Peter Criss enfrentou um momento instável em sua carreira após saída do Kiss em maio de 1980. Fora da banda por questões que vão de abuso de drogas a disputa de egos, o baterista deu início a um projeto solo que logo entrou em crise por conta do desempenho comercial do primeiro álbum, “Out of Control”, disponibilizado em setembro daquele ano.
Mesmo com os esforços do músico, o trabalho — considerado sucessor de “Peter Criss”, lançado pelo Kiss em 1978 — passou despercebido, vendeu mal e recebeu críticas negativas. Decepcionado, Criss escreveu um artigo se manifestando contra a forma desumana que os artistas eram vistos e tratados.
Publicado no New York Times em 25 de outubro de 1980 (via Ultimate Classic Rock), o manifesto intitulado “Performers Are Humans, Too” (Artistas também são humanos) criticou as intensas rotinas de trabalho impostas aos músicos.
“Depois de alguns anos fazendo turnês por nove meses do ano, aprendi uma coisa sobre a indústria. Agentes, empresários e promoters costumam esquecer um ponto importante: um artista, não importa quão disposto ele ou ela esteja para fazer acontecer, é humano. Com as melhores intenções, essas pessoas envolvidas com arte podem literalmente trabalhar até o colapso.”
O baterista ainda descreveu como necessidades básicas são negligenciadas durante as turnês, estendidas sem a aprovação dos artistas.
“A vida da estrada pode render, talvez, uma noite inteira de sono em meio a sete, nunca saber quando vai ter tempo para comer e acontece de abrir mão do tempo que teria para um cochilo para dar entrevistas. E um dia o itinerário é jogado debaixo de sua porta com algumas surpresas: de repente tem shows marcados em um dia de folga e a turnê foi estendida por mais três meses.”
Exaustão nos tempos de Kiss
A exaustão causada pela rotina do Kiss resultou em um episódio quase trágico para Peter Criss.
“Eu sofri um acidente grave de carro que me deixou no hospital com o nariz quebrado, as duas mãos fraturadas e uma concussão. O acidente foi um resultado direto da minha exaustão.”
No texto, o Catman também se manifestou contra o tratamento precário imposto sobre as equipes técnicas das excursões. Ao relatar um episódio em que um promoter serviu comida gelada aos técnicos, o músico reforçou a importância dos roadies para as bandas.
“Às vezes meu técnico de bateria, Chuck Elias, vinha até mim e dizia: ‘meu Deus, Cat, você devia ver o que estamos comendo’. […] Um dia eu decidi dar uma olhada e lá estava. No meio do inverno e o promoter estava servindo aos roadies comida gelada. Eu arremessei coisas para todo lado, não por diversão, mas por raiva. E depois eu comprei, do meu próprio bolso, comida quente para todos eles.
Sem uma boa equipe de técnicos você não tem uma banda boa. Eles merecem o mesmo respeito e tratamento que a banda porque eles trabalham tão duro quanto, ou até mais duro, que você — e por muito menos dinheiro e glória.”
Peter Criss na sequência
Peter Criss ainda lançou mais um álbum solo, “Let Me Rock You” (1982), que repetiu o fraco desempenho do antecessor. O músico se aventurou em outros projetos sem notoriedade ao longo dos anos 1980, além do The Keep, junto do guitarrista Mark St. John, que não passou de algumas demos.
Na década seguinte, montou uma banda solo chamada Criss, que rendeu o disco “Criss Cat #1” (1994). Em 1996, retornou ao Kiss, onde permaneceu até 2003.
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