Tygers of Pan Tang mostra força ao unir passado e presente no Summer Breeze

Apresentação no Sun Stage prestigiou clássicos e sons mais recentes, ambos apreciados sem distinção por todos os presentes

Se um gato tem sete vidas, quantas um tigre possui? Mudanças de formação, conflitos internos ou simples falta de criatividade para transmitir novas mensagens podem minar a carreira de um grupo, seja dentro ou fora do heavy metal. No caso do Tygers of Pan Tang, a quantidade de novas chances obtidas — e devidamente aproveitadas — pelos envolvidos é um caso raro neste segmento.

Eu disse raro, não único. Histórias como as do Uriah Heep e Nazareth, também britânicos, complementam-se com o do Tygers como prova de que é possível seguir com qualidade mesmo tendo apenas um integrante original que não é o vocalista — músico que, na maior parte das vezes, é creditado como o principal responsável por dar identidade a uma banda.

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Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

O Tygers of Pan Tang atual, que desde 2004 apresenta a voz do italiano Jacopo “Jack” Meille, soa tão refrescante e poderoso quanto aquele ouvido em álbuns como “Wild Cat” (1980), “Spellbound” e “Crazy Nights” (ambos 1981). Afinal, o tigre-camaleão, acostumado a passar por mudanças de formação — a ponto de ter perdido seu cantor original, Jess Cox, do primeiro para o segundo disco. Adapta-se sempre que necessário e segue em frente.

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Foi isso que muitos fãs assistiram durante a apresentação do grupo completo por Robb Weir (guitarra — único membro original remanescente), Francesco Marras (guitarra), Craig Ellis (bateria) e Huw Holding (baixo) no Sun Stage do Summer Breeze Brasil. O festival promoveu apenas a segunda passagem da icônica banda da New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM) ao Brasil. A primeira se deu somente em 2016, quase quatro décadas após o início das atividades, com datas no Rio de Janeiro, Curitiba, Limeira e São Paulo.

Esta nova visita passou a impressão de que o grupo tem mais público no país do que poderia imaginar. A área destinada a um dos palcos paralelos do evento estava bem cheia já nas primeiras notas da acelerada “Gangland” — e ficou ainda mais ocupada conforme se desenrolava o repertório, construído numa fórmula que deixava canções mais antigas no início e no fim, enquanto as oriundas de discos recentes compunham o miolo.

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Do material extraído dos quatro últimos álbuns — “Ambush” (2012), “Tygers of Pan Tang” (2016), “Ritual” (2019) e “Bloodlines” (2023) —, destacaram-se a grudenta “Destiny”, a badass “Back for Good” e a insana “Fire on the Horizon”, esta contando com solos repletos de influências neoclássicas por parte de Marras. Já entre os discos mais velhos, não há como deixar de citar a sequência final com a divertida “Suzie Smiled”, a porrada “Euthanasia” (normalmente usada na abertura), a incontestavelmente clássica “Hellbound” e o cover quase farofa, mas 100% irresistível “Love Potion No. 9” (The Clovers).

Ainda assim, extrair destaques de um show como este é um exercício e tanto. Funcionou do início ao fim: os ícones da NWOBHM mantiveram aceso o interesse do público durante toda a apresentação, cujo único pecado foi o baixo volume da guitarra de Robb.

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Ainda que o som do Tygers pareça simples, não é fácil construir um repertório de fácil assimilação sem abdicar de uma identidade que começou a ser desenvolvida há pelo menos 45 anos. Diferentemente do game, o tigre pode, no fim das contas, ter uma vida só; o que não importa muito, já que Weir, Meille e seus parceiros farão de tudo para que esta vida seja preservada.

**Este conteúdo faz parte da cobertura Summer Breeze Brasil 2024. Algumas atrações terão resenhas + fotos publicadas primeiro. A cobertura completa, de (quase) todas as atrações, sairá nos próximos dias.

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Tygers of Pan Tang — ao vivo no Summer Breeze Brasil 2024

Repertório:

  1. Gangland
  2. Keeping Me Alive
  3. Only the Brave
  4. Fire on the Horizon
  5. Destiny
  6. Keeping Me Alive
  7. Slave to Freedom
  8. Back for Good
  9. Suzie Smiled
  10. Euthanasia
  11. Hellbound
  12. Love Potion No. 9 (cover do The Clovers)
Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Agradecimentos: Whiplash.Net

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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