Morreu aos 75 anos o guitarrista Wayne Kramer, conhecido por ter feito parte do MC5, uma das bandas mais importantes no desenvolvimento do hard rock como um todo. A informação foi confirmada pela página oficial do músico nas redes sociais.
A publicação não apresenta nenhum outro detalhe sobre o falecimento, como a causa. É dito apenas que ele nos deixou nesta sexta-feira (2).
No entanto, foi confirmado posteriormente que Kramer morreu em decorrência de um câncer no pâncreas.
Kramer havia retomado as atividades do MC5, em maio de 2022, ao lado de músicos convidados. A formação contava com o vocalista Brad Brooks, o baterista Stephen Perkins (Jane’s Addiction), a baixista Vicki Randle (Mavis Staples) e o guitarrista Stevie Salas (David Bowie). Oito shows foram realizados nos Estados Unidos.
Um novo álbum seria disponibilizado em outubro do mesmo ano, celebrando os 60 anos da banda. Contudo, o disco não chegou a ser lançado.
Wayne Kramer e MC5
*Por Pedro Hollanda
O MC5 se consagrou como uma das bandas mais importantes da história do rock. Estabeleceu um paradigma musical copiado até hoje.
No centro disso estava Wayne Kramer. Junto com o amigo e também guitarrista Fred “Sonic” Smith, eles pegaram o R&B explosivo de James Brown, o surf rock dos Ventures e as explorações sonoras do jazz para criar algo transcendental, mas com os pés no chão e cheio de consciência política.
Kramer formou com Smith o que viria a se chamar MC5 na cidade americana de Detroit, em 1963. Os dois tinham interesse em fazer música indicativa de seus interesses: no caso, mulheres, carros velozes e rock’n’roll.
A entrada do vocalista Rob Tyner no grupo introduziu mais elementos políticos de esquerda. Quando John Sinclair se tornou empresário deles, a banda adquiriu uma fama política radical.
Em meio a tudo isso, a sonoridade do MC5 (abreviação de Motor City 5, uma alusão às raízes deles) era ainda mais radical que sua política. Kramer e Smith começaram a se interessar por free jazz, especificamente John Coltrane e Ornette Coleman, assim como os poetas beat Allen Ginsberg e Ed Sanders.
As performances ao vivo lhes deram notoriedade nacional. Isso significou um contrato com a Elektra Records e um convite para se apresentarem durante um protesto antiguerra durante a Convenção Nacional do Partido Democrata em 1968, na cidade de Chicago. Eles tocaram durante oito horas, até que a manifestação fosse encerrada à força pela polícia.
O primeiro álbum do MC5 pela Elektra, “Kick Out the Jams”, entrou para a história do rock devido ao fato de Rob Tyner abrir a faixa-título com o palavrão “motherf#ckers”. A banda se recusou a remover o termo chulo a pedido de uma loja de departamentos local na forma de um anúncio em jornal no qual mandavam os donos da loja para aquele lugar. O problema foi: usaram a logomarca da gravadora, que os largou por isso.
Após dois álbuns subsequentes pela Atlantic, o MC5 terminou em 1972. Planos de Kramer para um projeto seguinte foram interrompidos em 1975, após ele ter sido preso por tráfico de drogas. O guitarrista passou quatro anos na cadeia. Quando saiu, começou a trabalhar como carpinteiro em Nova York durante os anos 80.
Ele e os outros integrantes do MC5 se reuniram para um show beneficente em 1991, cujos fundos foram destinados à viúva de Rob Tyner, falecido naquele ano. Na década de 1990, Kramer deu início a uma carreira solo independente, primeiro na Epitaph Records e depois no selo próprio MuscleTone.
Após quase 40 anos de bebida e drogas, Kramer ficou sóbrio em 1998. Desde então, ele se esforçava para manter o legado do MC5 vivo. Levantou em 2022 a possibilidade de material novo ser lançado, após uma série de shows com uma formação especial. Com sua morte, Dennis Thompson agora é o único integrante do grupo ainda vivo.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.