Death Angel encerra turnê latino-americana com show impiedoso no Summer Breeze
Veteranos do thrash metal da Bay Area apostam no seguro, privilegiando as músicas mais conhecidas de seu catálogo
*Por Marcelo Vieira
Na sua até então única visita ao Brasil, o Death Angel cumpriu um itinerário que até para bandas novatas seria puxado: foram dez shows num espaço de quinze dias. “Pareceram cinco semanas!”, lembrou o guitarrista Rob Cavestany em entrevista a este jornalista. “A gente quase não dormiu (…) tipo, dormíamos uma hora no aeroporto, uma hora na van, uma hora no camarim… Não dava tempo nem para chegar ao hotel e tirar uma soneca ou algo assim; saíamos da van, montávamos nosso equipamento, passávamos o som, nos vestíamos, comíamos algo e então restavam apenas duas horas antes do show.”
A volta tardou, mas se deu de modo mais suave, começando com uma aguardada apresentação no Sun Stage do Summer Breeze Brasil. Apesar de o horário (16h30) coincidir com o de outro luminar da porradaria, o Carcass, pode-se dizer que Cavestany, Mark Osegueda (vocal), Ted Aguilar (guitarra), Damien Sisson (baixo) e Will Carroll (bateria) fizeram frente à concorrência, arregimentando verdadeira cabeçada a ponto de dificultar a circulação no espaço secundário do evento.
Com “Lord of Hate” teve início a artilharia pesada disparada pelos canhoneiros mais impiedosos do thrash da Bay Area. Nada lenga-lenga, nada blá-blá-blá, só desgraceira sem parar. A ideia, confirmada pelo próprio Osegueda, era fazer valer os treze anos e meio de espera com uma performance para ficar na lembrança como uma das mais explosivas do festival. E foi.
O mais recente lançamento do quinteto, o catadão de regravações “The Bastard Tracks” (2021), pode até ter feito os caras revisitar lados B e Z de seu nem tão extenso catálogo. Contudo, no palco a aposta é segura nas canções de eficácia comprovada junto ao headbanger de ocasião, mas que, de modo algum, fere as expectativas dos adeptos mais ferrenhos.
Pudera: é impossível reclamar de clássicos tanto dos primórdios (“Voracious Souls”, diretamente do pai de todos, “The Ultra Violence”, 1987) quanto de álbuns da última década. “The Moth”, de “The Evil Divide” (2016), é forte candidata a melhor canção do grupo lançada no século 21.
Quiçá pelo cansaço acumulado de tantas horas torrando, as tímidas rodas de pogo foram abertas com alguma cautela e, decerto, pareciam dessintonizadas em relação ao que saía dos alto-falantes. Aliás, o Death Angel foi privilegiado com o que provavelmente foi o melhor som de toda a ala mais pesada das atrações deste Summer Breeze.
Na reta final, a alternância entre o velho e o novo, com “Mistress of Pain” abrindo alas para a derradeira “Thrown to the Wolves” — precedida por alguns Yeahs e nova menção ao tempo longe da América do Sul e a promessa de que a próxima volta não tardará a acontecer —, que, segundo Cavestany, é “obrigatória”.
Repertório:
- Lord of Hate
- Voracious Souls
- Seemingly Endless Time
- Buried Alive
- I Came for Blood
- The Dream Calls for Blood
- The Moth
- Humanicide
- Mistress of Pain
- Thrown to the Wolves
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