O Sepultura comunicou oficialmente o fim de suas atividades em dezembro do ano passado. Durante coletiva de imprensa transmitida na internet, a banda confirmou a notícia e anunciou a turnê de despedida “Celebrating Life Through Death” — iniciada em março último e com término previsto para setembro de 2025.
Apesar de já especulada anteriormente, a informação surpreendeu parte do público, sobretudo pelo entrosamento da formação à época. Mas segundo Derrick Green, que não tem se manifestado muito sobre o assunto, este é o melhor momento para encerrar a trajetória de 40 anos do grupo.
Respondendo à pergunta de um fã na edição de agosto (#389) da Metal Hammer, o vocalista de 53 anos explicou que ciclos dentro de uma banda podem ser repetitivos. Também afirmou que é vantajoso parar enquanto ainda estão no auge e deu o exemplo da banda sueca de hardcore Refused.
Ele disse:
“Você passa normalmente por aquele ciclo de criar um álbum, divulgá-lo, sair em turnê, e isso pode ficar repetitivo. Agora estamos fazendo coisas que nunca fizemos antes. Eu era um grande fã do Refused, e quando eles lançaram seu último álbum [‘The Shape of Punk to Come’, de 1998, antes de voltarem em 2012], tive muito respeito por pararem depois daquele álbum épico. Para nós, é emocionante saber que vamos tocar nos lugares pela última vez.”
O guitarrista Andreas Kisser concordou e complementou a resposta, citando diretamente “Quadra” — álbum mais recente do Sepultura, lançado em fevereiro de 2020 — e a morte da esposa, Patricia Kisser, em julho de 2022 devido ao câncer de cólon. Ele disse:
“Você respondeu tudo. ‘Quadra’ é um álbum incrível e por que esperar que algo fora do nosso controle aconteça para acabar com a banda? Minha experiência pessoal com minha esposa que morreu de câncer há dois anos também deu à vida um significado diferente para mim. Fechamos ciclos da nossa vida todos os dias e é um privilégio fazer isso de forma consciente. Estando em uma banda você sente muitas pressões, e às vezes, isso não faz sentido artisticamente falando. Não queremos ser escravos dos nossos avatares.”
Possíveis músicas inéditas do Sepultura
Ainda assim, o Sepultura parece ter reconsiderado a ideia de não lançar músicas inéditas após o “Quadra” (2020). De acordo com o guitarrista Andreas Kisser, a entrada do baterista Greyson Nekrutman deu novo gás e o grupo quer aproveitar o momento.
A revelação foi feita durante entrevista à ex-VJ da MTV Sarah Oliveira, no projeto Minha Canção. Nela, o artista deixa claro o desejo de registrar o momento atual, considerando a possibilidade de oferecer “três ou quatro músicas”.
“Queremos gravar todos nossos shows para lançar um CD ao vivo e talvez lançar umas 3 ou 4 músicas inéditas com o Greyson na bateria. Estamos falando de algumas coisas, algumas inéditas.”
A grande surpresa ficou por conta do formato imaginado para uma das composições. No melhor estilo “traidor do movimento”, o grupo pode gravar uma balada.
“Temos o grande sonho de escrever uma balada, que nunca conseguimos fazer! [risos] No metal tem tantas bandas com essa capacidade. Tentamos algumas vezes, mas nunca foi.”
Andreas também enfatiza a possibilidade de contar com algumas colaborações externas no processo.
“Nós iríamos compor, mas estou pensando em alguns parceiros. Meio segredo ainda. Conhecemos muita gente, que vão para a coisa mais simples, só que colocadas no lugar certo. Por que não, né? Esse pequeno EP de estúdio seria para celebrar e curtir as possibilidades. Seria um desperdício não aproveitar isso.”
“Celebrating Life Through Death”, a turnê de despedida
O Sepultura segue na turnê “Celebrating Life Through Death”, que marca o encerramento de suas atividades. Além das datas de uma segunda etapa no Brasil sendo cumpridas no momento, América do Norte e Europa receberão o giro ainda em 2024. A expectativa é que o giro se estenda ao menos até o ano que vem.
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