“Talvez devêssemos ter composto baladas!”, foi a resposta do baterista Tom Hunting a este jornalista, em janeiro de 2022, ao ser perguntado sobre o porquê do Exodus, banda da qual foi fundador em 1979, nunca ter subido ao patamar de conterrâneos thrash metal como Metallica ou mesmo Megadeth.
Mas essa fidelidade ao estilo do qual foi um dos arquitetos e permanece como um dos principais expoentes, ainda que os tenha prevenido de faturar milhões em vendas de discos, é orgulhosamente exibida por Hunting, Steve “Zetro” Souza (vocal), Gary Holt e Lee Altus (guitarras) e Jack Gibson (baixo) por meio de um repertório de altíssima octanagem tal qual o apresentado na última sexta-feira (26) no Summer Breeze Festival.
O sol ainda brilhava algo inclemente quando o quinteto oriundo da Bay Area tomou posição no Ice Stage para, fazendo jus ao título de uma de suas principais canções, uma aula de violência (“A Lesson in Violence”). Na plateia — ou devo dizer classe? —, a constante foram as rodas de pogo; uma delas, inclusive, com feridos. Que esteja bem o headbanger que, aparentemente, fraturou a perna em meio ao agito porradeiro.
As escolhas para o setlist não poderiam ter sido mais certeiras ou abrangentes, com diversos álbuns da carreira — e, com isso, diferentes estágios da evolução musical da banda — comparecendo, para o agrado tanto dos fãs de antigamente quanto de uma molecada que, pela idade que aparentava, muito provavelmente descobriu o Exodus apenas no mais recente (e brutal) “Persona Non Grata” (2021).
Mas o show teve lá seus percalços. A menos de onde este que vos escreve estava, o som parecia carecer de graves. A bateria de Hunting engoliu todos os demais instrumentos e a voz de Zetro, que não estava em bom dia, na mix.
O vocalista, aliás, reafirmou o amor do Exodus pelo Brasil ao citar nominalmente alguns célebres apoiadores de longa-data. Só faltou mencionar a nobre ocasião em que a banda tocou num puteiro não em João Pessoa, mas no Rio de Janeiro, nos anos 1990.
Por fim, teve-se novamente a impressão de que pedradas como “Piranha”, “Fabulous Disaster”, “The Toxic Waltz” e “Strike of the Beast” foram compostas com o único propósito de gerar torcicolos, zumbidos no ouvido e um dia seguinte de pura derrota metálica. Mas com sorriso de satisfação no rosto graças à certeza de ter assistido a algo que, sozinho, já valeria cada centavo do preço do ingresso.
*A página será atualizada com mais fotos em breve.
**Este conteúdo faz parte da cobertura Summer Breeze Brasil 2024. Algumas atrações terão resenhas + fotos publicadas primeiro. A cobertura completa, de (quase) todas as atrações, sairá nos próximos dias.
Exodus — ao vivo no Summer Breeze Brasil 2024
Repertório:
- Bonded by Blood
- Blood In, Blood Out
- And Then There Were None
- Piranha
- Brain Dead
- Deathamphetamine
- Prescribing Horror
- The Beatings Will Continue (Until Morale Improves)
- A Lesson in Violence
- Blacklist
- Fabulous Disaster
- The Toxic Waltz (com trecho de “Raining Blood”, do Slayer)
- Strike of the Beast
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