Carlos Maltz cita Pablo Marçal ao refletir sobre reunião do Engenheiros do Hawaii

Baterista e astrólogo afirma entender Humberto Gessinger, mas também diz acreditar que há "campo de energia" favorável ao retorno da banda

Dois dos três integrantes da formação clássica do Engenheiros do Hawaii, que durou até 1993, voltaram aos palcos. Após três décadas, Augusto Licks (guitarra, violão e teclado) e Carlos Maltz (bateria) tocaram juntos pela primeira vez no último dia 21 de abril, no Bar Opinião, em Porto Alegre

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Com o sucesso, a dupla anunciou outras apresentações pelo Brasil. Acompanhados dos músicos da banda tributo Engenheiros sem CREA, já passaram por Florianópolis, Curitiba, Brasília e Goiânia, com mais apresentações marcadas para os próximos dias.

Ainda assim, os fãs continuam pedindo por uma reunião completa, com a participação do vocalista e baixista Humberto Gessinger — que já deixou claro não ter qualquer interesse. Por isso, Maltz decidiu abordar novamente o assunto. 

Em postagem no Instagram (via Whiplash), o músico saiu em defesa do antigo colega. Ao seu ver, não faz sentido cobrá-lo, já que o próprio possui uma carreira solo consolidada há muito tempo.

Para exemplificar, optou uma analogia, na qual o antigo líder seria como o “primo rico” da família. Ele declarou:

“As pessoas falam ‘queria que tivesse o Humberto Gessinger junto’ e eu também. Comecei esse movimento de reunir a banda já há alguns anos. Mas vamos pensar objetivamente: se você fosse o Humberto, iria se juntar conosco para tocar? Ele já está com o show dele na estrada há muito tempo, é um cara que está no primeiro time dos shows do Brasil atualmente. Ele é o primo rico dos Engenheiros, nós somos os primos pobres. Por que o primo rico vai se juntar com os primos pobres? Não faz sentido do ponto de vista mais racional. Ele tem uma banda legal, mais novos e bonitos. Por que botar uns velhos?”

Em seguida, porém, apresentou um ponto de vista mais esperançoso. Citando o ex-coach e empresário Pablo Marçal, candidato do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) à prefeitura de São Paulo, o baterista e também astrólogo disse acreditar que há um “campo de energia” a favor do retorno:

“Pensando a favor [de uma reunião], mesmo que a gente entrasse como músicos contratados, nós somos brothers, começamos juntos. Há um nível de relacionamento entre nós que só existe entre nós. Isso gera um movimento, um campo de energia, como diz o Pablo Marçal. Você precisa ter um campo de energia que gere uma criatividade, um carisma, uma intensidade das coisas. Se nos reuníssemos novamente os três, será que conseguiríamos reproduzir um pouco daquilo [que fizemos no passado]? Não saberia responder, mas vejo que sim. Eu arriscaria ver se isso aconteceria novamente.”

A opinião de Humberto Gessinger

Durante participação no podcast Corredor 5 em dezembro de 2023, Humberto Gessinger explicou o motivo pelo qual não tem vontade de reunir o Engenheiros do Hawaii novamente.

Para exemplificar, o cantor citou os Titãs. Em sua concepção, os músicos do grupo paulistano tinham as condições ideais para um retorno triunfal.

Já em relação à sua antiga banda, o contexto não é o mesmo. O próprio acredita que “morreria de sono” ao tocar as músicas, sobretudo devido aos arranjos. 

“Os Titãs nessa coisa do retorno é uma coisa excepcional. É a banda certa para fazer isso. Um lance maravilhoso. Eles são um coletivo. Agora, eu morreria de sono no início da minha primeira música se fosse tocar. Ou seja, não sobrevive cinco minutos minha vontade de tocar novamente os arranjos originais […]. O lance dos Titãs é maravilhoso, levaram a coisa para o ambiente de shows em arena, minha geração não tinha acesso a isso. Não é uma coisa para todo mundo, não conseguiria fazer”.

Anteriormente, em conversa de 2020 com o canal Alta Fidelidade, o músico alegou ser muito grato pelo carinho do público, que até hoje admira o trabalho apresentado junto aos antigos colegas. Contudo, o cantor não tem boas memórias atreladas ao período em que fez parte do grupo, sobretudo por causa da exposição exagerada advinda da fama.  

Ele afirmou: 

“Cara, eu fico tão feliz que as pessoas se lembrem com carinho desse momento. Mas eu não tenho muitas saudades, não por conta do Carlos e do Augusto, pelo contrário. Mas eu não me sentia muito à vontade com a exposição que a banda tinha. Às vezes eu me lembro e me dá uma sensação boa, mas de alívio também de ter passado. Não por conta do Augustinho e do Carlos, não estou falando disso, falando do momento histórico mesmo, de ter aquele grau de exposição.”

Próximos shows de Augusto Licks e Carlos Maltz

Após a estreia em Porto Alegre, ocorrida no mês de abril – confira resenha clicando aqui –, Augusto Licks e Carlos Maltz se apresentam em outras cidades do Brasil. Performances em Florianópolis, Curitiba, Brasília e Goiânia já aconteceram, respectivamente nos últimos dias 9, 16, 24 e 25 de agosto.

Confira a agenda a seguir:

  • 06/09: Campinas (Brasuca)
  • 07/09: Ribeirão Preto (Hard Rock Café)
  • 08/09: São Paulo (Carioca Club)
  • 13/09: Gramado (Wish Serrano Resort)
  • 25/10: Belo Horizonte (Palácio das Artes)

Sobre o Engenheiros do Hawaii

Formado em Porto Alegre em 1985 por Carlos Maltz e Humberto Gessinger, o Engenheiros do Hawaii conquistou espaço no rock nacional já com seu álbum de estreia, “Longe Demais das Capitais” (1986). No ano seguinte, Augusto Licks assumiu o posto de guitarrista e fechou aquela que é considerada a formação clássica do grupo.

O trio foi responsável pelos álbuns de maior sucesso da discografia do Engenheiros, tais como “A Revolta dos Dândis” (1987) e “O Papa É Pop” (1990). Em novembro de 1993 a formação clássica foi encerrada com a demissão de Licks. Maltz permaneceu até 1996. A liderança de Gessinger ditou então os rumos do projeto, que seguiu até 2008.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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