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As lembranças de Edu Ardanuy sobre o álbum de estreia do Dr. Sin

Trabalho que completa 30 anos em 2023 foi gravado nos EUA e lançado pela Warner após banda ter se aventurado no país com apenas uma demo

Lançado em 23 de outubro de 1993, o álbum de estreia do Dr. Sin, homônimo, apresentou ao país um trio de sonoridade peculiar. A fórmula que mesclava hard rock com virtuose não era inédita, mas Andria Busic (voz e baixo), Ivan Busic (bateria) e Edu Ardanuy (guitarra) — os dois primeiros, irmãos — elevaram a combinação a outra potência, especialmente em se tratando de Brasil.

Os envolvidos não eram exatamente novatos. Andria e Ivan já haviam feito parte de grupos como Platina e Taffo (do guitarrista Wander Taffo); o baixista também tocou com o Ultraje a Rigor. Edu, por sua vez, integrou projetos como A Chave do Sol e Anjos da Noite. Como trio, serviram como banda de apoio para Supla, tanto em seu álbum homônimo de 1991 quanto na turnê subsequente.

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O entrosamento acabou por se tornar um diferencial, já que quando decidiram apostar em um trabalho próprio, estavam afiados. Abriram shows de Ian Gillan (então fora do Deep Purple) no Brasil, em 1993, e tocaram no festival Hollywood Rock, um ano depois, mesmo antes de lançarem seu primeiro álbum. Com o disco já nas prateleiras, participaram de outros eventos como o Monsters of Rock 1994 e M2000 Summer Concerts.

“Dr. Sin”, o álbum, foi gravado nos Estados Unidos e disponibilizado pela Warner Music em nove países. Trouxe músicas como “Emotional Catastrophe”, “You Stole My Heart”, “Revolution” e “Scream & Shout”, ainda constantes nos repertórios de seus shows.

Chegando com demo, saindo com contrato

Em entrevista exclusiva, Edu Ardanuy, que hoje já não faz mais parte da banda, foi convidado a refletir sobre as lembranças que tem desse período e como esse trabalho impactou o público brasileiro. O músico, estabelecido como um guitar hero a partir daqui, destacou que especialmente a cena de seu instrumento foi bastante influenciada pelo álbum.

“É motivo de orgulho para mim. Acho que esse álbum influenciou muita gente a se interessar por guitarra. Na época que esse disco foi lançado, foi uma surpresa, pois não tinham muitas bandas de rock fazendo um hard rock no nível que o Dr. Sin estava fazendo. Gosto muito desse álbum.”

Com relação ao período de gravação, Ardanuy lembra que ele e os colegas viajaram para Nova York com seus instrumentos, uma fita demo e nada muito além disso. Saíram do país contratados pela Warner.

“Distribuímos essa fita demo nos Estados Unidos, fizemos umas gigs em barzinhos pequenininhos até que um cara da Warner foi em um desses shows. Demos a fita pessoalmente para ele – na época era fita cassete, faz tempo – e depois de alguns dias, ele entrou em contato. Resumindo: fechamos um contrato com a Warner internacional.”

Dedicação e repercussão

A partir do momento em que o contrato foi assinado, as coisas começaram a acontecer para o Dr. Sin. Como já citado, eles se apresentaram no Hollywood Rock 1993 sem sequer terem lançado o álbum. Compartilharam o palco com Nirvana, L7 e Engenheiros do Hawaii. Realizado em São Paulo e no Rio de Janeiro, o festival itinerante também teve em outros dias Red Hot Chili Peppers, Alice in Chains, DeFalla, Biquíni Cavadão, Simply Red, Maxi Priest e Midnight Blues Band.

“Logo após, voltamos pro Brasil, fizemos o Hollywood Rock, o álbum não estava nem pronto ainda. Retornamos pros Estados Unidos, gravamos o álbum inteiro em um estúdio muito bacana, o Carriage House, em Stamford, perto de Nova York. Era a realização de um sonho.”

Edu Ardanuy aproveitou a ocasião para deixar uma mensagem de incentivo a qualquer pessoa, músico ou não, que esteja atrás de uma realização:

“Éramos jovens para caramba na época. Metemos a cara e conseguimos. Essa é a mensagem: quando você realmente acredita no que está fazendo, tem que correr atrás, porque ninguém vai correr atrás por você. E foi o que fizemos. Demos a cara para bater e colhemos muitos frutos.”

Repercussão e predileção

O guitarrista reconheceu que tanto ele quanto seus colegas seguem colhendo os frutos daquele período. Não só pelo álbum de estreia, como também pelo disco seguinte, “Brutal” (1995), outro trabalho de bastante repercussão na cena rock nacional.

“A partir dali nossas carreiras mudaram de patamar, do dia para a noite. Acredito que todos nós – tanto eu, quanto o Andria e o Ivan colhemos os frutos daquela época até hoje. O mercado atual é completamente diferente, o rock passou a ser completamente underground. Na época o rock era ‘situação’; hoje é ‘oposição’, mas aí veio a internet para aliviar um pouco essas barreiras dos trabalhos independentes.”

Apesar disso, Ardanuy não se vê tão representado enquanto artista por esse álbum. Seu favorito é outro.

“Tenho muito orgulho desse disco. Não sei se hoje em dia eu gravaria um disco como esse, mas pensando na época em que foi gravado, acho um disco incrível. Tem muitos fãs do Dr. Sin que ainda acham que esse foi o melhor álbum. Prefiro o ‘Brutal’ (1995), mas com fã não se discute (risos).”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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