O Planet Hemp surgiu em 1993 e logo ficou marcado por abordar em suas músicas temas como a legalização da maconha, a violência policial e a situação política do país. Apesar dos tópicos considerados “polêmicos”, os músicos acreditam que um fator específico contribuiu para que conseguissem espaço no mercado.
Em 1994, o Raimundos disponibilizou seu disco de estreia homônimo. Sem “papas na língua”, o trabalho chamou atenção não só por misturar o hardcore com a música nordestina, como também pelas letras explícitas — recheadas de palavrões e conteúdo sexual. Por meio do álbum, a banda estourou e alcançou grande popularidade.
Diante do sucesso do Raimundos, BNegão acredita que as gravadoras passaram a procurar estilos únicos. Nas palavras do cantor, o cenário ajudou a viabilizar a carreira do Planet Hemp. A Nicollas Witzel, para a Folha de S. Paulo, ele declarou:
“O auge nessa época era gravar uma ‘fita demo’, porque começamos em um momento que não existia muita coisa como a gente. As bandas grandes não conseguiam vender disco, e nós conseguiríamos? Mas depois dessa história todo mundo ficou procurando um novo Raimundos, com medo de perder um estilo que poderia dar certo de novo.”
Assim, a banda assinou contrato com a gravadora Sony Music e lançou o seu primeiro álbum de estúdio, “Usuário” (1995). De acordo com o próprio, os integrantes encontraram certa resistência das estações de rádio no início, mas logo obtiveram apoio do público:
“Demorou mais de um ano para as rádios começarem a tocar, ninguém tinha coragem de apoiar um som falando de maconha e polícia. Depois começamos a ter várias oportunidades, tudo na velocidade da luz.”
A estreia do Raimundos
Como mencionado, o álbum de estreia do Raimundos saiu em 1994, por meio do selo Banguela Records da Warner Music. “Nêga Jurema” e “Puteiro em João Pessoa” haviam sido selecionadas pela banda como músicas de trabalho e permanecem entre os clássicos no repertório do Raimundos. Mas foi “Selim” a canção responsável por estourar o grupo. À Superinteressante, o baterista Digão contou:
“A gravadora lançou ‘Nêga Jurema’ e ‘Puteiro em João Pessoa’ e achou que fôssemos vender uns 30 mil discos. Aí começou a tocar ‘Selim’ e o disco pulou para 100 mil.”
O sucesso de “Selim” nas rádios pop fez outras canções ganharem espaço em estações rock. Ao longo de 1995, várias das faixas mais pesadas de “Raimundos” eram figuras cativas nas programações. Assim, a banda se tornou a mais popular do país entre adolescentes. O produtor Carlos Eduardo Miranda destacou para o Uol:
“Raimundos não tem para ninguém, é a banda mais chuta c* da história da música brasileira. E a minha maior contribuição foi permitir que eles fossem exatamente como eram. Não quis mudar o som, diminuir guitarras, tirar palavrão. Deixei bem cru e nervoso.”
Sobre o Planet Hemp
Na ativa entre 1993 e 2001, o Planet Hemp encerrou atividades inicialmente para que Marcelo D2 focasse em sua carreira solo. Reuniões esporádicas ocorreram em 2003, 2010 e no período entre 2012 e 2016.
A partir de 2018, a banda voltou em definitivo. Desde então, realizaram apresentações em festivais como Lollapalooza Brasil, Rock in Rio, The Town, Virada Cultural de São Paulo, João Rock e Coolritiba.
Em 2022, lançaram seu álbum de estúdio mais recente, “Jardineiros”. Foi o primeiro disco de inéditas do grupo desde “A Invasão do Sagaz Homem Fumaça” (2000). Uma versão expandida intitulada “Jardineiros: A Colheita” chegou em agosto de 2023.
Na última quinta-feira (11), o Planet Hemp gravou em São Paulo um DVD celebrando seus 30 anos de trajetória. Mike Muir (Suicidal Tendencies), Pitty, Black Alien, BaianaSystem, Emicida, Rodrigo Lima (Dead Fish), entre outros nomes, participaram da apresentação.
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