É natural que alguns trabalhos do Whitesnake sejam alvo de frustração, dada a sua longa discografia. Fundado e liderado por David Coverdale, o grupo passou por uma série de mudanças de formação e direção musical ao longo dos anos, o que resultou em inconsistências notadas até mesmo pelo “chefe”.
Em 2020, em entrevista ao site Eon Music, o vocalista abordou o assunto e citou os dois discos que não ficaram como esperado. O segundo álbum da carreira, “Lovehunter” (1979), recebeu destaque negativo graças à troca de bateristas que aconteceu quando a produção estava quase finalizada.
Coverdale disse:
“‘Lovehunter’, porque o empresário se recusou a colocar Ian Paice (Deep Purple). Quando Paicey se juntou, sem desrespeito ao baterista original (Dave Dowle), mas estamos falando do grande Ian Paice!”
Dowle gravou a bateria do álbum, mas deixou o grupo em agosto de 1979, um mês antes do lançamento. Com a contratação imediata de Paice, Coverdale sugeriu a regravação do material. Contudo, a proposta foi descartada pelo empresariamento devido aos custos.
A atuação de Paice, assim como do baixista Neil Murray, se mostrou favorável para a banda nos dois álbuns seguintes. Isso frustrou David perante o que “Lovehunter” poderia ter sido.
“Ele e Neil Murray, meu Deus, eles mandaram ver, como se pode ouvir em ‘Ready an’ Willing’ [1980] e ‘Come an’ Get It’ [1981]. Isso é triste para mim, porque achei que ‘Lovehunter’ tinha ótimas músicas que teriam se beneficiado muito com Ian Paice.”
Frustrante mudança de planos
David Coverdale ainda mencionou sua frustração em torno de “Restless Heart”, lançado em março de 1997. O controverso disco foi planejado como um projeto solo. Porém, executivos com quem trabalhava na EMI de Londres — que haviam concordado em ajudá-lo na transição para a carreira solo — foram substituídos por outros que o obrigaram a lançar sob a assinatura “David Coverdale & Whitesnake”.
De forma breve, o cantor declarou:
“O outro (frustrante) foi ‘Restless Heart’ porque não era para ser um álbum do Whitesnake. Então, eu realmente não tenho arrependimentos.”
Em outra entrevista, reproduzida no livro “Whitesnake: A Fantástica Jornada de David Coverdale”, do autor Martin Popoff (Estética Torta, 2020), Coverdale revelou ter composto e gravado o material como um registro solo, com uma sonoridade mais leve e introspectiva. Com a alteração, precisou adequar ao “padrão Whitesnake”.
“Tive que acrescentar guitarras mais pesadas e aumentar o volume da p#rra da bateria, mas para mim não era um disco do Whitesnake. Era um disco solo de David Coverdale.”
Whitesnake, “Lovehunter” e “Restless Heart”
Lançado em 21 de setembro de 1979, “Lovehunter” foi o primeiro trabalho do Whitesnake a entrar nas paradas musicais do Reino Unido. Dentre as dez faixas que compõem o álbum, “Walking in the Shadow of the Blues” ganhou destaque e se tornou uma das maiores referências dos anos iniciais do grupo.
Por sua vez, “Restless Heart” foi o único álbum de estúdio do Whitesnake na década de 1990, período em que a banda esteve inativa na maior parte do tempo. Registrou vendas mais baixas que as de seus antecessores diretos e foi sucedido por uma turnê de despedida, que encerrou as atividades do grupo até 2003. “Too Many Tears” e “Don’t Fade Away” foram os singles.
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