Antes de se tornar um dos expoentes do hard rock oitentista com fortes ingredientes pop, o Def Leppard inaugurou a carreira com uma sonoridade um pouco mais pesada do que a conhecida. Nos dois primeiros álbuns — “On Through the Night” (1980) e “High ‘N’ Dry” (1981) —, a banda explorou uma sonoridade mais inclinada ao heavy metal, que alcançou sucesso comercial moderado no Reino Unido.
Para dar o próximo passo, o grupo viu a necessidade de realizar mudanças sonoras para se adaptar ao mercado e ampliar o alcance comercial. Afinal, desde o início, o grupo inglês visava atingir o mercado americano.
Dessa forma, a estética hard rock foi fundida com elementos pop em “Pyromania” (1983) e “Hysteria” (1987). Os dois álbuns conquistaram enorme sucesso: juntos, venderam mais de 22 milhões de cópias somente nos Estados Unidos.
Mas como tudo isso começou? Em entrevista ao site Ultimate Classic Rock (via Rock and Roll Garage), o vocalista Joe Elliott revelou que o pontapé inicial se deu em uma reunião com o produtor Mutt Lange, onde foram observadas as mudanças no cenário musical desde a concepção de “High ‘N’ Dry”, primeiro disco do grupo a ter envolvimento do profissional sul-africano.
“Depois de nove meses sem ver Mutt, quando nos reunimos pela primeira vez para o ‘Pyromania’, começamos discutindo o que havia acontecido desde a última vez que o vimos. Coisas que não havíamos notado muito no passado agora estavam realmente enraizadas. Por exemplo, foi em 1981 que o Human League lançou ‘Dare’ e ‘Don’t You Want Me Baby’, com aquela bateria eletrônica brilhantemente feita. Depois, veio o New Order.”
A escolha de adotar os sintetizadores, tradicionais da música oitentista, também foi abordada. Ele contou:
“Todos esses recursos de bateria eletrônica estavam se tornando comuns na cena do rock alternativo, mas ninguém estava usando isso no que você poderia chamar de cena do rock ‘padrão’. Sabe, em 1982, quando estávamos fazendo ‘Pyromania’, a novidade era o Men at Work. E o Asia. Bandas estabelecidas como Styx e REO Speedwagon ainda estavam fazendo discos como sempre fizeram.”
A chegada de Phil Collen ao Def Leppard
Joe Elliott ainda revelou que a decisão de se aventurar no pop rock também motivou a saída de Pete Willis. O guitarrista foi substituído por Phil Collen, que segue com a banda até os dias de hoje.
“Tivemos a oportunidade de vir com tudo. Uma banda britânica com um som muito mais pop-rock do que os álbuns anteriores. Porque eu, Steve [Clark, guitarrista] e Sav [Rick Savage, baixista] realmente nos inclinamos mais para o lado pop-rock em vez do metal mais blueseiro que Pete gostava de tocar, que já estava secando um pouco de qualquer maneira. Phil queria se juntar a nós por causa dessa direção que estávamos seguindo.”
Além da guitarra, Collen contribuiu com os vocais de apoio que deixaram a sonoridade do Def Leppard mais leve e acessível.
“Músicas como ‘Photograph’ eram mais parecidas com uma banda como Boston, um rock acessível. Não era apenas metal puro ou algo assim. As grandes harmonias vocais, porque Phil era um ótimo cantor, era algo que o atraía. Esse era o caminho que eu e Sav sempre quisemos seguir.”
“On Through the Night” e “High ‘N’ Dry” (1981)
Lançado em março de 1980, “On Through the Night” apresentou um Def Leppard ainda associado à chamada New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM). Alcançou a 15º posição das paradas do Reino Unido e 51º nos Estados Unidos.
Conquistaram a atenção de Mutt Lange, que já havia produzido os clássicos “Highway to Hell” e “Back in Black”, do AC/DC. O profissional de estúdio assumiu as gravações de “High ‘n’ Dry”. Lançado em julho de 1981, o segundo disco do grupo apresentou uma sonoridade ligeiramente mais inclinada ao hard rock oitentista.
Relançado em 1984, o trabalho ganhou uma segunda vida impulsionada pelo videoclipe do single “Bringin’ On the Heartbreak”, que ganhou grande rotatividade na MTV. Anos depois, a canção chegou a ser regravada por Mariah Carey.
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