Que Yngwie Malmsteen é um músico bastante individualista, todos os fãs sabem desde o início da carreira. O próprio sempre deixou claro que trabalhar em grupo não estava entre suas prioridades. No entanto, em décadas recentes, a situação se intensificou, chegando ao auge quando o sueco assumiu os vocais de sua banda solo, mesmo após ter contado com uma série de cantores bem mais aptos à função.
Durante entrevista coletiva na mais recente edição do festival francês Hellfest, o próprio resolveu abordar o tema. Sem se esquivar, assumiu que prefere centrar o trabalho e acumular encargos. Para exemplificar, relembrou o início de sua jornada.
Ele disse, conforme registro da Loud TV e transcrição do Blabbermouth:
“Quando eu era muito jovem, fui para os Estados Unidos, onde vivi a maior parte da minha vida. Já falava inglês muito, muito bem, mas havia alguns termos que não entendia. Um vez, estava no estúdio e havia um produtor lá. Estava fazendo um solo e ele disse: ‘Nossa, uau. Isso foi muito bom, cara. Sim. Podemos fazer mais um? Um pouco mais devagar. Lembre-se: menos é mais.’ Olhei para ele e respondi: ‘Ah, você quis dizer que mais é mais, certo?’ E essa foi uma reação honesta porque eu não conhecia essa maneira estúpida de dizer as coisas, porque menos não é mais; mais é mais.”
Foi quando o então jovem músico entendeu que não poderia confiar nas impressões alheias quanto ao que desejava fazer.
“Basicamente, o que muitas pessoas podem não saber é que comecei a tocar quando tinha cinco anos — sete, na verdade. Ganhei minha primeira guitarra aos cinco, mas comecei a tocar quando tinha sete. Era tão extremo que tinha bandas montadas onde eu escrevia as músicas, eu era o cantor e o guitarrista. Eu era um garotinho, tipo o Michael Jackson. Tinha um baixista de 20 anos e um baterista de 20 anos ou algo assim. Desde o primeiro dia fiz isso. Eu sempre fui um artista solo — sempre. Nunca tive dúvidas sobre o que eu queria ou como queria soar. Eu sabia o que era. Eu sabia o que eu queria tocar. Eu sei o que eu quero escrever. Eu sei que tipo de som eu quero.”
Admiração a produtores, mas desejo de comandar
Ainda assim, Yngwie deixa claro não estar desdenhando dos profissionais da área. É apenas o seu modus operandi.
“Não estou rebaixando os produtores. Acho que há vários que fizeram muitas coisas boas para muitas bandas. Mutt Lange é incrível. Ele fez ótimas músicas em grupo — ótima direção, tudo isso. Martin Birch — muitas pessoas gostam disso. A diferença é que eu já tenho tudo arquitetado na minha cabeça. Já está lá. Então, quando outra pessoa entra, isso não acrescenta, mas dilui. A mesma coisa com a composição. E algumas pessoas podem pensar que eu sou um egoísta, tanto faz. Mas não. A música está pronta. Está finalizada. Tudo o que eu faço é tocar e gravar.”
Malmsteen citou exemplos de outros artistas que trabalham diferente, sem julgamento de valores.
“Ozzy tem compositores que escrevem para ele, produtores e afins. Eu não faço isso, é tudo comigo. E não é porque eu sou uma pessoa egoísta que não quer que ninguém mais leve o crédito. Não. É porque em vez do que você definiria como uma parceria de composição de rock and roll tradicional, Lennon-McCartney, Keith Richards-Mick Jagger — eu amo todos eles, acho que são f*da demais. Em vez do que eles fizeram, eu trabalho mais como um autor, como digamos Stephen King ou Johann Sebastian Bach.”
Yngwie Malmsteen atualmente
No próximo mês de setembro, Yngwie Malmsteen começa uma turnê que celebra seus 40 anos de carreira como artista solo. O giro terá início pela América do Norte, se estendendo até novembro. Kurt Deimer será a atração de abertura. Por enquanto, não há previsão de datas para outros locais.
A vinda mais recente do guitarrista ao Brasil aconteceu em outubro de 2022. Na ocasião, ele se apresentou apenas em São Paulo. A passagem serviu para divulgar o álbum “Parabellum”, originalmente lançado em 2021. Confira resenha do polêmico show clicando aqui.
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