Ace Frehley só foi fazer sua estreia em vocais principais de uma música do Kiss no sexto álbum de estúdio. Em “Love Gun” (1977), o guitarrista cantou “Shock Me”, que se tornou sua canção mais emblemática – a ponto de o próprio tentar recriá-la com frequência até os dias atuais, se valendo do mesmo tema e arranjos bastante semelhantes.
Antes, o músico já contribuía com algumas de suas composições, vide “Cold Gin” no disco de estreia. Porém, sempre repassava o microfone principal para algum de seus colegas. De qualquer modo, convencê-lo a ocupar a função não foi nada fácil, como o próprio admite.
Em recente entrevista à Guitar World, o produtor e engenheiro de som Eddie Kramer relembrou o método que adotou para o Spaceman se sentisse confortável para soltar a voz.
“Muitas coisas interessantes acontecem no cérebro de Ace, mas você deve deixá-lo no clima certo para liberar essas ideias legais. Tinha que deitá-lo no chão do estúdio com um travesseiro atrás da cabeça e uma garrafa de Heineken porque ele ficava nervoso demais para cantar em pé. Nessa postura ele se sentia mais confiante. No segundo ou terceiro take já conseguia se levantar e mandar ver.”
De qualquer modo, o profissional deixa claro que sempre acreditou no talento do instrumentista.
“Sabia que Ace seria uma estrela. Ele tinha um talento intuitivo. Sabia tocar blues e rock de uma forma que fazia tudo parecer criação sua. Criou um estilo instantaneamente reconhecível.”
Eddie Kramer e “Kiss Alive!”
Em outro momento da conversa, Kramer falou sobre “Alive!” (1975). O primeiro disco ao vivo foi responsável pelo estouro comercial da banda, mas também causou polêmica devido às correções feitas em estúdio. Ele defendeu a decisão.
“O Kiss era uma banda que pulava e se movimentava muito no palco. Sendo assim, precisávamos fazer os ajustes. Eles sabiam disso e compraram a ideia. E o álbum ficou muito bom porque todos foram muito exigentes sobre como deveria soar e ser mixado.”
“Alive!” vendeu mais de 2 milhões de cópias apenas à época do lançamento nos Estados Unidos, salvando a carreira do quarteto e também da gravadora, Casablanca Records, que apostou as últimas economias no lançamento. Permaneceu na parada local por 110 semanas, de longe a performance mais bem-sucedida do grupo.
Sobre o produtor
Além do Kiss, das carreiras solo e projetos paralelos de seus integrantes, Eddie Kramer trabalhou como engenheiro de som para gigantes como os Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin e Jimi Hendrix. Ainda assinou obras do Whitesnake, Anthrax, Fastway, Triumph e Robin Trower, entre outros.
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