Aos 18 anos de idade, Ian Anderson viu um show que mudou totalmente a sua vida. Em 1965, o líder do Jethro Tull compareceu ao evento itinerante American Folk Blues Festival em Manchester, na Inglaterra. Entre as atrações, estava um nome “desconhecido” que não só o inspirou como, ao seu ver, acabou influenciando os maiores cantores do rock.
À Classic Rock em 2018, o vocalista e multi-instrumentista relembrou a experiência relacionada ao falecido bluesman J.B. Lenoir. Primeiramente, o músico citou a importância do saudoso artista, sobretudo pela profundidade de suas letras — geralmente de cunho político.
Ele disse:
“Mesmo que ele não esteja diretamente conectado com o rock, ele foi responsável por influenciar pessoas como nós. Assim, sua linhagem mostra que ele é um precursor muito importante do rock clássico. Praticamente sozinho entre os artistas de blues — e eu poderia dizer que ‘sozinho’ —, ele tinha um grande senso de justiça social e não fazia apenas letras bobas ou sexuais. Ele cantou sobre o Vietnã e as marchas de protesto no Alabama. Ele viu seus irmãos e irmãs serem espancados pela polícia em Selma. Então, ele tinha autenticidade”.
Outro ponto de destaque estava na voz do cantor. Em sua opinião, é clara a influência exercida pelos bluesman em vocalistas como Robert Plant (Led Zeppelin) e Ian Gillan (Deep Purple), como declarou:
“Ele tinha uma voz de tenor maravilhosa que parecia um sino tocando. Ele definitivamente ajudou a moldar os vocais de Robert Plant e Ian Gillan. Ele se sentava lá e hipnotizava você com aquela voz maravilhosa e com uma execução simples no violão.”
Música que “fala por si só”
De certa forma, Ian imagina que o estilo do artista teria algum tipo de “liga” com a personalidade mostrada pelos músicos do Zeppelin. Mesmo com uma sonoridade distinta, em suas palavras, é um tipo de música que “fala por si só”:
“Como alguém que compôs músicas em um violão durante a maior parte de sua vida, não é difícil imaginar [a música de Lenoir] com John Bonham na bateria e Jimmy Page no violão, porque é uma música que fala por si só. Não é difícil para mim imaginar que devo ter sido subconscientemente influenciado por seu trabalho quando eu estava compondo além do blues. […]. Ele é um dos poucos artistas que tenho no meu iPhone. Sempre que quero me emocionar, eu ouço ‘Alabama March’.”
Sobre J.B. Lenoir
Nascido em Mississippi, nos Estados Unidos, J.B. Lenoir começou sua carreira no início dos anos 1950. “Alabama Blues” (1966) saiu como seu primeiro disco.
Em suas obras, o músico abordava abertamente o racismo e as guerras da Coréia e do Vietnã. Morreu aos 38 anos de idade, em 29 de abril de 1967, devido às complicações de um acidente de carro.
Ian Anderson e Jethro Tull
Nascido em Dunfermline, Escócia, Ian Scott Anderson começou a se interessar por música graças aos discos de jazz e big bands do pai, além da primeira geração do rock and roll.
Destacou-se como vocalista e multi-instrumentista no Jethro Tull. A banda vendeu mais de 60 milhões de discos em todo o mundo, fundindo influências prog, folk e de hard rock em sua sonoridade. Também deu início a uma carreira solo nos anos 1980. Recentemente, os dois grupos se tornaram um só, levando o nome do conjunto.
Produziu e participou de discos do Steelye Span, Renaissance, Blackmore’s Night, Honeymoon Suite, The Darkness, Uriah Heep, James Taylor e Billy Sherwood, entre outros.
Nos últimos anos foi nomeado membro da Ordem do Império Britânico e Doutor Honorário em Letras pela Universidade de Abertay, em reconhecimento às contribuições à cultura local.
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