Os guitarristas que moldaram o som de Paul Stanley

Avesso aos solos desde o começo do Kiss, Starchild evidenciou a importância de ser um competente ritmista

Para muitas pessoas, ele seria apenas um cara que dança com a guitarra. Porém, mesmo com suas limitações, Paul Stanley soube driblar os inconvenientes e ajudar a criar o som que consagrou o Kiss como a banda americana de rock com maior número de discos de ouro e platina em todo o planeta.

E como todo adepto do instrumento, o Starchild também possui suas referências. Em artigo à Guitar World, ele evidenciou os principais nomes. Tal qual um time de futebol, são 11 (embora haja um trio citado junto).

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1. The Three Kings (Albert, Freddie e B.B.): “Em termos de rotas, quer as tenha aplicado totalmente, tenho que começar com Albert, Freddie e B.B. King. Não é uma questão de você imitar quem o inspirou. É que você ingere o que eles fazem e deixa que isso se torne parte da referência e do vocabulário. Sempre pensei que se você ouvir apenas um tipo de música, se tornará incestuoso com o que está fazendo e não trará nada de novo. Depois que superei Eddie Cochran e aquela época, eu era um folkie com uma gaita no pescoço. Mas eu também gostava de Albert, Freddie e B.B., junto com caras como Sonny Terry, Brownie McGehee, Junior Wells e Buddy Guy. Para mim, existem dois tipos de música – a boa e a má – você fica desnutrido se ouvir apenas uma.”

2. Jimmy Page: “Para mim, ele é a definição de um guitarrista, o Beethoven do instrumento. Ele pinta com música de uma forma estelar. E eu sei que há muitos guitarristas britânicos sobre os quais falamos e as pessoas dizem: ‘Quem é melhor, esse cara ou aquele cara?’ Bem, vou te dizer uma coisa: só houve um que conseguiu se espalhar e trabalhar fora da ideia como foi inicialmente definido, e esse músico é Jimmy. Ele não é rock ou metal; ele é a verdadeira world music que abrange tudo. Seu amor pela música é palpável; ele é um showman incrível e um solista consumado.”

3. Pete Townshend: “Ele é alguém que claramente prefere, na maior parte do tempo, evitar solos chamativos. Todas as suas músicas são basicamente acordes, sejam inversões ou não. Isso é algo que sempre levei a sério e trabalhei para aplicar em meu próprio jeito de tocar. Também é um grande showman, exemplo fantástico da importância do rítmico e não do exagero.”

4. Richie Havens: “Eu o mencionei anteriormente como alguém que notei, e foi por um bom motivo. Se você quer ser um grande ritmista, recomendo que assista Richie Havens. Mas você realmente tem que ouvir com atenção e entender o que ele está fazendo porque é incrível. O que foi capaz de fazer com a mão direita era totalmente insano. Nunca ouvi nada parecido, causou um enorme impacto em mim em termos de como o ritmo poderia e deveria soar dentro da estrutura de uma música.”

5. Steve Marriott: “Sempre adorei Humble Pie e Steve Marriott foi uma grande parte do motivo. Um guitarrista solo muito respeitável e seu ritmo de tocar era super concreto, a ponto de ser literalmente imóvel. Eu vi a banda no Fillmore quando era muito mais jovem, o que teve um efeito indelével em mim como um jovem guitarrista. Humble Pie e a forma de tocar de Steve eram uma grande parte do que eu tinha em mente quando o Kiss começou.”

6. Malcolm Young: “Ele veio depois de mim, mas devo mencionar. Claro, sabemos que é um dos maiores ritmistas de todos os tempos. Se você passou algum tempo ouvindo a música do AC/DC, saberia que, embora Angus seja incrível, Malcolm Young é claramente a base que o permite fazer o que faz tão bem. Não é totalmente a mesma coisa, o Kiss é uma banda diferente do AC/DC, mas eu tenho uma mentalidade semelhante. E como eu disse antes, se você entende o que o Kiss faz como banda, você pode ouvir isso, especialmente quando tocamos ao vivo.”

7. Jimi Hendrix: “Vi Hendrix duas vezes com Mitch Mitchell na bateria, foi como assistir algo de outro planeta. Era totalmente indefinível. Menciono Mitch porque, no Kiss, Eric Singer costuma dizer que me segue e me observa em busca de mudanças. A relação entre um ritmista e um baterista é tão significativa quanto a bateria e o baixo. Aprendi isso desde cedo. Ver Jimi foi muito inspirador para mim.”

8. Neil Young: “Outro, talvez menos óbvio, seria Neil Young. Como músico acústico é simplesmente fantástico. Na verdade, prefiro seu estilo acústico ao elétrico, mas isso é apenas uma questão de gosto. Neil Young tem muita sutileza em seu ritmo e acordes. Suas escolhas são simplesmente fantásticas. É um guitarrista realmente excelente, com muitas nuances pelas quais sempre fui atraído.”

9. Paul Kossoff: “Lembro-me da primeira vez que o escutei, porque foi extremamente significativo. Eu estava no carro dirigindo, mas não tinha carteira de motorista há muito tempo. Quando liguei o rádio e ouvi Paul Kossoff tocando ‘All Right Now’, do Free, tive que parar e recuperar o fôlego. Seu domínio dos acordes enganava no que parecia que estava fazendo contra o que realmente estava fazendo. E o solo era mais sobre o que ele não tocava do que sobre o que tocava, no solo mais poderoso ou supostamente requintado.”

10. Lindsey Buckingham: “Não acredito que quase esqueci Lindsey, mas meu Deus, o cara faz o impossível. Mas o que é realmente ótimo em sua forma de tocar é o fato de ser como um híbrido da palhetada Travis e um estilo folk muito tradicional que ele realmente criou sozinho. O que Lindsey Buckingham faz é atemporal e genuinamente inconfundível, tornou aqueles álbuns clássicos do Fleetwood Mac muito especiais. Eu realmente nunca ouvi nada parecido ou alguém tocar do jeito que ele toca.”

11. Nancy Wilson: “Nancy é uma ótima guitarrista. E deixe-me apenas dizer que odeio a ideia de as pessoas dizerem: ‘oh, bem, ela é boa para uma mulher’. Por que as pessoas têm que dizer isso? Dizer isso nega completamente o que se segue, não importa o que você diga. Perde todo o significado e impacto. Então, Nancy é ótima, ponto final. Sem necessidade de dizer mais. Uma ritmista fantástica e, novamente, outra dedilhadora. Isso por si só me inspira porque sempre fui atraído por adeptos de algo enraizado em fundamentos e princípios básicos.”

Sobre Paul Stanley

Nascido em Nova York, Stanley Bert Eisen demonstrou aptidões criativas desde cedo. Formou-se em artes gráficas na Escola de Música e Artes em 1970. A seguir, passou a se dedicar à carreira musical.

Após várias tentativas, conheceu Gene Simmons e fundaram o Wicked Lester. A banda se desfez e a dupla criou o KISS. Com 50 anos de carreira – e prestes a se despedir dos palcos –, o grupo vendeu mais de 100 milhões de discos em todo o planeta.

Também lançou dois discos solo, além de ter estrelado uma temporada de “O Fantasma da Ópera” em Toronto, Canadá, no ano de 1999. Recentemente, fundou o Soul Station, banda onde exalta seu amor pelo Rhythm & Blues. O primeiro álbum saiu em 2021.

Nasceu com microtia, malformação congênita do ouvido externo direito. Por conta disso, não escuta com ele. Reconstruiu a orelha em 1982. Hoje, dá palestras e auxilia crianças na mesma situação.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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