Tom Morello relembra racismo sofrido na infância: “colocaram forca na garagem de casa”

Guitarrista relembrou fatos ocorridos ainda na infância que deixaram marcas eternas em sua personalidade

Os ataques de ódio motivados por preconceitos deixam marcas indeléveis na vida das vítimas. Décadas se passam, mas a marca da agressão não apenas será carregada, como pode até mesmo gerar algum tipo de reação. Tom Morello foi uma dessas pessoas – e nunca esqueceu o que passou.

Em entrevista à mais nova edição da revista britânica Metal Hammer, o guitarrista do Rage Against the Machine e Audioslave lembrou alguns acontecimentos que o marcaram. Como quase tudo que ajuda a formar nosso caráter, as situações se deram nos anos formativos.

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Ele disse:

“Minhas primeiras experiências com o racismo se deram no playground, bem cedo. Eu sempre soube que era diferente. Havia racismo passivo-agressivo de outras crianças, nascido de suas inocentes ignorâncias. Mas também passei por situações realmente maldosas: ouvir a palavra com ‘n’ não era incomum.”

Houve um momento específico em que a situação escalonou.

“Quando eu tinha 13 anos, uma corda em forma de forca foi colocada na garagem da casa da minha família. Libertyville era esse tipo de subúrbio bucólico e charmoso de Chicago por um lado, mas havia uma espécie de base de medo real.”

O repórter então perguntou a Morello se ele já havia se sentido realmente ameaçado pelo tratamento racista que recebeu.

“Claro. Quero dizer, olhando para trás, é apenas sua vida de certa forma, mas havia essa estática de fundo. Todos os dias havia a possibilidade do que agora é conhecido como microagressões e, às vezes, macroagressões.”

O artista garante que isso influenciou até mesmo a sua vida amorosa, especialmente no período em que esse tipo de sentimento é desperto.

“De repente, você chega à idade em que começa a namorar e o preconceito se torna muito mais gritante. Eu ficava na porta esperando para sair para um encontro e ouvia essas discussões acontecendo atrás da porta. Do nada, você sabe, minha pretendente teria ‘ficado resfriada’ ou algo assim.”

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Tom Morello durante show no Best of Blues and Rock 2023 (foto: Jeff Marques @jeffmaarques_)

Tom Morello, racismo e estereótipos

Em 2021, Tom Morello falou abertamente sobre o preconceito racial de alguns grupos da comunidade do rock. Ao NME, refletiu:

“Há uma grande parcela do público que fica chocada e chateada quando me ouvem falar sobre autoidentificação como negro. Ficam a um passo de se sentirem ofendidos. Mas eu sou queniano, cara, o genuíno negro da África. Nem sempre é um preconceito malicioso, só que existe e está enraizado no DNA do Rock, apesar de ter sido inventado pelos negros. Não sei se as coisas melhoraram nos últimos anos, mas definitivamente havia uma barreira.”

O músico também falou sobre a luta para não ser estereotipado como um jovem guitarrista negro em particular.

“Eu costumava repudiar publicamente Jimi Hendrix porque, em cada show que fiz quando jovem, alguém na plateia gritava: ‘toque Foxy Lady!’. Ou: ‘toque com os dentes’. Essa era a suposição, porque havia apenas uma indicação do que um guitarrista negro poderia ser. Tive que me distanciar disso para ser o músico que queria ser. Felizmente, não é mais necessário agir dessa forma.”

“Soldier in the Army of Love”

Nas últimas semanas, Tom Morello lançou o single Soldier in the Army of Love. A música é uma parceria com seu filho, Roman, que gravou o solo de guitarra principal no registro.

A faixa antecede o próximo disco solo do artista. De acordo com o próprio, a obra terá sonoridade totalmente voltada ao rock. A ideia é que o material seja lançado até o fim deste ano.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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