Dave Grohl sentia-se deprimido antes do fim do Nirvana

Músico admitiu que não tinha vontade de sair da cama durante a turnê europeia que acabaria sendo a última da banda

O modo como o Nirvana acabou, em 1994, foi triste e chocante. Porém, o fim da banda já era alvo de especulações na mídia desde o ano anterior – só não se imaginava que Kurt Cobain o faria de uma forma tão definitiva. A instabilidade do frontman, que experimentava sofrimento extremo com o sucesso, indicava que tudo iria se encerrar logo adiante.

Refletindo sobre a época, Dave Grohl reconhece que não viu os sinais. O baterista que estreou no megassucesso “Nevermind” (1991) admitiu que o clima não era bom. No entanto, jamais imaginou que as coisas sofreriam uma virada rumo ao desfecho que sofreu.

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Disse o hoje líder do Foo Fighters à revista Mojo em 2009 – resgate do Louder:

“1994 foi um ano ruim desde o início. Não me lembro exatamente quando começamos aquela turnê europeia, mas foi na Espanha. Tínhamos os Buzzcocks conosco e eu estava muito animado. A diferença é que na viagem anterior ao continente ainda éramos o Nirvana, de Seattle. Agora éramos o NIRVANA! As coisas mudaram muito. Kurt passou por muitas coisas e estávamos tentando aceitar ser uma banda enorme, eu acho.”

Dave Grohl e a depressão

Dave admite que Cobain não era o único lidando com transtornos. O próprio enfrentava a depressão no período.

“Aquele ano inteiro foi confuso para mim por causa do quão perdido eu estava o tempo todo. Quando chegamos à Alemanha, acho que Kurt não queria mais estar lá. Lembro daquela turnê, acho que foi a primeira vez que senti depressão, uma depressão de não conseguir sair da cama. Aconteceu em Milão e eu queria muito ir para casa. Nunca havia me sentido assim. Nem conseguia me levantar e isso foi uma boa indicação de que não estava feliz e não queria estar lá. Mas eu tinha assumido o compromisso de fazer os shows e não queria decepcionar ninguém.”

Foi justamente no último show do giro – que acabaria sendo o último na história da banda – que Kurt acabou mostrando seu lado autodestrutivo.

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“O último show que fizemos foi em algum lugar na Alemanha [Terminal Einz em Munique, em 1º de março de 1994]. Kurt queria ir para casa, então acho que ele intencionalmente explodiu a voz, para que qualquer médico em sã consciência pudesse olhar para sua garganta e falasse ‘Está meio inflamado’… Então ele intencionalmente soltou a voz para que todos pudéssemos ir para casa.”

A morte de Kurt Cobain

Após o desfecho da viagem, cada um foi para o seu canto. A ideia era que o tempo curasse as feridas. Porém, elas foram extirpadas à força pela atitude definitiva do vocalista e guitarrista.

“Tive que ficar mais um dia para fazer um vídeo para a trilha sonora de ‘Backbeat’ (‘Os Cinco Rapazes de Liverpool’) e depois voei para casa, via Heathrow e São Francisco. Às 5 da manhã vem um telefonema de emergência. Era um cara: ‘Dave? É realmente Dave Grohl?’. Eu disse ‘Sim, quem é ?’ E ele respondeu: ‘Eu sou John, moro em Boston e sou um grande fã, só queria dizer que vocês são ótimos’. Perguntei ‘Como você conseguiu meu número de telefone?’ E ele falou ‘Disse à operadora que era uma emergência’. Então eu respondi ‘Ok, tudo bem, só não ligue de volta…’”

A ligação seguinte seria a pior possível: Cobain havia sofrido uma overdose ao misturar remédios para dormir com champanhe. O incidente se deu em março de 1994, um mês antes do músico tirar a própria vida.

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“Cinco minutos depois o telefone toca novamente. E alguém diz: ‘Cara, liga a CNN…’ E eu vejo um vídeo de Kurt em Roma, então… então… então foi quando eu soube (sussurra): ‘Oh não, acabou…’”

** No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV), associação civil sem fins lucrativos, oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, gratuitamente, 24 horas por dia. Qualquer pessoa que queira e precise conversar, pode entrar em contato com o CVV, de forma sigilosa, pelo telefone 188, além de e-mail, chat e Skype, disponíveis no site www.cvv.org.br.

Sobre o Nirvana

Fundado em 1987 na cidade de Aberdeen, Washington, Estados Unidos, o Nirvana se projetou como a grande força do rock na virada para a década seguinte. A banda encabeçou o levante que ficaria conhecido na mídia como grunge, gravando o álbum mais vendido do movimento, o já citado “Nevermind”.

Após a morte de Kurt Cobain, o grupo se desfez em definitivo, embora lançamentos póstumos sejam realizados até hoje. Dave Grohl e Krist Novoselic ainda fazem esparsas aparições públicas juntos (normalmente com o guitarrista Pat Smear, integrante nos últimos meses do grupo), enquanto o primeiro alcançou um sucesso ainda mais longevo com o Foo Fighters.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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