O álbum do Pink Floyd que Roger Waters gostaria de retrabalhar

Músico entende que fez algumas “escolhas musicais erradas” em seu último trabalho com a banda

Recentemente, Roger Waters lançou uma versão repaginada de “The Dark Side of the Moon” (1973), álbum mais bem-sucedido da carreira do Pink Floyd. A ideia era mostrar como o material poderia ser reimaginado na visão de um homem com mais de o dobro da idade em comparação ao registro original, com experiências e visões de mundo afetadas pela evolução da humanidade.

Não é provável que a experiência se repita, embora ao vivo, o artista promova algumas mudanças em arranjos – vide “Comfortably Numb”, que abriu os shows da turnê “This is Not a Drill” em um formato mais intimista e um tanto quanto desafiador a ouvidos acostumados com o que está presente em “The Wall” (1979).

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Durante a atual sessão de perguntas e respostas que vem fazendo em seu canal do YouTube, Waters foi questionado por um fã sobre qual outro disco poderia ser retrabalhado. Ele respondeu, conforme transcrição do Rock Celebrities:

“Há partes da produção de ‘The Final Cut’ que eu gostaria de refazer. Não tenho certeza se James Guthrie, eu e Michael Kamen acertamos em todas as escolhas, principalmente na mixagem… nos níveis de bateria em algumas faixas. Algumas coisas são um pouco exageradas e pensativas demais, na minha opinião.”

Para o compositor, algumas das ideias poderiam ter ficado mais “redondas” com menos pomposidade.

“Algumas das músicas poderiam ter sido melhores correspondidas com menos produção e mais banda se reunindo e tocando. Um grupo de bons músicos arranjando de uma forma mais natural, tentando ser menos teatral.”

Exemplificando, Waters citou uma canção em específico.

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“Estou falando particularmente sobre as partes de bateria em ‘Possible Pasts’ [cantando a música]. ‘Você vai se lembrar de mim?…’ sempre achei a bateria muito alta, explosiva e dura.”

A opinião de David Gilmour

David Gilmour nunca escondeu sua frustração quanto ao resultado de “The Final Cut”. Em 1984, quando o disco mal havia completado um ano, o guitarrista falou abertamente sobre sua visão em relação à obra, durante entrevista resgatada pelo site Far Out Magazine.

“Basicamente, Roger tinha uma ideia muito forte de como achava que o álbum deveria ser. Eu simplesmente pensei que ele estava errado na abordagem em vários aspectos e lhe disse isso. Tentei estabelecer um meio-termo, mas não houve disposição de sua parte. Tivemos muitas discussões devido aos pontos conflitantes. Chegou a um ponto em que simplesmente desisti e deixei que ele fizesse o que bem entendesse.”

Para Gilmour, a banda estava se despedaçando. Não apenas pelo embate de ideias. O tecladista Richard Wright estava fora e o baterista Nick Mason se via envolto em um divórcio durante o período de gravações. Com isso, foi difícil manter o foco.

“Eu acho que muitas das músicas não estão de acordo com o nosso padrão habitual. Há três boas canções, o resto é bem fraco. Não tenho nada particularmente contra o conceito, só acho seu tom um pouco pessoal demais. Penso que se minhas ideias tivessem sido aceitas poderíamos ter feito algo melhor.”

David conclui de forma surpreendente, reconhecendo a liderança de Waters. Apenas acha que o eterno desafeto poderia confiar um pouco mais nos colegas.

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“No geral, comprometimento tende a fazer algo funcionar. Roger obviamente acha que pode produzir tudo sozinho, sem minha ajuda, o que discordo. Ele escreve a maior parte do material e desenvolve o conceito. Portanto, entende ter mais direito de dizer como deve ser produzido. Costumo concordar que ele provavelmente deveria ter mais a ver com isso, mas não fazer tudo sozinho.”

Pink Floyd e “The Final Cut”

Último trabalho de inéditas a contar com Roger Waters, “The Final Cut” é conceitual e aborda uma temática inspirada pela Guerra das Malvinas, que acontecia à época. É dedicado à memória de Eric Fletcher Waters, pai do vocalista e baixista, morto na Segunda Guerra Mundial, quando o músico tinha apenas 5 meses de vida.

O título é uma referência a “Júlio César”, tragédia escrita por William Shakespeare em 1599, sobre a morte do imperador romano. Quando o personagem homônimo é apunhalado por Brutus, o escritor diz: “Este foi, de todos, o corte mais cruel”.

Chegou ao primeiro lugar na Inglaterra e sexto nos Estados Unidos, onde vendeu mais de dois milhões de cópias. Um curta-metragem foi lançado para promovê-lo.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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