Jack Bruce era um baixista que não se considerava baixista. Embora um dos maiores e mais influentes nomes da história do instrumento, o artista sempre gostou de deixar claro que não analisava a música através dele. Até porque, em estúdio e algumas ocasiões ao vivo, também recorreu ao piano, guitarra e violão, além de cantar.
De qualquer modo, em 2010, o escocês abriu uma exceção para a revista Bass Player e escolheu suas linhas preferidas. São elas:
Johann Sebastian Bach – Great Organ Works: “São tantas coleções dessas, mas eu escolheria qualquer uma que incluísse Tocata e Fuga, a famosa. Se você quiser saber alguma coisa sobre como tocar, está tudo lá. É perfeição. As partes do baixo são contrapontísticas, mas também melódicas; se você as tirasse, tudo desmoronaria. Essas partes são ótimas se você quiser aprender a tocar melodicamente. Você não precisa de muita teoria para entendê-las; a fraude final é ‘A Whiter Shade Of Pale’, do Procol Harum. Mas esse é apenas um exemplo – existem centenas deles.”
Dizzy Gillespie Band – Showtime At The Spotlite: 52nd Street New York City, June 1946: “Este álbum tem Ray Brown no baixo e a música em particular que estou pensando se chama ‘One Bass Hit’. Foi muito influente para mim, porque eu ouvia e adorava-a – e a primeira audição que fiz para uma grande banda profissional, a Murray Campbell Big Band, foi com essa peça. Foi tudo transcrito, mas eles ficaram bastante impressionados porque eu tinha acabado de sair da faculdade. Li o texto à primeira vista e consegui o emprego. Há um solo muito denso de Ray Brown logo no início.”
Charles Mingus – Mingus Ah Um: “Isso é autoexplicativo, na verdade. Mingus era um ótimo compositor e baixista, o que obviamente era algo que eu queria imitar – eu queria fazer as duas coisas. Só o descobri aos 17 ou 18 anos e mudou minha vida. Além disso, sua música era uma fusão muito antiga, se você quiser, de country, blues e bebop – foi muito emocionante. Seu livro ‘Beneath The Underdog’ é a maior autobiografia já escrita. Está cheio de mentiras e exageros, mas por que não?”
Vários Artistas – Motown 50: “James Jamerson fez tudo, não é? Marvin Gaye, Stevie Wonder… ele está em todas aquelas ótimas faixas. Às vezes tentavam turvar um pouco as águas e dizer que era outro baixista, mas ele tocou 30 hits número um, o que não é nada mau. Dizem que ele nunca mudava as cordas. Gosto muito de mudar as minhas – se estou em turnê, é a cada show – porque gosto do som e da sensação de cordas novas. Mas a outra maneira é deixá-las para sempre.”
Living Colour – Stain: “Esse tem Doug Wimbish. Ele é simplesmente incrível. Resume todas as grandes coisas sobre o baixo moderno. A última vez que o vi foi quando o Living Color tocou no Jazz Cafe em Londres e ele fez um solo que foi muito divertido. As coisas que consegue com os efeitos são surpreendentes. Ele os levou a um novo patamar, o que é ótimo. É realmente difícil pensar quem são os maiores de hoje, porque há alguns – mas ele é um pouco subestimado. Você poderia dizer Flea, que é um ótimo músico, mas ele não precisa do plug!”
Sobre Jack Bruce
Nascido em Lanarkshire, Escócia, John Symon Asher Bruce se destacou tocando em grandes coletivos do blues, como o Blues Incorporated de Alexis Korner e o Bluesbreakers de John Mayall. A consagração viria com o Cream, power trio formado junto a Eric Clapton e Ginger Baker. Compôs e cantou alguns dos maiores sucessos do grupo. Ainda lançou uma série de álbuns, singles e registros ao vivo como artista solo.
Também teve o West Bruce & Laing, além do Bruce-Baker-Moore. Gravou com nomes como Lou Reed, Frank Zappa, John McLaughlin, Cozy Powell, Bernie Marsden, Trevor Rabin e Robin Trower, entre vários outros. Morreu no dia 25 de outubro de 2014, em decorrência de graves problemas no fígado – órgão que havia transplantado anos antes.
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