O assassinato de John Kennedy e a invenção do plantão televisivo como conhecemos

CBS interrompeu novela que era dramatizada ao vivo e suspendeu toda a programação com o desenrolar dos fatos

Ocorrido no dia 22 de novembro de 1963, o assassinato de John Kennedy se tornou um daqueles momentos marcantes da história. Todos que vivenciaram o período lembram onde estavam, como receberam a notícia e a reação que tiveram. Em Dallas, Texas, o 35º presidente dos Estados Unidos era abatido a tiros.

Se hoje a vinheta do plantão da Rede Globo basta para chamar a atenção do telespectador, a ideia de interromper a programação aquela época era quase inimaginável. Porém, um fato de tamanha magnitude não poderia deixar de derrubar a grade de programação. Um canal em específico acabou, de forma instintiva, padronizando o modus operandi.

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O plantão sobre a morte de John Kennedy

No momento do ocorrido, divido por conta dos inúmeros fusos em território norte-americano, a CBS exibia a novela “As the World Turns”. À época, a dramatização era feita ao vivo. Optou-se por um corte seco sem avisar os atores, deixando a cena seguir. Porém, ela não estava mais no ar. O jornalista Walter Cronkite transmitiu as primeiras informações recebidas, um comercial entrou e só depois a produção foi retomada, ainda sem os envolvidos terem ideia do que havia acontecido.

Em entrevista de 2013 ao New York Times, o ator Don Hastings reconheceu que, acidentalmente, a informação acabou escapando através de um cameraman.

“Phil Polansky, nosso cinegrafista, disse: ‘Não dizer o que aos atores? O presidente levou um tiro?’ Ele estava com fones de ouvido e conversava com a sala de controle. Recebemos a deixa e continuamos, porque ninguém mais sabia o que fazer.”

Mesmo assim, nem todo o elenco sabia. No mesmo artigo, a atriz Eileen Fulton contou que a última cena do episódio era sua e envolvia um momento dramático, onde falava pelo telefone com sua mãe.

“Era uma cena muito emocionante. Quando terminamos, meu cinegrafista, Joe Hallahan, estava com lágrimas escorrendo pelo rosto. Eu disse: ‘Sou boa, mas não sabia que era tanto’.”

A seguir, a CBS derrubou toda a grade de programação, algo inédito, mas compreensível para uma situação jamais antecipada – e que se estenderia, basicamente, até o funeral. Curiosamente, os primeiros minutos ainda foram apenas com áudio, já que as câmeras da redação precisavam “esquentar” – e não costumavam ser acionadas no período matinal. A situação só se normalizou após quase 15 minutos.

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As outras duas gigantes da mídia nacional, NBC e ABC, acompanharam o movimento e interromperam suas programações. Lembremos que era um período de conexões muito rudimentares em comparação ao que temos hoje. Comunicações por telefone e escutas de emissoras de rádio eram os únicos meios de buscar atualizações.

Meia hora após o atentado, John Fitzgerald Kennedy morreu no Parkland Memorial Hospital. Coube a um visivelmente emocionado Walter Cronkite anunciar à nação:

“De Dallas, Texas, informação aparentemente oficial: o presidente Kennedy morreu às 13h, horário padrão central, 14h, horário padrão do leste, cerca de 38 minutos atrás.”

Clique aqui para assistir.

Prisão e morte de Lee Harvey Oswald

Suspeito autor dos disparos, Lee Harvey Oswald foi preso e acusado oficialmente. Ele negou ter perpetrado o crime. Dois dias mais tarde, enquanto era transferido da cadeia municipal para a estadual, foi morto a tiros por Jack Ruby, empresário do ramo do entretenimento local.

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Dois anos mais tarde, a comissão designada para investigar o caso concluiu que Oswald agiu sozinho. Ruby chegou a ser condenado em primeira instância por seu ato, recorreu, mas faleceu antes da nova sentença, vítima de câncer pulmonar.

Evolução do plantão televisivo

Com a evolução das mídias, o plantão é um formato cada vez mais instantâneo e cheio de recursos. Curiosamente, ele não acontece com a frequência que parece. Mas o impacto é tão grande que a todo momento parece que irá irromper em nossas telas com alguma novidade – normalmente ruim.

Em 2013, a rede britânica ITV veiculou o documentário “Newsflash: Stories That Stopped the World”. A produção mostra o impacto dos plantões em nossas vidas, com depoimentos de quem encarou o dever no momento emergencial.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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