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Crítica: “Sex Education” encerra no auge com 4ª temporada

Leva final de episódios da bem-sucedida série da Netflix fecha pontas soltas e não abdica da qualidade

Lançada em 2019 pela Netflix, a série britânica “Sex Education” foi vendida como uma comédia adolescente. Rapidamente, porém, se mostrou muito mais do que isso.

Com personagens complexos, elenco vasto e variado, o seriado transcendeu o sexo, um tema de fato muito rico na adolescência. Em suas quatro temporadas, a trama abordou identidade de gênero, depressão, aborto, adoção, luto, religião. Tudo muito bem explorado em um roteiro dinâmico, divertido e sem medo de tocar em feridas.

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O protagonista é Otis (Asa Butterfield), o adolescente filho da terapeuta sexual Jean (Gillian Anderson) que tenta ajudar quase todo o elenco com sua própria prática terapêutica amadora — embora ele mesmo tenha diversos traumas a serem analisados. Porém, é inegável que o show, em um momento ou outro, explora bem quase todos os personagens, muitos deles ganhando episódios onde sobrepõem Otis.

Um grande destaque é Emma Mackey como Maeve, filha de uma dependente química, tomada pelo cinismo e que é o grande amor de Otis. Ela rouba o protagonismo em inúmeros momentos e acaba sendo a personagem mais desenvolvida durante a série.

Ncuti Gatwa também brilha como Eric, melhor amigo de Otis. A jornada de descoberta de Eric como homossexual é provavelmente a mais complexa da obra, passando por reconhecer e assumir sua sexualidade, mas também pelos conflitos com sua religião e identidade racial.

Não que “Sex Education” não seja divertida. Pelo contrário, ela arranca gargalhadas, mas sua força está em equilibrar com maestria bom humor e dramas pessoais. As emoções dos personagens estão sempre à flor da pele, assim como as dos espectadores, que sem envolvem rapidamente em cada uma das histórias.

Com um elenco que tem problemas no casamento, na escola, em reconhecer a própria sexualidade e identidade, passando por mortes, problemas de saúde, traumas, separações, é quase impossível que você não se identifique com algum dos personagens.

Por quatro temporadas, “Sex Education” conseguiu sair (o certo seria passar longe) do lugar comum de uma série adolescente. O drama não é barato e caricato. Soa real e é envolvente.

Em sua temporada final, o programa deixa um legado de qualidade acima da média e emociona mais do que nunca. A sensação de despedida reflete os acontecimentos dos episódios finais. Rir e chorar com tantas vidas mudando e tantas pessoas passando por jornadas muitas vezes dolorosas de autoconhecimento se torna a regra.

Os produtores-executivos afirmaram que optaram por concluir o programa enquanto ainda estava no auge, dizendo ainda que não é possível que os atores interpretassem adolescentes para sempre. É ótimo ver tamanho bom senso nesta indústria, que insiste em esticar demais programas que acabam se perdendo no meio do caminho.

“Sex Education” deixará muita saudade. No entanto, a conclusão é tão redondinha que nos força a engolir a sensação de “quero mais”.

*A quarta e última temporada de “Sex Education” está disponível na Netflix.

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Leonardo Vicente Di Sessa
Leonardo Vicente Di Sessahttps://falaanimal.com.br/
Formado em Propaganda & Marketing, Leonardo Vicente acabou tragado pelo mundo dos quadrinhos e assuntos nerds, atuando como jornalista especializado na área desde 2001. Também revisor e editor, mantém o site Fala, Animal! e o podcast de mesmo nome, participando ainda da equipe da revista Mundo dos Super-Heróis e do podcast Mansão Wayne. É autor de livros como Os Cavaleiros das Trevas, O Homem que Ri e Prodígio: 80 Anos do Robin.

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