Crítica: “Aquaman 2: O Reino Perdido” enterra DCEU de forma constrangedora

Pessimamente dirigido por James Wan, longa falha ao tentar copiar de forma descarada algumas ideias que outrora deram certo para a Marvel

Como presente de Natal adiantado, fica um “spoiler do bem”: “Aquaman 2: O Reino Perdido” só tem uma cena pós-crédito e que você nem deve perder seu tempo. Afinal, é apenas mais uma piada.

Novamente dirigida por James Wan, a continuação marca o fechamento do universo estendido da DC, iniciado por Zack Snyder no excepcional “O Homem de Aço” de 2013. Infelizmente, é bem ruim. Tenta desesperadamente copiar alguns antigos sucessos da rival Marvel, mas consegue apenas elencar um emaranhado de situações vergonhosas e diálogos de se sangrar os ouvidos.

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A história que tentaram contar

Arthur Curry (Jason Momoa), o Aquaman, agora é casado com Mera (Amber Heard) e tem um filho, o pequeno Arthur Jr. Dessa forma, o poderoso rei dos mares agora vive uma vida dupla entre trocar fraldas e governar os mares da melhor forma possível.

Em paralelo, o vingativo vilão Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) encontra-se em uma expedição para localizar alguma tecnologia Atlântida que possa reviver o seu destruído traje. Nisso, ele acaba encontrando um tridente negro que lhe dá poderes inimagináveis para que, assim, consiga não só matar Aquaman, mas também reviver um antigo reino adormecido.

Para evitar que isso aconteça, Aquaman precisa da ajuda de seu irmão, o vilão Orm (Patrick Wilson). A partir daqui, é iniciada a desesperada tentativa da DC em criar uma atmosfera idêntica a Thor (Chris Hemsworth) e Loki (Tom Hiddleston) em “Thor: Ragnarok”.

Um bom ritmo

São 130 minutos de um filme ruim, mas que ao menos é salvo pelo ritmo. Você não sente a tortuosa missão de suportar cada segundo implorando para que acabe logo. O longa se desenrola bem, não perde tempo para respirar — ao menos, isso acaba sendo recompensador para quem assiste.

Outro ponto positivo é o Orm de Patrick Wilson. Agora fica claro que o personagem tinha forças de sobra para ser a versão “Loki” da DC nos cinemas. O ator é excelente e entrega aqui mais uma versão deste delicioso e profundo personagem.

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Finalizado os pontos positivos, vamos à realidade que todos já sabiam há meses: o filme é vergonhoso. Chega a ser curioso, uma vez que, o longa é dirigido pelo mesmo diretor do ótimo primeiro filme em 2018, com um verdadeiro espetáculo técnico em efeitos especiais.

Dessa vez, James Wan conseguiu entregar um resultado patético de um CGI extremamente mal-acabado — principalmente no que diz respeito a cabelos e barbas embaixo d’água. Tudo escuro, borrado, com cenas onde claramente se enxerga que a cabeça dos atores está mal recortada do corpo. Manchou o nome de um diretor com habilidades técnicas para proporcionar algo muito maior.

Não vale mais citar dinheiro como desculpa. Afinal, “Godzilla Minus One”, com um orçamento de US$ 15 milhões, provavelmente vai desfilar na categoria do Oscar. “Aquaman 2: O Reino Perdido”, cabe destacar, teve US$ 205 milhões de investimento.

Copiando a rival

Sem um pingo de vergonha, James Wan tentou desesperadamente copiar milhares de coisas já vistas antes. “Aquaman 2: O Reino Perdido” traz um pouco de tudo; por exemplo, uma cidadela muito capaz de figurar em algum filme de “Star Wars”, com direito ainda ao seu próprio Jabba the Hult.

A intenção clara de transformar o personagem de Jason Momoa em uma espécie de Thor se torna irritante em cada frame do filme. Antes, ao menos, o personagem funcionava por ser uma espécie de beberrão bad boy, mas que impunha certo respeito como um rei dos mares. Agora, temos um beberrão inconsequente que não hesita em fazer suas péssimas piadas a cada dois minutos.

Há diversos momentos à la “Piratas do Caribe” misturado com o primeiro “Avatar”, contendo uma floresta desconhecida com criaturas estranhas. A montagem do filme também deixa claro o desespero em alcançar uma espécie de visão pop do filme. James Wan utiliza quase que meia trilha sonora de “Guardiões da Galáxia”, acrescentando mais alguns letreiros sem necessidade na tentativa de localizar o público. Sem falar em alguns cortes com time-lapse, a famosa câmera-rápida, que tenta trazer uma espécie de modernidade onde não faz sentido algum.

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No todo, não há nada de especial em “Aquaman 2: O Reino Perdido”. A história batida é feita para crianças rirem. Não há grande ameaça, consequência em potencial, emoção ou grandiosidade. Nem de longe se parece com o evento brilhante que foi o primeiro longa.

Caso Amber Heard

Muito se especulou sobre o que aconteceria com a participação de Amber Heard nesta continuação. Após muito destaque no primeiro filme, a atriz viu seu mundo ruir com a condenação no caso contra Johnny Depp. Isso claramente refletiu de forma bizarra no filme.

A personagem Mera teve cerca de três a quatro minutos totais em tela. Uma ou duas falas no filme todo. É quase que menos do que uma participação especial.

Finalmente, o fim

Não há cenas pós-crédito visando o futuro, promessas, constrangedor, homenagens ou lembranças a outras obras do DCEU. “Aquaman 2: O Reino Perdido” é um filme vazio, sem alma e identidade própria.

Ao menos encerra um universo cinematográfico adoecido desde 2016, com “Batman vs. Superman”, e que apenas agora veio a falecer definitivamente.

Que James Gunn consiga salvar os heróis mais populares da terra. A missão será difícil. O público cansou, se esgotou e com isso, agora podemos afirmar: Martin Scorsese sempre teve razão.

*“Aquaman 2: O Reino Perdido” já está em exibição nos cinemas.

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Ator, Diretor, Editor e Roteirista Formado após passagem pelo Teatro Escola Macunaíma e Escola de Atores Wolf Maya em SP. Formado em especialização de Teatro Russo com foco no autor Anton Tchekhov pelo Núcleo Experimental em SP. Há 10 anos na profissão, principalmente no teatro e internet com projetos próprios.

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