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A clássica música do Black Sabbath feita só para encher linguiça, segundo Iommi

Banda precisava ocupar espaço para completar o segundo disco e acabou gerando seu maior hit

A despeito de preferências pessoais diferentes de cada fã, “Paranoid” é a música mais popular do Black Sabbath. O estrondoso sucesso a coloca até mesmo naquelas coletâneas popularescas de grandes canções do cenário pop generalista – lembremos, o rock and roll é um braço do pop enquanto algo que vai além de um estilo.

O impacto da composição perdura, além de sua fácil execução a transformar em um bom número de início para aspirantes na guitarra, baixo e bateria. A simplicidade faz parte desde a criação, já que ela saiu em um improviso protagonizado por Tony Iommi.

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O próprio explicou como tudo se deu em 2021, durante entrevista à BBC Radio – transcrita pelo Ultimate Guitar:

“Não tínhamos músicas suficientes para completar o álbum. Estávamos no estúdio e o produtor que tínhamos na época (Rodger Bain, que produziu os três primeiros álbuns do Sabbath) – acho que ele nunca havia produzido antes –, mas quando achamos que tínhamos terminado, ele disse: ‘Vocês têm oito músicas que são ótimas, mas não têm o suficiente para fechar o espaço do disco.”

Lembremos que, à época, com o vinil sendo o formato principal, o tempo e o espaço eram muito mais importantes para um álbum. Assim, coube ao guitarrista encontrar uma solução.

“Todos foram almoçar, eu fiquei no estúdio e criei o riff de ‘Paranoid’. Esperei voltarem e disse: ‘Precisamos de outra música…’ Eles responderam: ‘Oh, não…’ Falei: ‘É, mas eu tive essa ideia’, e toquei para eles. Finalizamos, gravamos e foi isso. Basicamente, ‘Paranoid’ era um filler. Foi feito como um preenchimento. Nunca tínhamos feito uma música de três minutos antes. E foi incrível o que ela alcançou.”

O efeito principal, ressalta o único membro de todas as formações do grupo, foi justamente colocá-los de vez no mercado pop.

“’Paranoid’ atraiu um público diferente do que estávamos acostumados. Vimos muitas garotas gritando e coisas assim, com as quais não estávamos acostumados nos shows. De repente, estávamos aparecendo no ‘Top of the Pops’ (lendário programa de hits da BBC). Após aparecermos lá dissemos: ‘É isso, nunca mais faremos isso, não somos uma banda pop.’”

Alguns anos mais tarde, o Black Sabbath descumpriu a palavra e apareceu novamente na atração, fazendo um playback de “Never Say Die”, faixa-título do último disco da formação original.

Reprovada por Ozzy e Geezer

Curiosamente, “Paranoid” não contou com a aprovação imediata de toda a banda. Em entrevista à Classic Rock, o baixista Geezer Butler relembrou a reação que teve junto a Ozzy Osbourne.

“Ozzy e eu achamos que ela lembrava demais ‘Communication Breakdown’, do Led Zeppelin. Eles eram nossos amigos, amávamos o primeiro disco que gravaram. Costumávamos ouvi-lo enquanto fumávamos maconha. Quando Tony nos mostrou o riff, nos olhamos e pensamos ‘não podemos fazer isso’. O fato de ter se tornado um grande sucesso para nós – e agora é provavelmente nossa música mais conhecida – diz tudo, na verdade.”

Hoje, o músico entende que é natural fazer algo que possa lembrar o que já foi feito por outro artista.

“Essa é a coisa do rock’n’roll, todo mundo faz isso, especialmente quando são jovens e estão apenas começando. É colocar seu próprio selo que conta. E o Sabbath certamente fez isso depois.”

O sucesso de “Paranoid” levou o grupo às paradas, algo que eles jamais imaginavam.

“Nós nos sentíamos como traidores. Não estávamos tentando atrair os garotos que assistiam ao ‘Top of the Pops’. Fomos ao programa e nos sentíamos tão deslocados. E nos shows começamos a ouvir muitos jovens e crianças gritando. Quando ouviram nossas outras coisas, provavelmente se borraram de medo e saíram correndo.”

Black Sabbath e o álbum “Paranoid”

“Paranoid”, o álbum, se tornou o mais vendido da carreira do Black Sabbath, superando 12 milhões de cópias comercializadas. Chegou ao topo da parada britânica, feito que a banda repetiria apenas 43 anos mais tarde, com “13”.

Vale ainda mencionar que, inicialmente, o disco se chamaria “War Pigs”, título de outro dos seus clássicos. No entanto, a improvisada derradeira canção registrada se mostrou tão forte que alterou os planos.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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