Keith Richards seguiu à risca o princípio “sexo, drogas e rock and roll”. Por décadas, o guitarrista dos Rolling Stones, além do vício em álcool, abusou de substâncias como cocaína e heroína. Os excessos viraram sua marca, ao ponto de entrar no topo de listas compostas por “estrelas do rock com maior probabilidade de morrer”, feitas anualmente pelo NME.
Por isso, o próprio admite que não sabe como chegou ileso à atualidade, onde está a dois meses de completar 80 anos de idade. Em entrevista ao “Fantástico”, transcrita pelo site, o músico comentou em meio aos risos:
“É inacreditável que eu esteja chegando aos 80 anos, nem deveria acontecer, é uma coisa estranha permanecer por tanto tempo. Eu não planejei assim não, eu deveria ter ido embora aos 30.”
Durante outro momento da conversa, realizada para divulgar o lançamento do novo álbum dos Stones, “Hackney Diamonds”, o guitarrista deu detalhes a respeito do disco — cuja resenha pode ser lida clicando aqui. Até brincou sobre a banda ter traçado metas ao longo do processo e sobre a animação de cada um dos integrantes em relação à nova fase.
“O Mick chegou para mim e disse: ‘vamos agitar isso, vamos fazer um álbum, pode ficar horrível, mas vamos fazer’. A gente mergulhou na coisa, começou a gostar, não teve enrolação, até estabelecemos uma meta, o que é raro para mim […]. É Stones clássico, tocando bem, todo mundo entusiasmado, e isso é o principal, porque uma banda de rock sem entusiasmo não rola.”
Keith Richards e vícios
Em sua autobiografia “Vida”, disponibilizada em 2010, Keith Richards discorre a respeito de seus vícios com detalhes. No livro, o guitarrista afirma que seu cuidado diante da quantidade de substâncias ingeridas possibilitou que sobrevivesse.
“Não atribuo o fato de estar vivo apenas à alta qualidade das drogas que eu usava. Eu era meticuloso com relação à quantidade. Nunca aumentava a quantidade para ficar mais chapado. É assim que a maioria das pessoas se f#de com as drogas. A ganância envolvida nisso nunca me afetou. As pessoas acham que uma vez que chegam em certo nível, aguentam mais. Isso não existe. Especialmente com a cocaína.”
Com o passar do tempo, o músico foi deixando de lado certos hábitos. Conversando recentemente com o jornal inglês The Telegraph, explicou:
“Os cigarros eu larguei em 2019. Não encosto neles desde então. Me limpei de heroína em 1978. Larguei a cocaína em 2006. Eu ainda gosto de uma birita de vez em quando – porque não vou pro céu tão cedo –, mas tirando isso, estou tentando aproveitar uma vida limpa. É uma experiência única para mim.”
Keith já havia revelado ter sossegado com bebida numa entrevista para a Rolling Stone em 2018. Ele descreveu na época suas razões:
“Era a hora de parar, assim como todas as outras coisas… não percebo diferença, a não ser de que não bebo – não estava sentindo que era algo certo, simplesmente não quis mais”.
Um corpo resistente e uma mentalidade positiva também o ajudaram nessa jornada, como falou ao The Telegraph:
“Sou abençoado, talvez, que essa coisa continua funcionando fisicamente. Até agora, não tenho problemas reais com estar envelhecendo. Existem coisas horríveis que se pode ver no futuro, mas tem que chegar lá. Estou me dando bem com a ideia de ter 80 anos e ainda estar andando e falando. Acho envelhecer um processo fascinante. Mas se não achasse, é como cometer suicídio.”
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