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Quando Sinéad O’Connor recusou Grammy e explicou razão

Cantora concorria a quatro prêmios quando, dias antes da cerimônia, anunciou sua retirada; ainda assim, venceu uma das categorias

Realizado há mais de 60 anos, o Grammy é a premiação mais conceituada da indústria musical em todos os tempos. Apesar de todas as polêmicas e controvérsias, todos os artistas que conquistam o prêmio se vangloriam da conquista – além de ela oferecer grandes vantagens na hora de negociar um contrato.

A exceção histórica foi Sinéad O’Connor. Em 1991, a cantora recebeu indicações em quatro categorias: Melhor Videoclipe, Melhor Performance Vocal Feminina de Pop, Melhor Performance de Música Alternativa e Gravação do Ano, a principal da cerimônia. Ela também estava anunciada como uma das apresentações do evento.

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No entanto, poucos dias antes da data marcada para a cerimônia, a irlandesa compartilhou uma carta aberta anunciando que não iria à festa. Ela expôs ainda que rejeitaria qualquer um dos quatro prêmios que estava apta a receber.

Dizia a nota, conforme resgate do Far Out Magazine:

“Como artistas, acredito que a nossa função é expressar os sentimentos da raça humana – falar sempre a verdade e nunca mantê-la escondida, mesmo que estejamos a operar num mundo que não gosta do som da verdade. Acredito que o nosso propósito é inspirar e, de alguma forma, guiar e curar a raça humana, da qual somos todos membros iguais.”

A seguir, Sinéad direcionou seu manifesto aos que comandam o lado empresarial do ramo.

“Eles reconhecem principalmente o lado comercial da arte. Respeitam principalmente o ganho material, pois essa é a principal razão de sua existência. Criaram um grande respeito entre os artistas pelo ganho material – honrando-nos e exaltando-nos quando o alcançamos, ignorando, na maior parte, aqueles de nós que não o fizeram.”

Apesar de sua recusa em aceitar o prêmio, O’Connor ainda foi vitoriosa. Seu álbum “I Do Not Want What I Haven’t Got” ganhou a categoria Melhor Performance de Música Alternativa.

Artistas que não inscreveram obras no Grammy

Apesar de nenhum nome ter recusado a honraria ao vencê-la, outros já abriram mão de inscrever trabalhos para concorrer a um gramofone. O mais recente foi The Weeknd, que chamou a instituição de “corrupta” em 2021, anunciando que não submeteria mais seus lançamentos a escrutínio dos envolvidos.

À época, o artista criticou o formato de “comitês secretos” que tomam as decisões em relação aos vencedores. Pelo mesmo motivo, Drake e Frank Ocean também anunciaram que não participariam mais da premiação.

As indicações ao Grammy são definidas por figuras influentes no mercado musical. Os votos são analisados por um grupo menos, que define quem realmente será laureado. Isso significa que os organizadores podem ir contra o voto dos demais membros da academia.

Kanye West, Jay-Z e outras estrelas citaram esse sistema de votação como a razão pela qual os músicos negros raramente ganham as maiores categorias.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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