Eric Clapton prestou homenagem a John Mayall, antigo parceiro de banda e citado como seu “mentor”, por meio de um vídeo nas redes sociais. O líder do Bluesbreakers e um dos músicos mais influentes do blues rock britânico morreu na última segunda-feira (22), aos 90 anos.
No registro (via Rolling Stone), o Slowhand foi categórico ao dizer que Mayall o resgatou do “esquecimento”. Embora tenha durado pouco — entre 1965 e 1966 —, a passagem de Clapton pelo Bluesbreakers rendeu um dos álbuns mais aclamados do segmento, “Blues Breakers with Eric Clapton” (1966), e recolocou no mapa o músico recém-saído do Yardbirds, que considerava largar a música àquela altura.
Eric disse:
“Quero agradecer principalmente por me resgatar do esquecimento e só Deus sabe mais do quê. Eu era um jovem, com cerca de 18 ou 19 anos, quando decidi que iria abandonar a música. Ele me encontrou, me levou para sua casa e me pediu para entrar na banda dele. Aprendi tudo o que realmente sei hoje em termos de técnica e vontade de tocar o tipo de música que adoro. Fiz todas as minhas pesquisas na casa dele, em sua coleção de discos.”
Ao deixar o Bluesbreakers, Clapton se juntou ao Cream, ao lado do baterista Ginger Baker e do cantor/baixista Jack Bruce — que também havia passado pela banda de Mayall. Este, por sua vez, substituiu Eric por ninguém menos que Peter Green, também notório por seu trabalho na fase inicial do Fleetwood Mac.
O Slowhand complementa:
“Toquei com a banda dele por alguns anos, com Hughie (Flint, baterista) e John (McVie, baixista). Foi uma experiência fantástica. Ele me ensinou que não havia problema em apenas tocar a música que você queria, sem enfeitá-la ou fazer com que alguém gostasse dela. Para ouvir a mim mesmo.
Ele me ensinou tudo o que sei e me deu coragem e entusiasmo para me expressar sem medo, sem limites. E tudo o que lhe dei em troca foi o quanto era divertido beber e ser mulherengo quando ele já era um homem de família. Queria compensar isso. Vou sentir falta dele, mas espero vê-lo do outro lado. Obrigado John. Eu te amo. Vejo você em breve, apenas não agora.”
A morte de John Mayall
Um comunicado divulgado pela família de John Mayall nas redes sociais destaca:
“É com pesar que compartilhamos a notícia de que John Mayall faleceu pacificamente em sua casa na Califórnia ontem (segunda-feira), 22 de julho de 2024, cercado por uma família amorosa. Os problemas de saúde que forçaram John a encerrar sua épica carreira em turnês finalmente levaram a paz para um dos maiores guerreiros da estrada do mundo. John Mayall nos deu noventa anos de esforços incansáveis para educar, inspirar e entreter.
Em uma entrevista de 2014 ao The Guardian, John refletiu: ‘[Blues] é sobre – e sempre foi sobre – aquela honestidade crua com a qual [expressa] nossas experiências de vida, algo que tudo se junta nesta música, nas palavras também. Algo que está conectado a nós, comum às nossas experiências’. Essa honestidade, conexão, comunhão e forma crua de se tocar continuarão a afetar a música e a cultura que vivenciamos hoje e nas gerações vindouras.
Nomeado OBE (Oficial do Império Britânico), artista duas vezes indicado ao Grammy e recentemente introduzido ao Rock and Roll Hall of Fame, John deixa seus 6 filhos, Gaz, Jason, Red, Ben, Zak e Samson, 7 netos e 4 bisnetos. Ele também está cercado de amor por suas esposas anteriores, Pamela e Maggie, por sua dedicada secretária, Jane, e por seus amigos íntimos. Nós, a família Mayall, não podemos agradecer o suficiente a seus fãs e à longa lista de colegas de banda pelo apoio e amor que fomos abençoados por experimentar indiretamente nas últimas seis décadas.
John encerrou a mesma entrevista ao The Guardian refletindo mais sobre o blues: ‘Para ser honesto, não acho que alguém saiba exatamente o que é [o blues]. Eu simplesmente não consigo parar de tocar’. Continue tocando blues em algum lugar, John. Nós te amamos.”
Sobre o músico
Nascido em 29 de novembro de 1933, em Macclesfield, na Inglaterra, o multi-instrumentista John Mayall consagrou-se no comando da banda John Mayall & the Bluesbreakers. O grupo já teve alguns dos maiores músicos da história do blues em sua formação. A participação dele inclui as posições de guitarrista, vocalista, tecladista e gaitista.
Com uma extensa discografia à frente do Bluesbreakers e também em carreira solo, Mayall tocou ao lado de músicos como Eric Clapton, Jack Bruce (Cream), Mick Taylor (Rolling Stones), Peter Green, John McVie, Mick Fleetwood (Fleetwood Mac), Aynsley Dunbar (Frank Zappa) e muitos outros.
Nos anos 70, produziu um álbum de Albert King mais voltado ao jazz e foi um dos pioneiros da fusão do gênero com o blues que o tornou conhecido. Na década seguinte, reativou os Bluesbrakers de forma praticamente definitiva.
Mesmo em idade avançada, continuou lançando álbuns com uma frequência regular, após firmar contrato com a Forty Below Records. Em 2018, incorporou em sua banda solo a primeira guitarrista mulher com quem trabalhou na carreira: a experiente Carolyn Wonderland.
Em 2021, prestes a fazer 88 anos, anunciou sua aposentadoria das turnês devido à idade e o risco da pandemia de covid-19, embora tenha continuado a fazer shows de forma mais esporádica até o ano seguinte. Seu último álbum, “The Sun is Shining Down”, também saiu em 2022.
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