Crítica: “Godzilla e Kong: Novo Império” funciona praticamente só para os fãs

Filme assume universo fantasioso e colorido com direito a abordagem bem-humorada com monstros, mas mesmice pode entediar quem não é tão afeito à ideia

Apesar do título, “Godzilla e Kong: Novo Império” — filme mais recente do chamado “Monsterverse” da Warner Bros em parceira com a Legendary Pictures — não possui nada de muito novo. A obra estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (28).

Na trama, após um pedido de socorro vindo da chamada “Terra Oca”, Godzilla e Kong, antes rivais, agora devem se unir para derrotarem um antigo oponente cujo poder é um risco para a existência na terra.

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Dirigido por Adam Wingard, o longa traz todos os problemas que qualquer parte do “Monsterverse” possa vir a ter. Humanos caricatos ou de motivações e dramas vazios; personagens que muitas vezes só servem como alívios cômicos ou para recitarem diálogos expositivos que mastigam explicações para os espectadores; cenas de destruição em massa cansativas acontecendo em sequência e sem qualquer escrúpulo; e um enredo, no geral, de acontecimentos por vezes difíceis de nos importarmos.

Mérito ao assumir quem é

De toda forma, “Godzilla e Kong: Novo Império” tem mérito em assumir e acreditar genuinamente naquilo que se propõe. Aqui, diferente da linguagem mais “sisuda” utilizada pelo diretor Gareth Edwards em “Godzilla” (2014), Adam Wingard — responsável pela polêmica adaptação live action de “Death Note” para a Netflix — estabelece um universo mais livre e fantasioso. Dá para enxergar boas intenções.

Nesse ponto, as cores e o CGI (imagens geradas por computador) são as principais ferramentas do cineasta. Enquanto os efeitos digitais — aliados ao design de produção e ao design das criaturas propriamente ditas — rejeitam algo mais próximo do real, também são inúmeras as cenas que chamam atenção pela sua pluralidade de cores — principalmente tons rosa, azuis e dourados em alta saturação. Vai contra a ideia de um blockbuster sombrio ou sério demais.

Por um lado, sim, as tentativas do novo filme em fazer com que nos importemos com os humanos são falhas. Em contrapartida, também é louvável que Wingard reserve tempo para encarar Kong e Godzilla com bom humor. Além da fantasia, há uma interessante veia cômica que funciona em momentos como um dos monstros se apossando de um monumento histórico como local de repouso e o outro tomando um banho logo após uma batalha. A simpatia por ambos, de certa forma, reside nesse tipo de situação.

Antítese de sucesso recente

Portanto, talvez seja justo dizer que “Godzilla e Kong: Novo Império” é quase uma antítese do que foi o elogiado “Godzilla Minus One” — lançado em 2023 e vencedor do Oscar de Melhores Efeitos Especiais em 2024. A produção japonesa é bem mais inclinada a um drama familiar onde Godzilla, o monstro, representa um fator agravante do tormento dos seus personagens. Já a recém-lançada produção hollywoodiana é a ação hiperbólica e caótica por essência.

“Godzilla e Kong: Novo Império”, então, é o que se propõe sem muito para onde fugir. Um prato cheio para os fãs de filmes de monstro desse tipo e um tédio completo para quem não compra tal proposta.

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Guilherme Salomão
Guilherme Salomãohttps://igormiranda.com.br
Guilherme Salomão é Criador de conteúdo, Crítico de Cinema e Produtor Audiovisual carioca apaixonado por Cinema e Música desde que se conhece como gente. Administrador por formação, foi autor do TCC “O Poder da Marca no Cinema: O Caso Star Wars de George Lucas” na PUC-Rio, obtendo nota máxima em forma de reconhecimento pelo seu trabalho e dedicação. Cinéfilo de carteirinha, na produção já se dedicou a projetos que vão desde curtas e longas-metragens até videoclipes de artistas iniciantes.

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