Encerrando a turnê “Barão 40”, que celebra seus 40 anos de carreira, o Barão Vermelho não precisou de muito esforço para inflamar o público que esgotou os ingressos disponíveis para vê-los na sexta-feira (5). O local escolhido para concluir o giro celebrativo foi o tradicional Circo Voador, no Rio de Janeiro.
A opção pela Cidade Maravilhosa, aliás, é simbólica. Foi por aqui onde tudo começou — e onde mais um capítulo dessa história seria escrito.
Cinco minutos após o horário marcado das 21h, a banda carioca Canto Cego subiu ao palco para iniciar os trabalhos da noite diante de público já bastante presente. Escolhido para a abertura por meio de um concurso popular, o grupo animou uma parcela singela dos presentes que atenderam aos inúmeros pedidos da vocalista Roberta Dittz para se juntarem mais próximos ao palco.
Foram músicas como a saideira “Transmutação” que deixaram claro o estilo peculiar do som do quarteto: uma mistura de rock pesado com bastante poesia. Rodrigo Solidade (guitarra), Ruth Rosa (bateria) e Magrão (baixo) completam a formação.
Pouco depois, foi a vez do Barão Vermelho, que iniciou seu caprichado set com “Ponto Fraco”. A força dos hits “Por que a Gente é Assim?” e “Bete Balanço”, logo de cara, foram responsáveis por inflamar a plateia, dando o tom do que teríamos a partir dali.
“A história do Barão e do Rock nacional nunca foi sobre chegar em primeiro em p#rra de lugar nenhum. É sobre resistência!”, diz Rodrigo Suricato após a trinca de canções inicial. Atual vocalista e guitarrista (dividindo esta função com Fernando Magalhães), Suricato — que vestia uma jaqueta com nomes dos saudosos Cazuza e Peninha e de Roberto Frejat, a quem substitui — chamou atenção no palco pela postura que equilibra a personalidade dos outros dois frontmen na conquista da plateia.
A celebração oferecida pelo Barão não se limitou a seu próprio repertório. “Tente Outra vez” e “Quando o Sol Bater na Janela do teu Quarto” homenageiam Raul Seixas e Legião Urbana, respectivamente. A carreira solo de Frejat, que teve colaboração de Mauricio Barros, também foi contemplada. Mas foram os tributos a Cazuza, que teria feito seu 66º aniversário no dia anterior ao da apresentação, os responsáveis por arrancar reações mais enérgicas do público, composto por uma mistura entre fãs mais velhos e alguns rostos jovens.
Uma das homenagens se deu em “O Tempo Não Para”, canção solo do vocalista falecido em 1990. “Meus Bons Amigos”, da “fase Frejat”, emociona com as imagens antigas da banda no telão. Já em “O Poeta Está Vivo”, é a vez de exibir dados do Ministério da Saúde sobre a contaminação masculina pelo vírus do HIV. No fim da homenagem, o baterista Guto Goffi — um dos membros originais remanescentes na atual formação ao lado do tecladista Maurício Barros — lê um texto em tributo ao seu antigo colega de banda, falecido em 1990. Um vibrante “Viva Cazuza!” fecha a mensagem.
“Por Onde eu For”, do disco mais recente “Viva” (2019), é um dos momentos que esfriam um pouco a apresentação — apenas para minutos depois os ali presentes competirem com Suricato nos vocais. O frontman, aliás, parecia emocionado ao fim da performance da bluesy “Down em Mim”. Em canções atemporais — sejam do Barão ou de Cazuza — como “Por Você”, “Codinome Beija-Flor”, “Exagerado”, “Puro Êxtase” e “Maior Abandonado”, ele estava bem acompanhado pelo canto da multidão aglomerada.
Para o bis, “Amor Para Recomeçar” e “Pro Dia Nascer Feliz” são as escolhas. Nelas, o clima era de festa em família, com os músicos completamente soltos no palco e na mesma sintonia de seus espectadores. “Viva o Barão de todos os tempos!” é uma das frases que diz Rodrigo Suricato na etapa derradeira.
No fim, foi justamente sobre isso a apresentação do grupo. A energia mais jovial de Rodrigo Suricato e o entrosamento do carismático Maurício Barros nos teclados, da presença sólida de Guto Goffi na bateria e do virtuoso Fernando Magalhães nas guitarras unem gerações. A turnê de 40 anos se encerra com chave de ouro, mas também aponta para um futuro brilhante para a atual formação do Barão Vermelho.
*Mais fotos ao fim da página.
Barão Vermelho – ao vivo no Rio de Janeiro
- Local: Circo Voador
- Data: 5 de abril de 2024
- Turnê: Barão 40
Repertório:
- Ponto Fraco
- Por que a Gente é assim?
- Bete Balanço
- Tente Outra vez
- Pedra, Flor e Espinho
- O Tempo Não Para
- Meus Bons Amigos
- Odeio-te Meu Amor
- Fogo de Palha
- O Poeta Está Vivo
- Amor Meu Grande Amor
- Down em Mim
- Por Onde Eu For
- Por Você
- Codinome Beija-Flor
- Não Amo Ninguém
- Malandragem
- Quando o Sol Bater na Janela do teu Quarto
- Exagerado
- Puro Êxtase
- Maior Abandonado
Bis:
- Amor pra Recomeçar
- Pro Dia Nascer Feliz
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