem Demais Para Morrer”, no Brasil). Jon optou por gravar um disco inteiro após negar o pedido para ceder a música “Wanted Dead Or Alive”, do Bon Jovi.
As gravações contaram com participações de nomes como Elton John, Jeff Beck, Little Richard, Randy Jackson, Robbin Crosby (Ratt), Kenny Aronoff e Aldo Nova, entre outros. As letras abordam temas como redenção e arrependimento. Em entrevistas posteriores o protagonista declarou que, além de Billy The Kid, as canções falavam sobre como o próprio se sentia após ter alcançado o sucesso que almejava nos anos posteriores.
“Blaze of Glory” chegou ao 3º lugar no The Billboard 200, vendendo mais de 3 milhões de cópias. A faixa-título ganhou o Globo de Ouro, além de ter sido indicada ao Oscar e Grammy. Além dela, apenas “Billy Get Your Guns” e “Guano City” aparecem no filme.
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