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Joe Bonamassa celebra 20 anos de “Blues Deluxe” superando-o com volume 2

Regravações privilegiam nomes menos conhecidos do blues; interpretações transbordam feeling, bom gosto e exuberância técnica

Pode parecer lorota, mas não é: “Blues Deluxe” (2003) segue, até hoje, como o álbum de maior sucesso de Joe Bonamassa. Para celebrar os vinte anos do disco, o guitarrista preparou um segundo volume que, assim como o original, conta com uma série de regravações e alguns números inéditos.

Só que esse é o único aspecto em comum entre “Blues Deluxe” e “Blues Deluxe Vol. 2”. Para começar, a banda de apoio mudou por completo, e atualmente conta com Calvin Turner no baixo, Lamar Carter na bateria e a maestria de Reese Wynans (ex-Stevie Ray Vaughan & Double Trouble) nos teclados.

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Mudanças também na lista de homenageados. Enquanto “Blues Deluxe” aposta no seguro — talvez por ter sido registrado por um Bonamassa emergente, ainda se libertando do status de promessa das seis cordas —, privilegiando artistas canônicos como B.B. King, Buddy Guy e Jeff Beck, “Blues Deluxe Vol. 2” examina as profundezas de modo que os nomes mais conhecidos são Albert King e Fleetwood Mac; fase Peter Green, diga-se.

Não dá para negar os benefícios de um repertório tão ignoto para as multidões. Além do caráter educativo e de pôr em evidência — ainda que póstuma — grandes músicos que entram na do muito talento e pouca mídia, Bonamassa não dá margem para comparações imediatas, o que fatalmente ocorre quando um artista regrava sons consagrados; em especial se o faz imprimindo a própria marca, acrescentando pinceladas autorais na forma de compassos a mais e muita, mas muita improvisação.

“Twenty-Four Hour Blues”, de Bobby “Blue” Blend, abre o disco como um lembrete de como Joe Bonamassa se sobressai nos blues mais emotivamente carregados, que permitem interpretações que transbordam feeling, bom gosto e uma exuberância técnica que não descamba para o exibicionismo gratuito. Ele exibe, sim, muita descontração em sua releitura de “Well, I Done Got Over It”, de Guitar Slim, e um desejo ardente de ser coroado o SRV de sua geração da quase centenária “Win-O”, de Pee Wee Crayton.

Com Josh Smith e Kirk Fletcher (ex-Fabulous Thunderbirds), Bonamassa refaz “The Truth Hurts” preservando o aspecto Mississipi da original, registrada pelo bluesman Kenny Neal. Dos supracitados Albert King e Fleetwood Mac, as escolhidas foram “You Sure Drive a Hard Bargain” — e sua pletora de metáforas sexuais — e “Lazy Poker Blues”, uma ode aos dias improdutivos e de ressaca.

“Hope You Realize It” e “Is It Safe to Go Home” — esta coescrita por Smith —, as duas inéditas de “Blues Deluxe Vol. 2”, na mesma medida em que não têm nada a ver uma com a outra, juntas, resumem quem é Bonamassa: o cara das jams stonianas, mas também um admirador da virtuose com sentimento de Gary Moore. Aliás, ele nunca soou tão Moore como no número derradeiro de seu novo disco.

É improvável, impossível até, que “Blues Deluxe Vol. 2” supere o antecessor em vendas — estamos na era do streaming, afinal de contas —, mas em qualidade, digo sem quaisquer ressalvas, superou e muito. Grande disco!

*Ouça “Blues Deluxe Vol. 2” a seguir, via Spotify.

*O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Joe Bonamassa – “Blues Deluxe Vol. 2”

01. Twenty-Four Hour Blues (Bobby “Blue” Bland)

02. It’s Hard But It’s Fair (Bobby Parker)

03. Well, I Done Got Over It (Guitar Slim)

04. I Want to Shout About It (Ronnie Earle & The Broadcasters)

05. Win-O (Pee Wee Crayton)

06. Hope You Realize It (Goodbye Again)

07. Lazy Poker Blues (Fleetwood Mac)

08. You Sure Drive A Hard Bargain (Albert King)

09. The Truth Hurts (Kenny Neal)

10. Is It Safe To Go Home

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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Só que esse é o único aspecto em comum entre “Blues Deluxe” e “Blues Deluxe Vol. 2”. Para começar, a banda de apoio mudou por completo, e atualmente conta com Calvin Turner no baixo, Lamar Carter na bateria e a maestria de Reese Wynans (ex-Stevie Ray Vaughan & Double Trouble) nos teclados.

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Mudanças também na lista de homenageados. Enquanto “Blues Deluxe” aposta no seguro — talvez por ter sido registrado por um Bonamassa emergente, ainda se libertando do status de promessa das seis cordas —, privilegiando artistas canônicos como B.B. King, Buddy Guy e Jeff Beck, “Blues Deluxe Vol. 2” examina as profundezas de modo que os nomes mais conhecidos são Albert King e Fleetwood Mac; fase Peter Green, diga-se.

Não dá para negar os benefícios de um repertório tão ignoto para as multidões. Além do caráter educativo e de pôr em evidência — ainda que póstuma — grandes músicos que entram na do muito talento e pouca mídia, Bonamassa não dá margem para comparações imediatas, o que fatalmente ocorre quando um artista regrava sons consagrados; em especial se o faz imprimindo a própria marca, acrescentando pinceladas autorais na forma de compassos a mais e muita, mas muita improvisação.

“Twenty-Four Hour Blues”, de Bobby “Blue” Blend, abre o disco como um lembrete de como Joe Bonamassa se sobressai nos blues mais emotivamente carregados, que permitem interpretações que transbordam feeling, bom gosto e uma exuberância técnica que não descamba para o exibicionismo gratuito. Ele exibe, sim, muita descontração em sua releitura de “Well, I Done Got Over It”, de Guitar Slim, e um desejo ardente de ser coroado o SRV de sua geração da quase centenária “Win-O”, de Pee Wee Crayton.

Com Josh Smith e Kirk Fletcher (ex-Fabulous Thunderbirds), Bonamassa refaz “The Truth Hurts” preservando o aspecto Mississipi da original, registrada pelo bluesman Kenny Neal. Dos supracitados Albert King e Fleetwood Mac, as escolhidas foram “You Sure Drive a Hard Bargain” — e sua pletora de metáforas sexuais — e “Lazy Poker Blues”, uma ode aos dias improdutivos e de ressaca.

“Hope You Realize It” e “Is It Safe to Go Home” — esta coescrita por Smith —, as duas inéditas de “Blues Deluxe Vol. 2”, na mesma medida em que não têm nada a ver uma com a outra, juntas, resumem quem é Bonamassa: o cara das jams stonianas, mas também um admirador da virtuose com sentimento de Gary Moore. Aliás, ele nunca soou tão Moore como no número derradeiro de seu novo disco.

É improvável, impossível até, que “Blues Deluxe Vol. 2” supere o antecessor em vendas — estamos na era do streaming, afinal de contas —, mas em qualidade, digo sem quaisquer ressalvas, superou e muito. Grande disco!

*Ouça “Blues Deluxe Vol. 2” a seguir, via Spotify.

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01. Twenty-Four Hour Blues (Bobby “Blue” Bland)

02. It’s Hard But It’s Fair (Bobby Parker)

03. Well, I Done Got Over It (Guitar Slim)

04. I Want to Shout About It (Ronnie Earle & The Broadcasters)

05. Win-O (Pee Wee Crayton)

06. Hope You Realize It (Goodbye Again)

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Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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